Banco do Brasil (BBAS3) pode pagar dividendos “no nível da Petrobras (PETR4)”, diz Tiago Reis, da Suno

Bancos desaceleraram avanço das carteiras de crédito e limitaram distribuições em 2020 e 2021. Com caixa elevado, tendência agora é de pagamentos maiores

Alexandre Rocha

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Usualmente vistos como bons pagadores de dividendos, os bancos podem retomar essa tradição em 2022. A opinião é de Tiago Reis, fundador da Suno Research, que participou do painel As novidades para quem quer ganhar com dividendos nesta quarta-feira (19), parte da programação do evento Onde Investir 2022, promovido pelo InfoMoney em parceria com a XP Investimentos. Confira aqui a programação completa.

Reis afirmou que há alguns anos as grandes instituições desaceleraram o aumento de suas carteiras de crédito e, em 2020 e 2021, limitaram o pagamento de dividendos por determinação do Banco Central, em função da pandemia. Isso fez o volume de dinheiro em caixa crescer e a tendência é de que estas empresas agora paguem proventos significativos.

“Os bancos devem voltar a fazer o que faziam em 2018 e 2019, uma distribuição massiva de dividendos”, disse Reis. A lógica vale para Itaú (ITUB3, ITUB4), Bradesco (BBDC4), Santander (SANB11) e, especialmente, Banco do Brasil (BBAS3). “Eu acho que o Banco do Brasil vai pagar muitos dividendos, no nível da Petrobras”, opinou.

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Ele espera bons proventos também da BB Seguridade (BBSE3), empresa de seguros, previdência e capitalização do Banco do Brasil. O analista afirma que a companhia tem uma “rentabilidade fenomenal, umas das maiores do mundo” entre as seguradoras.

E o setor de energia elétrica?

Das companhias de energia, tradicionais distribuidoras de dividendos, Reis avalia que devem pagar bons dividendos em 2022 a Engie (EGIE3), Energias do Brasil (ENBR3), Alupar (ALUP11), Transmissão Paulista (TRPL4) e Taesa (TAEE11).

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Ele ressalta, porém, que Alupar e Energias do Brasil devem manter pagamentos de proventos durante um longo tempo, pois acabam de encerrar um período de investimentos; ao passo que a Taesa pode estar chegando ao fim do atual clico de distribuição de ganhos aos acionistas. No entanto, na avaliação de Henrique Esteter, especialista de mercados do InfoMoney que também participou do painel, a Taesa “é referencia e deve continuar” a pagar.

Em outros segmentos, Reis espera bons pagamentos de dividendos ainda da WEG (WEGE3) e da Ambev (ABEV3).

Rendimentos dos fundos imobiliários

No segmento de fundos imobiliários, Reis avalia que os fundos que investem em recebíveis do setor – conhecidos como fundos “de papel” – devem aumentar a distribuição de dividendos, acompanhando o avanço da taxa do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

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Já dos que investem em imóveis propriamente ditos, ele espera uma “recuperação longa e gradual” se o foco for em shopping centers e outros empreendimentos comerciais, duramente atingidos pela pandemia. No caso de fundos com foco em logística, estes “tendem a pagar bons dividendos”.

Leia também: Como ter os fundos imobiliários como aliados em momento de crise

O analista ressalta que o momento é propício para compra de cotas de fundos imobiliários, pois estes produtos em geral desvalorizaram com a migração de recursos de investidores para a renda fixa, acompanhando o aumento da taxa de juros. “É uma oportunidade com certeza. São ativos que pagam dividendos maiores do que no passado a um preço menor [de compra]”, observou.

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Reforma do Imposto de Renda

Os participantes do painel comentaram ainda sobre o projeto de lei de Reforma Tributária que institui alíquota de 15% de Imposto de Renda sobre dividendos pagos por empresas, hoje isentos. O texto foi aprovado na Câmara, mas ainda precisa passar pelo Senado.

Como neste ano haverá eleições, Reis crê que o projeto não será discutido no Senado antes do pleito, isso se não ficar parado “para sempre”. “É uma pauta difícil para um ano eleitoral”, corroborou Esteter.

Mesmo que o projeto venha a ser aprovado, os profissionais não acreditam que haverá uma mudança significativa nas estratégias de investimentos pautadas por dividendos. A cobrança de imposto já ocorre em outros países. “Não acho que seja uma mudança de paradigma”, concluiu Esteter.

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Alexandre Rocha

Jornalista colaborador do InfoMoney