Mercado de capitais encolhe 15% em 2023; Anbima espera 2024 melhor, com IPOs

Balanço da Anbima destaca emissões de debêntures, que captaram 66% do volume da renda fixa após recuperação no segundo semestre

Leonardo Guimarães

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O mercado de capitais brasileiro fechou 2023 com R$ 463,7 bilhões captados, uma queda de 14,88% em relação aos R$ 544,8 milhões levantados no ano anterior. Os dados foram divulgados pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) nesta quinta-feira (18). 

A renda fixa foi, mais uma vez, o destaque do mercado, responsável por 84,9% das captações no período, com volume de R$ 394 bilhões. Em seguida, aparecem os híbridos, com captação de R$ 38,7 bilhões (8,3%). Por último, a renda variável captou R$ 31 bilhões, ou 6,6% do total. 

Isentos em alta

Dentro da renda fixa, as debêntures concentraram a maior parte do capital levantado, com volume de R$ 236,3 bilhões. Houve avanço significativo das emissões no segundo semestre, de 102,17%, na comparação com os primeiros seis meses do ano, fortemente afetados pelos pedidos de recuperação judicial de Americanas e Light. 

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“Fomos pegos de surpresa por eventos de crédito que, naturalmente, geraram reflexos no mercado de capitais, mas, com inflação e projeções de crescimento melhorando, tivemos uma combinação de fatores que deu espaço para a recuperação”, diz Guilherme Maranhão, presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais da Anbima.

No mercado secundário, o volume de negociações de debêntures saltou 61,5% na comparação com 2022. Para Maranhão, o crescimento dá conforto para a entrada de fundos, investidores estrangeiros e pessoas físicas no mercado, já que há mais segurança sobre a saída de um papel em momentos de aversão a risco com um mercado secundário mais desenvolvido. 

Ainda segundo os dados da Anbima, 74 das 373 emissões de debêntures superaram o volume de R$ 1 bilhão em 2023. O principal setor em captações é o de infraestrutura, que captou R$ 121,4 bilhões no último ano. 

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Os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) também se destacaram em 2024. Os produtos ligados ao agronegócio foram os únicos da renda fixa a apresentar aumento (2,10%) nas captações na comparação com 2022. Ao todo, foram R$ 43,1 bilhões captados no ano passado.

Já os CRIs somaram R$ 47,8 bilhões em captações em 2023, volume ligeiramente abaixo (-0,5%) do registrado em 2022, de R$ 48,1 bilhões. 

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Renda variável

O volume de captações do mercado de renda variável caiu 46% em 2023, para R$ 31 bilhões. O mercado registrou 21 follow-ons no último ano, uma operação a mais na comparação com 2022. 

Atualmente, segundo a Anbima, há um volume de R$ 410 milhões em ofertas de follow-on em andamento. Para efeito de comparação, o volume estimado para ofertas de debêntures em andamento até 12 de janeiro é de R$ 10,71 bilhões. 

Segundo Guilherme Maranhão, a Anbima acredita na retomada das ofertas primárias em 2024. “Temos todas as condições para IPOs”, diz o executivo, que cita o custo menor para empresas e o apetite por risco crescente dos investidores brasileiros como fatores que contribuem para um ano mais forte na renda variável.

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