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A turbulência no setor de criptomoedas em meio à guerra regulatória travada nos Estados Unidos não impediu um primeiro trimestre de fortes ganhos para os ativos digitais. Apesar da pressão regulatória exercida em gigantes como Binance e até a Coinbase, que tem capital aberto, o Bitcoin (BTC) encerra os primeiros três meses de 2023 com alta acima dos 70%, o maior avanço trimestral desde 2021.
A recuperação da criptomoeda, que volta a ser negociada acima dos US$ 28.000 após abrir o ano a cerca de US$ 16.500, vai na mesma direção de ativos de risco em geral. O movimento está ligado às perspectivas de maior proximidade do pico da curva de juros nos EUA, aliado a um cenário econômico global que ainda não entrou em recessão como se temia.
Para analistas da QCP Capital, o Bitcoin O BTC foi turbinado pelos problemas do sistema financeiro dos EUA. Além disso, internamente, a crise em torno da Binance parece ter sido superada rapidamente pelos investidores.
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“Os mercados rejeitaram amplamente o processo da CFTC contra a Binance e tendemos a concordar. É provável que seja o mesmo que um processo contra a Bitmex alguns anos atrás, em que um grande acordo foi alcançado para encerrar o caso”, afirmou a casa, ressaltando que o mercado vê dificuldade em precificar as diversas ações judiciais contra empresas do setor, e que apenas um veredito da justiça seja capaz de mudar a direção do movimento.
Segundo a QCP, o que importa mais no curto prazo são os dados econômicos dos EUA, que têm atenção total de investidores em busca de sinais de recessão, ambiente pelo qual o Bitcoin nunca passou em sua curta história. “O desempenho do BTC na próxima recessão dos EUA é o maior ponto de interrogação para nós”.
Edward Moya, analista sênior da formadora de mercado Oanda, aponta que os próximos passos da criptomoeda podem ser desafiadores. “O Bitcoin está enfrentando grande resistência no nível de US$ 30.000. Para que o rali continue, o Bitcoin precisa de um novo catalisador para ultrapassar esse nível”, afirmou em relatório.
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O Bitcoin é a menos volátil das criptomoedas, mas, em 2023, registrou os maiores ganhos entre as principais criptos por valor de mercado. Em segundo vem a XRP, que navega a expectativa de que sua emissora, Ripple, vença uma batalha judicial contra reguladores nos EUA; além da Cardano, que segue melhorando a tecnologia apesar do pouco uso. Ambas subiram quase 60% no ano.
Já o Ethereum (ETH) avançou 52% no período com a expectativa de uma nova atualização esperada para abril que promete ajudar a popularizar o staking, seu mecanismo nativo de renda passiva.
Confira o desempenho das principais criptomoedas no 1º tri de 2023 (até às 11h30 do dia 31 de março):
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Criptomoeda | Preço | Variação |
Bitcoin (BTC) | US$ 28.381 | +70,80% |
Ethereum (ETH) | US$ 1.830 | +52,40% |
Binance Coin (BNB) | US$ 318 | +30,60% |
XRP (XRP) | US$ 0,53 | +57,60% |
Cardano (ADA) | US$ 0,37 | +59,90% |
Maiores altas do 1º tri de 2023
A criptomoeda com melhor resultado do trimestre é a novata Conflux (CFX). Rival do Ethereum por também oferecer uma plataforma proprietária para contratos inteligentes (smart contracts), ela acumula quase 1.800% de alta no período.
O token, de origem chinesa, entrou em cena neste ano e se beneficiou do otimismo de investidores com a expectativa de que Hong Kong flexibilize o acesso às criptomoedas. O assunto ganhou força após rumores de que uma regulação mais amigável com os ativos digitais está em discussão no país. Investidores de grande porte apostam em um desfecho positivo: segundo a Bloomberg, um grupo de empresários já está montando um fundo de US$ 100 milhões para investir no setor.
Outras criptomoedas de destaque foram a SingularityNET (AGIX), com alta de mais de 800% no trimestre, e a Render (RNDR), que triplicou de valor nos últimos três meses. Ambas estão ligadas à nova onda de tokens de inteligência artificial: o primeiro é um marketplace de soluções de IA, enquanto o segundo cria um mercado de processamento computacional, muito usado por servidores que rodam modelos de IA.
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Já a Stacks (STX) passou por rali na casa dos 330% alavancada por servir de intermediária para criar NFTs na rede do Bitcoin, algo que até pouco tempo não era possível.
As criptomoedas com as maiores altas do 1º tri de 2023 (até às 11h30 do dia 31 de março):
Criptomoeda | Fechamento do mês | Variação |
Conflux (CFX) | US$ 0,41 | +1.782,60% |
SingularityNET (AGIX) | US$ 0,41 | +807,40% |
Stacks (STX) | US$ 0,91 | +332,00% |
Aptos (APT) | US$ 11,36 | +221,90% |
Render (RNDR) | US$ 1,28 | +215,80% |
Maiores quedas do 1º tri de 2023
A lista de criptomoedas com pior desempenho do trimestre é encabeçada pelo HT, token da corretora de criptomoedas Huobi, que recuou 28% no intervalo. As perdas refletiram a preocupação com a corretora após o mercado descobrir que suas reservas são compostas principalmente por ativos controlados pelo mesmo grupo – algo similar ao visto na FTX, que faliu em novembro.
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A exchange também entrou em nova crise quando o magnata cripto Justin Sun, que seria o principal nome por trás do negócio, foi processado por autoridades dos EUA por oferta irregular de valores mobiliários – entre as acusações, está a suposta manipulação de preços de uma criptomoeda para obter vantagens às custas de investidores.
Outro token que fechou o trimestre em queda é o Terra Classic (LUNC), ativo digital que chegou a ir a zero em maio do ano passado, mas sobreviveu apoiado na crença de que o projeto pudesse ser revivido em algum momento. A perspectiva, no entanto, ficou cada vez mais improvável quando o criador, o sul-coreano Do Kwon, virou foragido da justiça. Ele acabou preso na semana passada em Montenegro e aguarda possível extradição para a Coreia do Sul ou para os EUA. O token cedeu 17,30% até aqui em 2023.
As criptomoedas com as maiores baixas do 1º tri de 2023 (até às 11h30 do dia 31 de março):
Criptomoeda | Fechamento do mês | Variação |
Huobi Token (HT) | US$ 3,69 | -27,90% |
Terra Classic (LUNC) | US$ 0,000124 | -17,30% |
Trust Wallet Token (TWT) | US$ 1,20 | -15,60% |
Bitcoin SV (BSV) | US$ 35,87 | -13,30% |
Toncoin (TON) | US$ 2,10 | -8,70% |