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O atentado contra o ex-presidente americano e atual candidato à presidência Donald Trump, no último fim de semana, deve trazer maior volatilidade para os mercados no curto prazo, especialmente diante da chance de que haja um corte de juros em breve nos Estados Unidos.
“Tem muita coisa para acontecer que é desconhecida, e que tem mais chances de criar volatilidade do que não criar essa flutuação no curto prazo”, avaliou Christian Fay, gestor de renda variável do BNP Paribas EUA, em entrevista ao InfoMoney.
Segundo o executivo, agentes financeiros viram o evento como “positivo” para a campanha de Trump, que agora estaria sendo colocado como “forte, lutador e sobrevivente”.
“É mais difícil para o Biden [atual presidente americano] atacar o Trump agora. Há uma percepção de que as chances de vitória de Trump aumentaram e de que ele irá vencer as eleições. Isso é o que o mercado acredita”, destacou o gestor.
Um dos aspectos que devem ser monitorados agora, diz, é que a intensificação da corrida eleitoral nos Estados Unidos ocorre em um momento em que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) prepara-se para iniciar o corte de juros nos Estados Unidos.
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“Acreditamos que as taxas [de juros americanas] podem começar a baixar em setembro […] quando você começa a cortar, você continua cortando. Você não para. Não importa se for a cada mês, ou de outra forma”, observou Fay.
Embora defenda que o mercado tende a ver a eleição de Trump como positiva para os ativos, o profissional disse que há alguns setores que podem sofrer mais do que outros se o resultado for de fato favorável para os republicanos. Seriam os casos, por exemplo, de companhias mais ligadas à energia verde, clima e veículos elétricos.
“Há uma percepção de que ele [Trump] poderá ir contra [esses setores], ainda que ele não vá. Isso vai depender bastante se o Senado e a Câmara irão para o lado republicano também”, observa o executivo, ao pontuar possíveis efeitos de uma eventual “onda vermelha” (cor utilizada pelos republicanos) em várias esferas de poder nos Estados Unidos.
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Efeitos de eventual “onda vermelha”
Tão importante quanto a eleição para a presidência está a corrida para o Congresso. Fay explica que hoje a Câmara americana possui um viés mais republicano por uma margem pequena, enquanto o Senado possui um perfil mais democrata.
Se houver uma mudança e a margem republicana aumentar na Câmara, ao mesmo tempo que Trump for eleito, o executivo vê chance de que os investidores fiquem mais temerosos em alocar em companhias mais ligadas à energia verde, além do setor industrial.
“As ações da First Solar, por exemplo, caíram bastante hoje. É a percepção nos negócios de uma eventual eleição de Trump. É isso o que temos que olhar sobre volatilidade”, afirmou. Por volta das 15h desta segunda-feira (15), os recibos de ações da First Solar (FSLR34) negociados na B3 apresentavam queda de 9,5%.
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Apesar de acompanhar o decorrer dos acontecimentos com cautela, o executivo disse que não tenta ajustar o portfólio de olho nas eleições. Em vez disso, prefere focar mais nos fundamentos das companhias.