(Bloomberg) — São tão poucas as ações que dão suporte à alta recorde do S&P 500 que o mercado está vulnerável a choques, particularmente ao aumento de juros, avalia Mike Wilson, estrategista-chefe de renda variável do Morgan Stanley nos EUA.
Como exemplo da menor amplitude do mercado, Wilson ressaltou que, na sexta-feira passada, o ganho de 5% da Apple poderia ser responsabilizado por todo o retorno total dos índices S&P 500 e Nasdaq 100.
Durante a semana, o S&P 500 subiu 0,7% para o maior nível de todos os tempos, enquanto uma versão do índice de pesos iguais caiu 1,5%, o que sugere que a ação média não participou do avanço como as gigantes.
A assimetria do mercado não é novidade: o valor total somado da Apple e das outras quatro companhias com maior capitalização nos EUA saltou 49% neste ano, enquanto o resto do mercado recuou 4%. No entanto, Wilson vê a situação criando riscos para a escalada das bolsas, parcialmente embaladas pelos rendimentos dos títulos de renda fixa perto dos menores níveis em registro.
O recuo recente na reabertura de escolas e fatores econômicos potencialmente decepcionantes podem forçar o Congresso a introduzir um pacote de estímulos maior do que o esperado, o que poderia elevar os rendimentos da renda fixa, alerta Wilson.
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“Esperamos que um susto em termos de crescimento seja seguido por um susto em termos de juros nas próximas semanas/meses, que podem finalmente nos dar a primeira correção passível de aposta nos principais índices acionários dos EUA”, escreveu Wilson em nota enviada a clientes. “Pode começar em breve”, acrescentou.
As bolsas americanas dispararam em meio a gigantescos estímulos fiscais e monetários. O S&P 500 subiu mais de 50% desde a mínima atingida em março.
Diante do caminho incerto da recuperação econômica, investidores buscaram a segurança proporcionada pelas gigantes de tecnologia, confiando em sua resiliência devido a balanços patrimoniais robustos e produtos adequados ao distanciamento social.
Enquanto republicanos e democratas estão em impasse sobre outro pacote de estímulos, Wilson acha que o Congresso agiria rapidamente e chegaria a um acordo com valor entre US$ 2 trilhões e US$ 2,5 trilhões se a reabertura da economia não vingar.
Segundo o estrategista, isso pode contribuir para um aumento “acentuado” nos juros de longo prazo, considerando a falta de disposição do banco central (Federal Reserve) de controlar a curva de juros — cenário para o qual o mercado não está preparado.
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