As ações preferidas dos analistas para comprar em junho

Setores financeiro e de commodities dominam recomendações para o mês, que contam ainda com empresas de varejo, saúde e concessões

Mariana Zonta d'Ávila

(Shutterstock)
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SÃO PAULO – Uma reabertura econômica pós-Covid, o ciclo positivo para as commodities e nomes que possam se beneficiar do aperto monetário em curso pelo Banco Central têm guiado a maior parte da escolha de analistas na composição das carteiras recomendadas de ações para o mês de junho.

E, de olho em revisões para cima nas projeções para o desempenho da economia brasileira, somadas ainda às altas do Ibovespa, analistas seguem aproveitando para fazer trocas em suas seleções, de forma a aproveitar a potencial retomada de diferentes segmentos.

Levantamento feito pelo InfoMoney mostra a entrada, em junho, de nomes ligados aos setores financeiro, de varejo, commodities, concessões e saúde. Isso porque, por conta do empate no número de recomendações, oito novas companhias entraram para a seleção compilada deste mês: BTG Pactual, Itaú Unibanco, BR Distribuidora, CCR, Lojas Renner, Multiplan, Natura e Rede D’Or. Já a Localiza deixou o grupo neste mês.

João Daronco, analista de investimentos da Suno Research, avalia que o segmento de maior destaque hoje na Bolsa ainda é o de commodities, em meio ao aumento dos preços de minério de ferro dada a forte demanda chinesa para investimentos em infraestrutura. Além do metal, petróleo e commodities agrícolas, como celulose e soja, também devem se beneficiar e ver alta nos preços diante da reabertura global, avalia.

Já papéis do setor financeiro tendem a se beneficiar do movimento de aperto monetário, em meio a spreads mais altos cobrados nas operações de intermediação, acrescenta o analista da Suno.

No varejo, um avanço da vacinação no país seguido por uma reabertura de shoppings e estabelecimentos deve trazer uma demanda reprimida, acelerando a retomada do setor, afirma Daronco. Companhias com estratégias digitais, como e-commerce, também devem continuar se destacando e ganhando espaço no mercado, como Lojas Renner, por exemplo, dado que, segundo ele, é um movimento que veio para ficar.

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Além disso, diante da maior pressão inflacionária, o analista diz que nomes defensivos podem ser encontrados em companhias de concessões, por possuírem contratos de longo prazo, reajustados anualmente por índices de inflação como IPCA ou IGP-M.

Entre os principais riscos que os investidores devem ter no radar, Daronco cita a questão fiscal brasileira, que continua pesando e exigindo reformas, além dos ruídos relacionados ao cenário polarizado de eleições presidenciais no próximo ano, que podem mexer com a Bolsa.

No curto prazo, o investidor deve monitorar ainda a crise hídrica no Brasil, afirma, dado que a bandeira vermelha nas contas de luz contribui para preços mais altos de energia elétrica e gera mais inflação.

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A carteira compilada pelo InfoMoney é divulgada no início de cada mês e seleciona os cinco nomes mais recomendados pelas corretoras consultadas. O número de indicações pode ser maior, se houver empate, caso deste mês, em que 13 papéis foram abarcados pela seleção.

Confira a seguir as ações mais indicadas para junho, a quantidade de recomendações e o desempenho de cada papel no ano:

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Empresa Ticker Número de recomendações* Retorno em maio Retorno em 2021 Retorno em 12 meses
Vale VALE3 9 5,28% 37,17% 135,78%
B3 B3SA3 7 2,17% -12,56% 20,93%
Bradesco BBDC4 7 10,68% 4,41% 45,02%
BTG Pactual BPAC11 4 35,11% 58,70% 213,87%
BR Distribuidora BRDT3 3 14,62% 24,93% 33,18%
CCR CCRO3 3 14,45% 3,02% -4,22%
Itaú Unibanco ITUB4 3 7,54% -5,14% 31,34%
Lojas Renner LREN3 3 15,84% 7,78% 22,39%
Multiplan MULT3 3 11,42% 9,05% 26,39%
Natura NTCO3 3 5,77% -1,81% 38,65%
Rede D’Or RDOR3 3 -2,34% 3,14%
Suzano SUZB3 3 -11,56% 3,74% 60,41%
WEG WEGE3 3 -2,46% -9,38% 64,70%
Ibovespa 6,16% 6,05% 44,41%
*Indicações compiladas das carteiras de ações de Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Singulare e XP Investimentos.
OBS.: retorno até 31/05/2021.
Fonte: Economatica

Vale (VALE3)

Com nove menções para junho, dentre as 11 corretoras consultadas, os papéis da mineradora Vale são mais uma vez os preferidos dos investidores para comprar este mês. A companhia está no topo das recomendações desde maio do ano passado.

Na avaliação da Santander Corretora, a empresa está bem posicionada dentro da indústria global de minério de ferro, de forma a se beneficiar de uma demanda mais forte pela commodity, em especial devido às medidas de estímulos econômicos adotadas na China, como a priorização de obras de infraestrutura.

Já o time de análise da Ágora afirma que a ação está sendo negociada com um desconto “não merecido”, considerando a relação entre o valor da companhia e o lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização (EV/Ebitda), múltiplo costumeiramente utilizado por analistas de mercado para avaliar o preço com que negocia o papel na Bolsa.

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“No curto e médio prazos, a empresa deve se beneficiar do aumento da produção de minério de ferro, que continua surpreendendo positivamente. Vemos as baixas taxas de juros, a expansão fiscal e um dólar mais fraco apoiando um novo ciclo de investimentos globais fortes, com a produção industrial chinesa permanecendo forte”, escrevem os analistas da Ágora, em relatório.

B3 (B3SA3)

Para este mês, a Bolsa brasileira B3 recebeu sete menções, uma delas da XP, que se diz otimista com a retomada do mercado de capitais e com o fluxo para ativos de risco em meio ao ambiente de juros em patamares baixos.

O papel B3SA é ainda novidade na carteira da Singulare para junho, que justifica a compra pela expectativa de que a companhia continuará entregando resultados sólidos nos próximos trimestres, como resultado da continuidade do aumento das operações de mercado de capitais por parte das principais empresas do país.

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Os valuations atrativos também justificam a recomendação, escrevem os analistas da Singulare em relatório. No mês passado, o número de investidores na Bolsa cresceu 3,5% na comparação mensal e 54,2% na base anual, somando 3,7 milhões de contas cadastradas.

Bradesco (BBDC4)

Também do setor financeiro, Bradesco está entre as ações mais recomendadas pelos analistas para o mês de junho com sete menções.

Na avaliação da equipe de análise da Santander Corretora, o Bradesco é hoje o principal nome dentro do setor bancário. Isso porque, além de entregar a “melhor execução potencial” em despesas com vendas e custos administrativos, a instituição financeira deve ser a maior pagadora de dividendos em 2021 em relação aos pares, segundo os analistas.

O time do BB Investimentos, por sua vez, escreve que o Bradesco se destaca como um nome resiliente no setor bancário por possuir um intenso controle de custos, pela capacidade de manutenção da rentabilidade por conta do crescente portfólio de crédito, bem como pelo desenvolvimento de diversas parcerias com plataformas digitais.

“Acreditamos que o patamar confortável de provisões aliado à percepção de uma inadimplência futura menor do que anteriormente antecipada traz tranquilidade para o Bradesco buscar mais rentabilidade ao seu crescente portfólio, tendo como vento a favor o ambiente de normalização dos juros”, escrevem os analistas do BB.

BTG Pactual (BPAC11)

Com quatro recomendações, as ações do BTG Pactual voltaram a compor a seleçãopara o mês, após ficarem dois meses de fora da lista compilada. Em maio, os papéis tiveram alta de 35,11% na Bolsa.

Os analistas da Órama escrevem que a instituição financeira deve se beneficiar do movimento de aperto monetário em curso, uma vez que resulta em maiores spreads cobrados nas operações de intermediação e gera uma “ampla gama de possibilidades de estruturação e prestação de serviços”.

Já o time da Guide Investimentos chama atenção para os bons resultados do banco nos últimos balanços trimestrais, em especial do segmento corporate, mesmo em um cenário de impactos econômicos da Covid-19.

Aliado a isto, a expansão para o segmento digital deve continuar a gerar maior alavancagem operacional, com a expansão do portfólio de produtos, atingindo setores ainda pouco explorados, escreve a Guide.

Os analistas chamam atenção ainda para o pipeline de aquisições do banco em diferentes setores, como a participação da Caixa no Banco Pan, a fatia da Oi na InfraCo, a Kawa Capital, entre outros negócios. “Isso nos faz acreditar que o crescimento inorgânico pode ser uma frente interessante de desenvolvimento nos próximos períodos”, defendem.

BR Distribuidora (BRDT3)

Com três recomendações, a BR Distribuidora está, pela primeira vez, entre as preferidas dos analistas para comprar no mês.

A justificativa para a inclusão no portfólio, segundo o BTG Pactual, é a combinação de crescimento de alta qualidade, valuation atrativo e potenciais de alta em relação às estimativas iniciais.

Segundo os analistas do banco, a companhia possui hoje uma base de custos alinhada – ou até melhor do que a de seus pares –, e ainda com um aprimoramento da execução comercial.

“Vemos a BRDT sendo negociada a valuations que acreditamos mais do que acomodar os novos riscos do negócio de distribuição de combustível”, escrevem os analistas, em relatório.

Ainda segundo o time de análise do BTG Pactual, os papéis da companhia podem funcionar como uma boa tese de reabertura à medida que as restrições de mobilidade social diminuam e as estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro sejam revisadas positivamente.

CCR (CCRO3)

Também com três recomendações, a empresa de concessão de infraestrutura, transportes e serviços CCR é outra novidade na seleção deste mês.

Segundo o BTG Pactual, a companhia tem um forte apetite para leilões de concessões que considera estratégicos para o seu portfólio, como o da rodovia Nova Dutra, e os aeroportos de Congonhas e Santos Dumont.

A avaliação é de que a empresa continue a se beneficiar das perspectivas de crescimento do setor no longo prazo, dado o déficit que o Brasil ainda possui na área de infraestrutura.

Os analistas chamam atenção ainda para a conquista pela CCR dos blocos Central (aeroportos de Goiânia/GO, Palmas/TO, Teresina/PI, Petrolina/PE, São Luís/MA e Imperatriz/MA) e Sul (aeroportos de Curitiba/PR, Foz do Iguaçu/PR, Londrina/PR, Bacacheri/PR, Navegantes/SC, Joinville/SC, Pelotas/RS, Uruguaiana/RS e Bagé/RS), da sexta rodada de concessão de aeroportos. Bem como das linhas 8 e 9 da Companhia Paulista de Trens Públicos (CPTM), que o BTG Pactual vê como ativos estratégicos para o crescimento do negócio nos próximos anos.

Itaú Unibanco (ITUB4)

Longe da carteira compilada pelo InfoMoney desde fevereiro, Itaú Unibanco volta a ocupar lugar na lista de companhias preferidas dos analistas este mês com três menções.

Segundo a Ativa Investimentos, o setor bancário está descontado no momento e as ações do Itaú são uma das alternativas mais interessantes de investimento do segmento. Isso porque o banco se posiciona como a segunda maior carteira de crédito do país, em meio à maior margem financeira e maior retorno sobre o patrimônio (ROE) entre seus pares.

A avaliação é de que o banco tem realizado provisões que, combinadas com bons indicadores de qualidade de crédito, dão margem para que, em uma melhora do cenário macroeconômico, tais obrigações sejam reclassificadas como lucro no futuro, escrevem os analistas da Ativa.

Lojas Renner (LREN3)

Também novidade na seleção compilada pelo InfoMoney, a varejista Lojas Renner recebeu três menções para este mês. O papel estava fora da seleção deste junho do ano passado.

Segundo o BTG Pactual, que incluiu os papéis em sua carteira recomendada deste mês, a varejista evoluiu sua proposta multicanal nos últimos meses, que deve ser reforçada por maiores investimentos na plataforma digital em 2021 e 2022.

Além disso, na avaliação dos analistas, a Renner está bem posicionada para ganhar participação de mercado nos próximos anos no segmento de vestuário brasileiro, dada sua estrutura “de ponta” na cadeia de suprimentos; execução premium; e iniciativas omnichannel, que sustentam a visão positiva de longo prazo dos analistas sobre a empresa.

Multiplan (MULT3)

Com o mercado financeiro de olho em uma reabertura da economia pós-pandemia, os papéis da operadora de shopping centers Multiplan recebeu três menções para junho. A companhia possui shoppings nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Alagoas, Paraná e Distrito Federal.

De acordo com a XP Investimentos, que incluiu a companhia em sua seleção recomendada de junho, a companhia é a preferida do setor para se aproveitar do movimento de afrouxamento das medidas de isolamento social, uma vez que combina um portfólio de shopping premium e dominantes, que devem se recuperar mais rapidamente.

Além disso, os analistas da XP chamam atenção para o valuation atrativo dos papéis, que justificam o investimento.

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Segundo a Santander Corretora, a normalização do comércio e o fim dos fechamentos forçados são os principais catalisadores para as ações, e a Multiplan se beneficia por ser um ator com mais experiência e menor risco no mercado de shoppings.

A transformação digital da companhia, com aplicativo, programa de fidelidade e iniciativas de investimento em start-ups também é vista como positiva pelos analistas da corretora.

Natura (NTCO3)

Mais uma novidade entre as companhias preferidas, Natura ocupa o ranking pela primeira vez, com três menções, uma delas do BB Investimentos.

Segundo a instituição financeira, que incluiu os papéis NTCO3 este mês, a recomendação deve-se à resiliência do negócio, bem como em função da boa capacidade da empresa de execução de seu planejamento estratégico.

O time de análise do BB aponta ainda ver boas perspectivas para o setor de varejo em junho, com expectativa de crescimento de 30% das vendas no Dia dos Namorados, o que deve favorecer o desempenho da Natura no período.

Rede D’Or (RDOR3)

De fora do levantamento desde março, a rede de hospitais Rede D’Or volta a compor a lista das companhias preferidas na Bolsa com três menções.

Segundo os analistas do BB Investimentos, o modelo de negócios da companhia combina crescimento, rentabilidade e escala, o que justifica a recomendação. Além disso, o amplo mercado endereçável permite que a companhia continue crescendo e liderando a consolidação do setor, escreve o time de análise, em relatório.

Os analistas destacam ainda a parceria comercial da Rede D’Or com a Amil, que possui cerca de três milhões de beneficiários de planos de saúde, com o credenciamento de 20 hospitais e um centro oncológico da companhia. Segundo o BB, além de diluir suas receitas em mais operadoras, o relacionamento entre as empresas é positivo também por ampliar o mercado do grupo.

Suzano (SUZB3)

Figurinha repetida na carteira compilada pelo InfoMoney desde março, a empresa de papel e celulose Suzano também recebeu três menções para este mês, após recuar 11,56% na Bolsa em maio.

Os analistas da Ágora avaliam que o cenário para o setor segue positivo este ano, com uma melhora do mercado de celulose suportada pela recuperação da demanda, preços mais altos do papel e oferta mais fraca do que o esperado.

“Vemos um balanço de oferta versus demanda positivo em 2021 e esperamos mais aumentos nos preços ao longo do ano”, escreve a corretora.

Os preços mais elevados na venda da celulose devem ser suportados, segundo o time de análise da Ágora, pela velocidade dos aumentos de preço na China; pelo fato de a Suzano não ter mais estoques relevantes na China, bem como pela defasagem dos preços líquidos na Europa e na América do Norte em relação ao gigante asiático.

WEG (WEGE3)

Por fim, a empresa especializada na fabricação e comercialização de motores elétricos, transformadores, geradores e tintas WEG, também recebeu três recomendações para junho.

A Ágora destaca que a companhia possui um amplo portfólio de atuação e que vem apresentando forte geração de receita, com a maioria de seus segmentos apresentando crescimento tanto internamente, quanto externamente, uma vez que cerca de 60% da receita é em dólar.

Os analistas avaliam que os segmentos de geração, transmissão e distribuição de energia devem representar uma oportunidade para a WEG, principalmente em meio a novos investimentos em novas fontes renováveis.

“Vemos a empresa bem posicionada para o longo prazo, com um portfólio competitivo de produtos para energia renovável, motores elétricos para caminhões, armazenamento de energia e soluções da indústria 4.0”, escreve a Ágora, em relatório.

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