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SÃO PAULO – O ambiente de alta liquidez ao redor do mundo, somado a uma reabertura econômica pós-Covid, com destaque para a retomada da China, deve continuar a beneficiar as empresas de commodities negociadas em Bolsa e fazem do setor um dos preferidos dos analistas para investir em fevereiro.
Levantamento feito pelo InfoMoney com 11 casas de análise mostra que, além das blue chips Vale e Petrobras, já presentes na seleção de janeiro, as principais recomendações para este mês incluem os papéis da Suzano, que não apareciam entre os destaques do portfólio compilado desde junho de 2019.
A avaliação é de que a demanda por commodities fique aquecida nos próximos meses, sustentada por estímulos adicionais nos Estados Unidos e um crescimento global após a derrocada de 2020.
“A China está retomando seu crescimento e reaquecendo a economia, via investimentos em infraestrutura e indústria, o que puxa os preços do minério de ferro e do aço”, avalia Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da casa de análise Levante, que diz estar posicionado no segmento, seja em metais como em petróleo.
Outro tema de destaque na carteira compilada para fevereiro é o financeiro, com as recomendações de Itaú Unibanco, B3 e Banco do Brasil somando-se às de Bradesco, que entrou no portfólio após receber cinco indicações.
“Os bancos ficaram travados no ano passado, só podiam distribuir até 25% dos lucros, de forma a aumentar a carteira de crédito em meio à pandemia, e agora voltaram a distribuir dividendos. As provisões feitas em excesso também podem se reverter em proventos em algum momento”, aponta Bevilacqua.
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Além da temporada de balanços corporativos referentes ao quarto trimestre de 2020, o estrategista afirma que os investidores devem continuar a monitorar ao longo do mês o noticiário sobre o endividamento brasileiro e sobre o avanço da vacinação contra o coronavírus, bem como um aumento dos juros básicos no país.
A carteira compilada pelo InfoMoney é divulgada no início de cada mês e seleciona os cinco nomes mais recomendados pelas casas de análise consultadas. O número de indicações pode ser maior, se houver empate, caso do portfólio atual.
Confira a seguir as ações mais indicadas para fevereiro, a quantidade de recomendações e o desempenho de cada papel no ano:
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Empresa | Ticker | Número de recomendações* | Retorno em 2021 |
Vale | VALE3 | 10 | +0,57% |
B3 | B3SA3 | 5 | -2,64% |
Bradesco | BBDC4 | 5 | -8,78% |
Itaú Unibanco | ITUB4 | 5 | -10,21% |
Banco do Brasil | BBAS3 | 4 | -12,73% |
Petrobras | PETR4 | 4 | -5,82% |
Suzano | SUZB3 | 4 | +6,00% |
Ibovespa | – | – | -3,32% |
*Indicações compiladas das carteiras de ações de Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Necton, Santander Corretora, Singulare e XP Investimentos.
Fonte: Economatica
Vale (VALE3)
Com dez recomendações para fevereiro, as ações da Vale, que ficaram praticamente estáveis em janeiro, são as preferidas dos analistas para investir este mês.
Com uma visão positiva para os preços do minério de ferro nos próximos anos, diante da forte demanda chinesa, o BTG Pactual diz ver um potencial de valorização para as ações e espera um dividend yield de 12% este ano.
Já a XP espera um retorno anualizado de dividendos de 8,5% para 2021, e conta com o anúncio de vendas mais fortes no quarto trimestre, o que deve favorecer naturalmente os resultados, que serão divulgados em 25 de fevereiro.
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Na avaliação da Singulare, que incluiu os papéis da mineradora na seleção recomendada para este mês, as ações estão descontadas, com um valuation atrativo que não condiz com a força da administração da companhia.
A corretora vê a Vale comprometida com uma agenda voltada a melhores práticas socioambientais e de governança (ESG), fazendo com que a mineradora recupere sua credibilidade após a tragédia de Brumadinho e se tornando mais “amigável” aos acionistas.
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No radar da companhia está um processo em que o governo de Minas Gerais e outras autoridades pedem reparações à Vale pelo desastre de Brumadinho, que deverá voltar a tramitar na primeira instância do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) a partir do início deste mês. Caberá ao juiz Elton Pupo Nogueira sentenciar os termos da reparação. Em janeiro, a Vale e o governo mineiro não chegaram a um acordo global.
B3 (B3SA3)
Diante de perspectivas positivas para o mercado de renda variável em meio aos juros baixos, a Elite Investimentos manteve sua recomendação de compra para os papéis da B3, que contaram com um total de cinco indicações para fevereiro.
A chegada de 1,5 milhão de novos investidores em 2020 na Bolsa e o crescimento do acesso a produtos como os Brazilian Depositary Receipts (BDRs), além de um número crescente de IPOs (oferta pública inicial, na sigla em inglês), também sustentam a recomendação.
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A opinião é compartilhada pela XP Investimentos, que se diz otimista com o desempenho do mercado de capitais, diante do aumento do volume financeiro médio diário (ADVT), de 54,5% em 2020, além da forte expansão da base de investidores, com um número acima dos 3 milhões em dezembro.
A Bolsa brasileira divulga dos resultados do último trimestre e de 2020 no dia 4 de março.
Bradesco (BBDC4)
De volta à seleção compilada pelo InfoMoney após um mês fora, os papéis do Bradesco foram recomendados pela XP.
Segundo os analistas da casa, a indicação se deve à assimetria de preço em relação aos demais bancos, bem como a uma fonte de receitas diversificada e defensível. O time de análise destaca ainda o grande potencial de ganho de eficiência com a redução de sua operação física e com a digitalização do banco.
Já a Santander Corretora afirma que o banco é o preferido dentro do setor diante da melhor execução potencial em despesas com vendas, por ser o maior pagador de dividendos entre os pares e por apresentar um alto retorno potencial e de valor em provisões excedentes.
Apesar das preferências, no último mês, as ações do banco recuaram 8,8%, seguindo o movimento negativo de 2020, quando apresentaram queda de 15,2%.
Os resultados do banco referentes ao quarto trimestre de 2020 serão divulgados nesta quarta-feira (3), após o fechamento do mercado.
Itaú Unibanco (ITUB4)
Também do setor bancário, o Itaú Unibanco recebeu cinco recomendações de compra para este mês, uma delas da Ativa Investimentos.
Para o time de análise, o banco é o preferido dentro do setor em que atua, principalmente por conta do lado operacional. “Vemos o Itaú, dono da segunda maior carteira de crédito do país, como uma das alternativas mais interessantes de investimento do setor, diante da maior margem financeira e do maior retorno sobre o patrimônio pré-Covid entre seus pares”, diz a corretora, em relatório.
O BTG Pactual, por sua vez, afirma gostar da exposição ao setor bancário diante da expectativa de alta da Selic e afirma que o spin-off da participação na XP pode trazer momentum para a ação do Itaú.
A Ágora Investimentos vê uma recuperação dos ganhos do banco no primeiro trimestre de 2021, com a margem de intermediação financeira se recuperando gradualmente ao longo do ano.
No quarto trimestre de 2020, o Itaú registrou lucro recorrente de R$ 5,4 bilhões, um avanço de 7,1% ante o terceiro trimestre, mas 26,1% abaixo do apresentado um ano antes.
Já no acumulado do último ano, o maior banco privado do país viu seu lucro cair 34,6%, atingindo R$ 18,5 bilhões, contra R$ 28,4 bilhões em 2019. O Itaú divulgou seus resultados na noite desta segunda-feira(1).
Banco do Brasil (BBAS3)
Com quatro recomendações, os papéis do Banco do Brasil foram mantidos na carteira da Elite Investimentos diante da visão de múltiplos atraentes em relação aos pares e do retorno do pagamento de dividendos.
Em 2020, em meio à pandemia de coronavírus, o Conselho Monetário Nacional (CMN) limitou, de abril a dezembro, a distribuição dos resultados dos bancos, em forma de dividendos, de forma a fortalecer o caixa das instituições financeiras, manter o fluxo de crédito na economia e assegurar estabilidade ao sistema financeiro.
Agora, contudo, os bancos já estão autorizados a distribuir resultados, inclusive sob a forma de antecipação, até o correspondente a 30% do lucro líquido do banco ou até o montante equivalente ao dividendo mínimo obrigatório no estatuto ou contrato social (o que for maior).
Na carteira da Singulare, os papéis do BB também compõem a seleção. Segundo os analistas, além do valuation descontado, o banco ocupa uma posição de destaque em seu segmento de atuação, com mais de 40% de sua carteira de crédito concentrada nos segmentos de agronegócio e consignado – o que, segundo a corretora, deve permitir ao BB continuar entregando um bom resultado no decorrer dos próximos exercícios.
Os investidores devem conhecer os resultados da instituições financeiras referentes ao quarto trimestre no dia 12 de fevereiro.
Petrobras (PETR4)
Figurinha repetida na carteira compilada pelo InfoMoney, os papéis preferenciais da Petrobras receberam quatro recomendações para fevereiro.
A avaliação da Guide é de que a continuidade da venda de ativos onshore (em terra, em tradução livre) e o avanço do projeto de desinvestimento das refinarias são motores que devem beneficiar a companhia no curto prazo.
Os analistas destacam, contudo, que as ações da estatal devem continuar sujeitas à volatilidade, acompanhando o cenário de reabertura comercial, além da expectativa pelas vacinas, “o que já tem desencadeado uma recuperação mais relevante do petróleo”.
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Já a equipe do BTG Pactual escreve, em relatório, que a visão positiva para a posição continua refletindo sua resiliência de longo prazo, mesmo sob um “novo normal” para os preços do petróleo, sustentado por ativos de exploração e produção de primeira linha.
“Vemos a Petrobras como a história de valor mais assimétrica dentro do universo de empresas que cobrimos”, diz o banco, em relatório.
Em dezembro, a Petrobras perdeu o patamar dos dois milhões de barris de petróleo, registrando 1,980 milhão de barris diários – queda de 14,6% em relação à produção de janeiro de 2020.
De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), somada ao gás natural, a produção da estatal ficou em 2,545 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d) em dezembro, queda de 14% frente a janeiro, e deixando para trás o recorde de 3,3 milhões de boe/d registrado em dezembro de 2019.
A petroleira divulga o balanço do quarto trimestre de 2020 no dia 24 de fevereiro.
Suzano (SUZB3)
Também novidade na seleção compilada pelo InfoMoney, Suzano recebeu quatro recomendações para este mês.
A justificativa, segundo a Necton, recai sobre a perspectiva de recuperação dos preços da celulose de fibra curta e longa em 2021, em meio à maior demanda chinesa; a receita em dólar; a perspectiva de desalavancagem do balanço em 2021; e a redução do custo de caixa.
Os analistas da corretora destacam ainda a resiliência histórica do setor de papel e celulose, bem como as melhorias implementadas pela companhia em 2020, com a redução do custo de produção e o maior esforço de vendas com a liquidação dos estoques de celulose.
Já o time do BTG Pactual assinala manter a posição dado o ambiente favorável de preços de commodities para os próximos meses.
“Esperamos que os preços continuem subindo em 2021, uma vez que a demanda deve começar a melhorar ciclicamente (mercado resiliente de papel sanitário e de escrever/imprimir), sem adição de capacidade relevante até o final do ano”, escreve o time de análise, em relatório.
Após dispararem 47,5% na Bolsa em 2020, os papéis SUZB3 encerraram janeiro com ganhos de 6%, ante queda de 3,3% do Ibovespa. A companhia divulga os resultados referentes ao quarto trimestre no dia 10 de fevereiro, após o fechamento do mercado.
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