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Não durou muito o otimismo do mercado. Após alta de 3,4% em janeiro, o Ibovespa apresentou forte volatilidade nas semanas seguintes e fechou fevereiro em queda de 7,5%, aos 104.932 pontos.
Com as atenções divididas entre as sinalizações do novo governo e a safra de balanços de 2022, os analistas fizeram mudanças pontuais nas carteiras de ações recomendadas para março.
As duas primeiras posições no ranking não sofreram alteração: (VALE3) e Itaú Unibanco (ITUB4) seguem com nove e sete indicações cada, respectivamente.
Daí para a frente, com muitos empates entre os papéis preferidos pelas corretoras, a dança das cadeiras entre as empresas fez com que Arezzo (ARZZ3) passasse a dividir com o Assaí (ASAI3) o terceiro lugar geral, ambas com cinco apontamentos.
A Prio (PRIO3) perdeu uma recomendação em relação a fevereiro, mas segue entre os destaques, assim como a Totvs (TOTS3). As duas estão no bloco de ações com quatro escolhas por parte dos especialistas, grupo no qual figuram neste mês duas novidades: Banco do Brasil (BBAS3) e Multiplan (MULT3).
Eletrobras (ELET3), substituída em dois portfólios, e Petrobras (PETR4), por uma corretora, deixaram neste mês o rol das mais citadas.
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De forma mais ampla, o BTG Pactual avalia que a forte queda das ações brasileiras em fevereiro decorre das expectativas de taxas de juros mais altas nos Estados Unidos, incertezas sobre a situação fiscal do Brasil e preocupações quanto à “autonomia de fato” do Banco Central.
O banco comenta que, apesar de as ações locais serem negociadas com preços e múltiplos atraentes, é difícil encontrar compradores. “Os fundos de ações locais ainda estão recebendo resgates, os fundos macro/multimercados aumentaram compreensivelmente sua exposição a instrumentos de renda fixa e os investidores estrangeiros agora estão sendo atraídos por taxas mais altas nos EUA e perspectivas de um dólar mais forte”, diz a instituição.
Na visão do BTG, o ambiente doméstico e internacional deve manter o Ibovespa dentro da faixa atual de negociação, entre 100 mil e 120 mil pontos, por algum tempo. “O índice é muito barato para cair bem abaixo de 100 mil pontos, mas também não vemos nenhum gatilho de curto prazo capaz de produzir um rali sustentável.”
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Todos os meses, o InfoMoney analisa as carteiras recomendadas por dez corretoras, apontando as cinco companhias mais citadas pelos analistas. O número de ações em destaque no levantamento pode ser maior, caso haja empate – como ocorreu pelo segundo mês consecutivo.
Veja a seguir as oito ações mais indicadas para março, a quantidade de recomendações e os desempenhos de cada papel em fevereiro, no acumulado de 2023 e em 12 meses:
Empresa | Ticker | Nº de recomendações | Retorno em fevereiro (%) | Retorno em 2023 (%) | Retorno em 12 meses (%) |
Vale | VALE3 | 9 | -9,72 | -4,01 | 1,33 |
Itaú Unibanco | ITUB4 | 7 | 0,46 | 1,86 | 3,83 |
Arezzo | ARZZ3 | 5 | -14,84 | -4,66 | -5,89 |
Assaí | ASAI3 | 5 | -7,68 | -6,83 | 36,12 |
Banco do Brasil | BBAS3 | 4 | 0,99 | 18,36 | 30,83 |
Multiplan | MULT3 | 4 | 5,80 | 14,93 | 17,62 |
Prio | PRIO3 | 4 | -19,95 | -9,43 | 30,52 |
Totvs | TOTS3 | 4 | -9,25 | -0,44 | -16,49 |
Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Terra Investimentos, XP Investimentos e Economatica.
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Confira agora os destaques de cada uma das empresas selecionadas para o mês, segundo relatórios divulgados pelas corretoras.
Vale (VALE3)
Apesar das turbulências recentes, que motivaram uma queda de quase 10% somente em fevereiro, a mineradora segue quase uma unanimidade. Das dez corretoras pesquisadas pelo InfoMoney, nove têm Vale no portfólio indicado para março.
Entre as instituições que seguem apostando na companhia está a BB Investimentos. Para os analistas da casa, apesar de ter encerrado 2022 com volumes de produção abaixo das estimativas e da revisão para baixo do guidance de produção para os próximos anos, a companhia apresentou um resultado “robusto” no quarto trimestre.
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Além disso, a Vale trouxe perspectivas favoráveis para o cenário de custos, o que poderá contribuir para a entrega de bons números operacionais à frente, afirma a corretora.
“A ação ainda poderá ser beneficiada pela aceleração do ritmo da economia na China, o que deverá se refletir na manutenção de preços do minério de ferro.”
A BB Investimentos comenta também que, apesar dos muitos projetos em andamento, a empresa mantém como uma de suas prioridades a estratégia de retorno de caixa aos acionistas, por meio de sua política de dividendos e programas de recompra de ações.
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“Com a alta recente dos preços, esperamos que os resultados da Vale sejam melhores no 1T23 [primeiro trimestre deste ano]”, completa a Guide.
A corretora observa que as vendas de níquel da companhia ficaram praticamente estáveis em 2022, enquanto as vendas de cobre diminuíram. “Conforme divulgado anteriormente pela Vale, a expectativa da empresa é de leve aumento na produção destes dois minérios em 2023, o que, junto com preços melhores, devem contribuir positivamente para os resultados em 2023.”
Itaú Unibanco (ITUB4)
O Itaú manteve as recomendações recebidas no mês passado – sete, no total – e permanece na vice-liderança do acompanhamento.
No quarto trimestre de 2022, o banco continuou se beneficiando de fortes resultados financeiros com clientes, enquanto as provisões foram significativamente impactadas pelo provisionamento para um “caso específico”, destaca a Ágora, em relatório.
A corretora não detalha o assunto, mas a decisão diz respeito a valores ligados à Americanas, que pediu recuperação judicial no fim de janeiro. O Itaú optou por cobrir 100% do risco ligado à varejista, o que foi visto como “positivo” pela Ágora, pois evita impactos em 2023.
Na apresentação do balanço de 2022, o Itaú divulgou também projeções para este ano.
“Estimamos que o ponto médio do guidance do banco implique em um lucro um pouco acima de nossa estimativa para 2023, embora esteja amplamente em linha com a estimativa de consenso, com destaque para o custo implícito do risco entre 3,9% e 4,3%, contra 3,6% em média observado ao longo de 2022, indicando um ano mais desafiador pela frente”, comenta a corretora.
Os analistas da casa reforçam ainda que Itaú tem sido uma das preferências do investidor estrangeiro no setor bancário brasileiro, o que favorece o fluxo para o ativo.
Arezzo (ARZZ3)
Com uma estreia em março, a companhia não apenas se manteve no rol das mais indicadas como divide agora, com o Assaí, a terceira colocação no ranking geral. Ambas totalizam cinco apontamentos no mês.
A Ativa explica que incluiu Arezzo no portfólio por entender que a empresa se mostra muito resiliente em diversos cenários da economia, além de atingir um público com maior poder aquisitivo, para o qual, segundo a corretora, os efeitos da inflação são menos perceptíveis.
De acordo com a instituição, isso traz solidez para os resultados operacionais, mesmo em uma conjuntura desfavorável para o varejo. “Também destacamos a baixa alavancagem da companhia, ponto importante em um momento de juros elevados e incertezas para o futuro.”
Assaí (ASAI3)
A empresa sustentou as cinco recomendações recebidas em fevereiro. Em sua avaliação mensal, a Santander Corretora lembra que o grupo é o maior varejista de alimentos do Brasil e o único player puro de atacarejo listado na B3.
A instituição considerou bons os resultados de 2022, sobretudo o aumento de 38% na receita do quarto trimestre, no comparativo anual, impulsionado pelas conversões de lojas Extra Hiper e por um avanço de 10,5% nas vendas “mesmas lojas” (unidades existentes há pelo menos um ano).
Recentemente, os analistas do Santander elevaram de R$ 24 para R$ 25 o preço-alvo estimado para os papéis do Assaí em 2023.
“A empresa possui forte geração de caixa, sendo um destaque de crescimento no setor”, completa a Guide. “Possui estratégia e execução bem definidas para a expansão da companhia e management com vasta experiência no setor de varejo alimentar.”
Banco do Brasil (BBAS3)
A instituição financeira, uma das novidades entre os destaques de março, abre o bloco de papéis empatados com quatro recomendações. “Em 2022, o Banco do Brasil fechou o gap de rentabilidade com os pares privados. Acreditamos que o próximo passo é estreitar o gap de valuation”, diz relatório do Santander.
Na opinião do Santander, o banco público deve apresentar um lucro líquido de R$ 35,6 bilhões neste ano, o que representaria um aumento de 10%, em base anual, e um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 21%, “acima dos pares do setor”.
Para ilustrar a evolução do BB, a corretora lembra que, em 2016, o ROE estava no patamar de 7,5% e, no último trimestre do ano passado, atingiu 22,7%.
“Dessa forma, por muito que compreendamos o risco político por ser uma companhia estatal, acreditamos que ainda existe um risco assimétrico em seu valuation, que ficou ainda mais visível após a publicação do guidance para 2023.”
Com isso, o Santander vê espaço para revisões para cima no lucro esperado por parte dos analistas de mercado, o que, em tese, deve beneficiar o preço das ações do BB.
Multiplan (MULT3)
Outra novidade do mês é a Multiplan, também com um total de quatro indicações.
A companhia está entre os papéis incluídos pelo BTG Pactual para março. Segundo o banco, a escolha se deu em razão do portfólio premium de shopping centers da empresa, marcado por ativos “dominantes” e voltados para consumidores de alta renda – segmento que tem apresentado desempenho “extremamente bom”.
Como exemplo, a instituição cita a performance de vendas frente aos níveis de 2019, acelerando para uma alta de 28,6% em janeiro deste ano versus 22,1% no quarto trimestre de 2022, ao passo que a receita de aluguel avançou 45,8% no último trimestre do ano passado em relação a igual período de 2019.
“Apesar do cenário macro difícil, acreditamos que os shoppings da Multiplan devem sustentar resultados sólidos”, diz o BTG. “Os resultados do 4T [quarto trimestre de 2022] foram fortes e a empresa disse que essa força se manteve em janeiro e início de fevereiro, o que pode levar os analistas a aumentarem suas estimativas.”
Prio (PRIO3)
A empresa foi substituída nas revisões feitas pelo BTG e XP Investimentos, mas, com o ingresso na carteira da Ágora – no lugar de Petrobras –, se manteve entre as mais indicadas para março, com quatro escolhas.
Em sua análise, a Ágora lembra que o modelo de negócios da companhia está baseado na aquisição de ativos maduros para gerar valor por meio de movimentos estratégicos.
Atualmente, dizem os analistas da corretora, as atenções estão voltadas para o bloco exploratório de Wahoo, cujo plano de desenvolvimento ainda precisa ser aprovado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A Prio agendou para esta quarta-feira (1), após o fechamento do mercado, a divulgação do seu balanço financeiro do quarto trimestre de 2022.
“Em relação aos resultados, para o 4T22, devemos ver uma redução sequencial significativa no Ebitda, causada por uma queda nos preços do petróleo, bem como pelas vendas mais baixas, que caíram 40% no trimestre”, afirma Ágora.
Apesar disso, considerando a recente desvalorização do petróleo e das ações, a instituição entende que é um bom momento para comprar os ativos, de forma a ter exposição ao setor de petróleo, “cuja visão de longo prazo é positiva”.
Totvs (TOTS3)
A relação de destaques do mês chega ao fim com a Totvs, que permanece com quatro indicações.
Em relatório, a Guide lembra que o propósito da empresa é “simplificar o mundo dos negócios”, desenvolvendo, comercializando e implementando ferramentas e plataformas tecnológicas com soluções especializadas para o core business de seus clientes.
A Ágora, que também reitera a recomendação da companhia, reforça a visão de que o papel representa uma das alternativas mais seguras, dentro do setor de tecnologia, para se enfrentar o ambiente atual de maior turbulência.
Segundo a corretora, trata-se de uma companhia com potencial para se beneficiar de “surpresas positivas” em eventual melhora significativa do cenário macro.
Em seus cálculos, a instituição vê as ações da Totvs negociando a um múltiplo de P/L (preço/lucro) de aproximadamente 22 vezes para 2023, o que considera “razoável”, considerando a previsão de crescimento de cerca de 20% do Ebitda no período e o fato de estar significativamente abaixo da média história, de 50,2 vezes.
O índice mostra a relação entre o preço do papel em Bolsa e o lucro projetado para a companhia. Quanto maior, em tese, mais cara está a ação.