As ações mais recomendadas para novembro; Prio sobe para segundo lugar e RENT3 deixa a lista

Topo do pódio permanece com a Vale, escolhida por nove entre dez analistas

Márcio Anaya

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Marcado por fortes oscilações nos últimos dias de outubro, o Ibovespa encerrou o mês com perda de 2,9%, aos 113.144 pontos. O desempenho negativo reduziu pela metade o ganho acumulado no ano – que agora está em 3,1%.

Em meio à safra de balanços do terceiro trimestre, os analistas promoveram diversas mudanças nas carteiras recomendadas de ações para novembro. No total, foram 21 papéis substituídos pelas dez instituições monitoradas pelo InfoMoney, um aumento de 23,5% em relação a outubro.

Apesar das movimentações, a lista das empresas mais citadas pelos especialistas ficou praticamente inalterada.

Chama a atenção, porém, o avanço da petrolífera Prio (PRIO3), que ganhou duas indicações e agora está na vice-liderança geral, ao lado do Itaú Unibanco (ITUB4), com um total de seis apontamentos.

A gigante Petrobras (PETR4), ao contrário, perdeu uma recomendação e caiu para o bloco da pesquisa que traz várias ações empatadas com três indicações. Tal grupo reúne ainda a Copel (CPLE6), Eletrobras (ELET3), Rumo (RAIL3), Sabesp (SBSP3) e Totvs (TOTS3).

A liderança do ranking segue com a Vale (VALE3), uma quase unanimidade, presente em nove entre dez portfólios selecionados.

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Com duas exclusões no mês, a Localiza (RENT3) deixou de fazer parte do rol de destaques.

Confira as análises sobre cada empresa:

Em termos conjunturais, a BB Investimentos entende que as quedas recentes na B3 abrem oportunidades para recomposição de carteiras, em função do desconto no mercado local frente a outros países.

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“No entanto, notamos que o retorno requerido para renda variável no Brasil tem aumentado. Isso limita, em nossa análise, uma visão mais construtiva em relação aos fundamentos das companhias.”

Já de olho em 2024, a corretora divulgou uma estimativa de que o Ibovespa ficará em 131 mil pontos ao fim do período.

“Esse patamar representa o nível mínimo de upside [valorização] se considerarmos um prêmio de risco de equity no patamar em torno dos 5%”, diz a instituição – ponderando que a projeção tende a ser revisada após os números finais de 2023.

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Todos os meses, o InfoMoney analisa as carteiras recomendadas por dez corretoras, apontando as cinco companhias mais indicadas pelos analistas. O número pode ser maior, em caso de empate, como ocorreu novamente este mês.

Veja a seguir as nove ações mais citadas para novembro, a quantidade de recomendações e os desempenhos de cada papel no acumulado de outubro, em 2023 e em 12 meses:

Empresa Ticker Nº de recomendações  Retorno em outubro Retorno em 2023  Retorno em 12 meses
Vale VALE3 9 2,10 -18,27 8,58
Itaú Unibanco ITUB4 6 -1,37 11,34 -6,51
Prio PRIO3 6 1,40 28,19 34,78
Copel CPLE6 3 -2,73 10,18 22,94
Eletrobras ELET3 3 -5,56 -16,75 -29,61
Petrobras PETR4 3 0,29 76,14 65,45
Rumo RAIL3 3 -2,23 20,29 1,11
Sabesp SBSP3 3 -4,36 5,02 -0,12
Totvs TOTS3 3 -6,26 -6,93 -22,48
Ibovespa * -2,94 3,11 -2,49

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Terra Investimentos, XP Investimentos e Economatica.

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Acompanhe agora os destaques de cada uma das empresas selecionadas para o mês, segundo relatórios divulgados pelas corretoras.

Prio (PRIO3)

A empresa ingressou em duas carteiras neste mês, alcançando seis indicações no total e passando a dividir a segunda posição do ranking com o Itaú.

“Mantemos intacta a nossa exposição ao petróleo, mas decidimos substituir taticamente a Petrobras pela PetroRio”, diz o BTG Pactual, em seu relatório de novembro.

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Segundo a instituição, a Prio oferece uma combinação convincente de momento operacional robusto e preços mais altos do petróleo tipo Brent, o que pode levar a revisões para cima nas estimativas de lucros.

“Estamos confiantes de que a empresa manterá um yield robusto de geração de caixa (FCFE) de 20% em 2024, mesmo com potenciais atrasos na primeira produção de petróleo de Wahoo”, afirma o BTG.

O banco acredita que a companhia poderia compensar parcialmente esses atrasos acelerando as atividades de perfuração no Campo de Albacora Leste.

“Além disso, à medida que a geração de caixa dos próximos trimestres começar a se materializar, acreditamos que a Prio irá acelerar a recompra de ações e/ou distribuição de dividendos, o que poderá servir como um catalisador relevante para as ações.”

Vale (VALE3)

A empesa continua em primeiro lugar no acompanhamento, sustentando-se com nove recomendações.

Em sua análise, a BB Investimentos diz haver uma certa assimetria entre o valor atual do papel frente à qualidade dos lucros da mineradora, o que motivou um recente ajuste na recomendação da casa, elevada para “compra”.

“Apesar das incertezas em relação ao ambiente externo, em especial sobre o mercado imobiliário chinês, a Vale segue sendo destaque por sua evolução operacional com controle de custos, além de mostrar uma alocação de capital disciplinada, sem deixar de entregar um elevado nível de retorno ao acionista.”

Os analistas citam também a expectativa de um equilíbrio melhor na demanda por minério de ferro.

Itaú Unibanco (ITUB4)

O balanço do mês deixa a instituição com as mesmas seis indicações de outubro, permanecendo na vice-liderança.

Na Ágora, os analistas elevaram recentemente a recomendação para os papéis do Itaú de “neutra” para “compra”.

De acordo com a corretora, os principais aspectos negativos parecem já estar refletidos no preço das ações, ao passo que o banco deve seguir apresentando forte crescimento de lucros e retorno sobre o patrimônio líquido acima da média setorial.

“Além disso, o Itaú tem um balanço forte, com um elevado índice de cobertura e base de capital, o que poderia apoiar um crescimento mais forte dos empréstimos e/ou uma distribuição de dividendos mais elevada.”

Petrobras (PETR4)

A estatal de petróleo registra três escolhas no mês, uma a menos em relação a outubro, mesmo assim se mantém entre os destaques.

A companhia tem a terceira maior participação na carteira recomendada da Ativa Investimentos para novembro, com 10%, abaixo apenas de Vale e Itaú, com 12,5% cada.

Em relatório no fim de outubro, a corretora comenta que os números de produção e vendas da Petrobras, relativos ao terceiro trimestre de 2023, vieram melhores que o esperado.

Entre os pontos positivos, a instituição cita a manutenção da fatia proporcional do pré-sal no mix de produção de óleo e gás natural da empresa, em cerca de 80%.

“Na divulgação dos resultados no próximo dia 9 de novembro [balanço do terceiro trimestre], os investidores devem ainda ficar atentos aos anúncios de proventos e do novo guidance [estimativa] de produção”, afirma a Ativa.

Copel (CPLE6)

A elétrica paranaense figura com três apontamentos no mês.

A Ágora reiterou sua recomendação de compra para as ações da companhia, com um preço-alvo projetado em R$ 12,50 ao fim de 2024.

Pelos cálculos da instituição, a TIR (taxa interna de retorno) real da empresa está atualmente em cerca de 12%, um índice ainda melhor em relação ao mês passado (11%), já considerado um patamar atraente.

No fim de outubro, a Copel divulgou o início da fase vinculante de venda da sua fatia (81,2%) na usina termelétrica a gás UEG Araucária. A Petrobras é sócia no empreendimento e também irá alienar sua participação.

Eletrobras (ELET3)

A companhia também sustentou as três indicações do mês passado.

Na opinião do BTG, a Eletrobras enfrentou uma série de eventos negativos desde a sua capitalização – concluída em meados de 2022 –, mas tudo já está refletido no preço e a TIR real se encontra em 16,8%.

“Para o 3T [terceiro trimestre], esperamos que a tendência de redução de custos continue, com custos de pessoal mais baixos devido ao programa de demissão voluntária, mas um impacto mais fraco das reversões de empréstimos compulsórios do que no último trimestre”, avalia o banco.

Rumo (RAIL3)

A empresa, maior operadora ferroviária do país, possui três apontamentos de analistas neste mês.

Na Santander Corretora, a Rumo figura entre as preferidas no setor de transportes e bens de capital, mesmo após a valorização de aproximadamente de 20% no acumulado do ano, até outubro.

Entre os principiais fundamentos para a escolha, a instituição cita o quadro favorável de oferta versus demanda para o transporte ferroviário no Brasil, nos próximos cinco a dez anos, o que pode resultar em revisões positivas para os lucros esperados em 2024 e 2025.

Os analistas lembram, por exemplo, que os projetos de logística de grãos anunciados em Mato Grosso contemplam apenas 75% das exportações incrementais, aproximadamente.

Sabesp (SBSP3)

A companhia de saneamento contabiliza três recomendações para novembro.

Em relatório, a XP Investimentos justifica a inclusão de Sabesp com base em uma “visão construtiva” a respeito do processo de privatização da empresa, além de perspectivas de melhora operacional.

Em meados de outubro, o governo paulista enviou para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) o projeto relativo à desestatização da companhia.

“Com o texto, os detalhes relativos ao processo de venda e a viabilidade de aprovação ficarão mais palpáveis, favorecendo uma avaliação com maior materialidade por parte do mercado”, comenta a Guide Investimentos.

Totvs (TOTS3)

Considerada a maior empresa de tecnologia do país, a Totvs mais uma vez fecha a lista de destaques, mantendo-se com três recomendações.

Uma delas é do Santander, que enxerga um bom momento operacional para a companhia no curto prazo, além de um horizonte positivo para os segmentos de Techfin e Business Performance, “que podem impulsionar o crescimento sustentável por muitos anos”.

Dentro do grupo, a área de Business Performance representa o portfólio de soluções focadas em aumento de vendas, competitividade e desempenho por marketing digital, enquanto a de Techfin busca simplificar, ampliar e dar maior acessibilidade aos serviços financeiros B2B (entre empresas).

Os analistas da casa citam também a demanda recorrente por serviços de digitalização por parte de companhias brasileiras, cenário que favorece os negócios da Totvs.

Márcio Anaya

Jornalista colaborador do InfoMoney