Publicidade
O Ifix – índice dos FIIs mais negociados na Bolsa – incorporou o nervosismo do mercado e registrou em novembro o pior resultado desde o início da pandemia da Covid-19. O JS Real Estate (JSRE11) liderou a lista das maiores perdas do período, com queda de 15,47%. O Suno Recebíveis Imobiliários (SNCI11) driblou as adversidades e conseguiu fechar o mês com alta de 1,94%, a maior de novembro.
No mês passado, o Ifix acumulou queda de 4,15%, a maior desde março de 2020, quando o indicador caiu 15% após a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmar o início da pandemia, que impôs uma série de restrições desde então.
Em novembro, o índice acompanhou o mau humor do mercado financeiro, que tem reagido mal à PEC da Transição, projeto que busca abrir espaço no orçamento da União para a realização do pagamento do Auxílio Brasil – programa de assistência social – fora do teto de gastos.
Continua depois da publicidade
O projeto passou a tramitar na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e prevê inicialmente recursos de aproximadamente R$ 200 bilhões ao ano.
“No cenário inicial, em que a totalidade do auxílio seria efetivamente retirada do cálculo do teto de gastos, nossa equipe de economistas estima uma elevação da dívida bruta dos atuais 74,4% do PIB projetados para 2022, para 103% ao final de 2030”, calcula Daniel Marinelli, analista de FIIs do BTG Pactual.
Diante do temor com o aumento da dívida pública e riscos na área fiscal, o mercado de renda variável despencou em novembro e o estresse não poupou os fundos imobiliários. O segmento de lajes corporativas foi o que mais sofreu no período, com queda de 7,04%. Os fundos de “papel” – que investem em títulos de renda fixa ligados ao setor imobiliários – tiveram o melhor desempenho e, mesmo assim, registraram perdas de 2,94% em média. Confira o desempenho de todos os segmentos:
Continua depois da publicidade
Segmento | Variação em novembro (%) |
Títulos e Val. Mob. | -2,94 |
Outros | -4,83 |
Híbrido | -5,05 |
Logística | -5,74 |
Shoppings | -6,38 |
Lajes Corporativas | -7,04 |
Fonte: Economatica (30/11/2022)
Os dados são da Economatica, plataforma de informações financeiras, e tomam como base a valorização das cotas e a distribuição de dividendos dos FIIs que fazem parte da carteira teórica do Ifix. Dos 108 fundos que compõem o indicador, apenas 13 fecharam novembro no campo positivo.
Maiores altas de novembro
Entre os poucos fundos imobiliários que encerraram novembro no azul, o Suno Recebíveis Imobiliários (SNCI11) foi o principal destaque, com alta de 1,94%, a maior para o período. Na sequência, aparecem o Cartesia Recebíveis Imobiliários (CACR11) e o Versalhes Recebíveis Imobiliários (VSLH11) com ganhos de 1,73% e 1,67%, respectivamente.
Continua depois da publicidade
Confira as maiores altas dos fundos imobiliários em novembro de 2022:
Ticker | Fundo | Segmento | Variação em novembro (%) |
SNCI11 | Suno Recebíveis | Títulos e Val. Mob. | 1,94 |
CACR11 | Cartesia Recebíveis Imobiliários | Títulos e Val. Mob. | 1,73 |
VSLH11 | Versalhes Recebiveis Imobiliarios | Títulos e Val. Mob. | 1,67 |
PLCR11 | Plural Recebiveis Imobiliarios | Híbrido | 1,49 |
SADI11 | Santander Papeis Imobiliarios | Títulos e Val. Mob. | 1,42 |
Fonte: Economatica (30/11/2022). A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.
Com 43.772 cotistas, o Suno Recebíveis Imobiliários (SNCI11) tem atualmente um patrimônio líquido de R$ 412 milhões, investidos principalmente em certificados de recebíveis imobiliários (CRI), que respondem por 97% do portfólio.
Continua depois da publicidade
A maior parte dos títulos (75%) está indexada ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). 24% dos papéis são corrigidos pela taxa do CDI (certificado de depósitos interbancários) e 1% pelo Índice Nacional da Construção Civil (INCC).
Vale lembrar que o SNCI11 tem aumentado a posição em títulos indexados ao CDI – que acompanha a taxa básica de juros, a Selic – nos últimos meses, como informa o último relatório gerencial divulgado pela carteira.
“Desde maio, a exposição do fundo ao CDI subiu cerca de 13% do patrimônio líquido”, diz o texto. “Na visão do time de gestão, tal movimento é positivo para o portfólio do fundo, já que o mercado vem apresentando expectativas de que a taxa Selic mantenha dois dígitos ao longo de 2022 e 2023”, completa.
Continua depois da publicidade
O fundo promete dar sequência ao movimento de aumento da exposição a ativos indexados ao CDI através de recursos obtidos por novas emissões de cotas ou na reciclagem do portfólio atual.
Em novembro, o fundo distribuiu R$ 1 por cota, montante equivalente a um retorno mensal com dividendos de 0,99%. Em 12 meses, o dividend yield da carteira está em 15,07%.
Maiores baixas de novembro
Na outra ponta da lista encabeçada pelo Suno Recebíveis Imobiliários (SNCI11), está exatamente o JS Real Estate (JSRE11), que liderou as maiores perdas de novembro, com queda de 15,47%. O FII de cemitérios Brazilian Graveyard and Death Care (CARE11) caiu 15,04% e o Bluemacaw Logística (BLMG11), 14%.
Confira as maiores baixas dos fundos imobiliários em novembro de 2022:
Ticker | Fundo | Setor | Variação em novembro (%) |
JSRE11 | JS Real Estate | Híbrido | -15,47 |
CARE11 | Brazilian Graveyard and Death Care | Outros | -15,04 |
BLMG11 | Bluemacaw Logística | Logística | -14,00 |
XPPR11 | XP Properties | Lajes Corporativas | -12,83 |
BRCR11 | BC FUND | Híbrido | -11,83 |
Fonte: Economatica (30/11/2022). A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos.
Com patrimônio de R$ 2,355 bilhões, o JS Real Estate (JSRE11) investe principalmente no segmento de lajes corporativas e tem uma área bruta locável de 121 mil metros quadrados.
Atualmente, o portfólio do fundo é composto por seis imóveis, localizados predominantemente em São Paulo (SP). No último mês, o fundo não divulgou nenhum fato relevante que pudesse justificar o desempenho do período.
Em termos operacionais, a gestão destacou inclusive a renovação de dois contratos de locação no Tower Bridge pelo período adicional de 5 anos e a assinatura de um novo contrato com a Teletech para a ocupação de 4,8 mil metros quadrados no edifício Paulista, lembra Marinelli, analista do BTG Pactual, que tem o fundo na sua carteira recomendada de fundos imobiliários.
Em novembro, o JSRE11 também anunciou a devolução de 1,6 mil metros quadrados no imóvel Rochaverá. Diante das recentes movimentações, a vacância do portfólio foi reduzida de 14,4% para 10,4%.
Como em muitos casos não houve perda de fundamentos dos fundos imobiliários, analistas consideram que o atual período de maior volatilidade do mercado pode abrir boas oportunidades, como sinaliza recente relatório da Levante Investimentos.
“Muitos fundos de ‘tijolo’ voltaram a negociar em patamares que elevam seu dividend yield (taxa de retorno com dividendos) para a casa dos 7,5% ao ano, considerado elevado”, diz o documento. “Foque naqueles que possuem menos vacância, estão melhor localizados e possuem gestão e governança. São os que tendem a apresentar melhor performance em tempos difíceis e que mais ‘pegam preço’ num mercado altista”, completa o texto.
Leia também:
FIIs que mais pagaram dividendos em novembro
O Cartesia Recebíveis Imobiliários (CACR11) encerrou novembro com o maior dividend yield entre os principais fundos imobiliários da Bolsa, alcançando 1,42%. O FII realizou um pagamento R$ 1,44 por cota no mês passado.
Dos 108 fundos monitorados pelo InfoMoney, 25 tiveram em novembro dividend yield acima de 1% no mês. O número é inferior aos 32 registrados em outubro e aos 40 de setembro.
Confira a lista dos dez maiores pagadores de novembro de 2022:
Ticker | Fundo | Setor | Retorno com dividendos em novembro (%) |
CACR11 | Cartesia Recebíveis Imobiliários | Títulos e Val. Mob. | 1,42 |
RZAK11 | Riza Akin Fundo de Investimento Imobiliário | Títulos e Val. Mob. | 1,38 |
NCHB11 | NCH EQI High Yield Recebíveis | Títulos e Val. Mob. | 1,34 |
VSLH11 | Versalhes Recebíveis Imobiliários | Títulos e Val. Mob. | 1,33 |
VGIR11 | Valora CRI CDI FII | Títulos e Val. Mob. | 1,31 |
PLCR11 | Plural Recebíveis Imobiliários | Híbrido | 1,26 |
OUJP11 | Ourinvest JPP FII | Títulos e Val. Mob. | 1,24 |
TGAR11 | FII TG Ativo Real | Desenvolvimento | 1,23 |
MCHF11 | Mauá Capital Hedge Fund FII | Títulos e Val. Mob. | 1,20 |
RZTR11 | FII Riza Terrax | Híbrido | 1,20 |
Fonte: Economatica. Dados coletados com referência a 25/11/22.
O CACR11 é um FII de “papel”, que investe em títulos de renda fixa ligados ao setor imobiliário, e seu patrimônio atual é de R$ 188 milhões.
Apenas ao longo deste ano, a base de cotistas do fundo aumentou 89%, alcançando 6.577 investidores no fim de outubro. O número ainda o caracteriza como um FII pequeno, porém em expansão. Apenas no mês passado, o número de cotistas cresceu 22%.
Ao contrário de outros fundos imobiliários de papel, o Cartesia Recebíveis Imobiliários não diminuiu o valor dos dividendos distribuídos aos cotistas nos meses recentes em que houve deflação registrada pelo IPCA.
Pelo contrário, os rendimentos chegaram a aumentar em alguns exercícios. A distribuição por cota foi de R$ 1,52 em julho, R$ 1,54 em agosto e R$ 1,56 em setembro, os três meses em que o IPCA ficou negativo. Em junho, antes do movimento começar, o pagamento havia sido de R$ 1,38 por cota.
Leia mais: