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Pressionado pela turbulência internacional, o Ibovespa fechou agosto com queda de 5,1%, aos 115.742 pontos, interrompendo uma sequência de quatro meses seguidos de altas. Com a desvalorização, o desempenho acumulado no ano recuou para 5,5%.
Em meio à forte volatilidade da Bolsa e o fim da safra de balanços do segundo trimestre, os analistas realizaram poucas mudanças nas carteiras recomendadas de ações para setembro. O total de papéis substituídos caiu 33% frente a agosto e a média de trocas ficou abaixo de duas por instituição – considerando os dez portfólios monitorados mensalmente pelo InfoMoney.
O resultado foi uma consolidação da Vale (VALE3) como preferida dos bancos e corretoras – agora presente em nove entre dez indicações – e a volta de Petrobras (PETR4) à relação de destaques.
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O Itaú Unibanco (ITUB4) se mantém sozinho em segundo lugar, apesar de ter perdido uma recomendação. As ações da Rede D’Or (RDOR3) e da Prio (PRIO3) também contabilizaram uma substituição cada, mas permanecem entre as mais citadas no ranking geral. A Totvs (TOTS3), no entanto, foi retirada de duas carteiras e ficou fora da lista.
Confira as análises sobre cada empresa:
Em seu panorama de agosto, a BB Investimentos lembra que o Ibovespa enfrentou no período sua maior sequência negativa da história, nada menos que 13 pregões consecutivos no vermelho, perdendo 7 mil pontos. A principal razão foi a aversão ao risco global, que levou investidores estrangeiros a retirar mais da metade (R$ 12,5 bilhões) do capital externo que havia entrado no Brasil até o fim de julho.
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“Sobre a temporada de balanços do 2T23 [segundo trimestre] recém finalizada, não tivemos grandes surpresas positivas ou negativas”, diz a instituição, que vê entraves para uma nova tendência de alta da Bolsa brasileira no curto prazo – tais como a expectativa de incremento na curva de juros americana e a atividade “anêmica” na China, por exemplo.
Todos os meses, o InfoMoney analisa as carteiras recomendadas por dez corretoras, apontando as cinco companhias mais indicadas pelos analistas. O número pode ser maior, caso haja empate, o que não ocorreu neste mês.
Veja a seguir as cinco ações mais citadas para setembro, a quantidade de recomendações e os desempenhos de cada papel no acumulado de agosto, em 2023 e em 12 meses:
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Empresa | Ticker | Nº de recomendações | Retorno em agosto | Retorno em 2023 | Retorno em 12 meses |
Vale | VALE3 | 9 | -3,06% | -22,91% | 6,59% |
Itaú Unibanco | ITUB4 | 5 | -4,17% | 12,61% | 11,52% |
Petrobras | PETR4 | 4 | 6,58% | 61,94% | 36,46% |
Prio | PRIO3 | 4 | 1,75% | 24,75% | 69,97% |
Rede D’Or | RDOR3 | 4 | -20,39% | -3,11% | -13,45% |
Ibovespa | – | – | -5,09% | 5,47% | 5,68% |
Acompanhe agora os destaques de cada uma das empresas selecionadas para o mês, segundo relatórios divulgados pelas corretoras.
Petrobras (PETR4)
A gigante estatal é novidade de setembro entre as ações mais recomendadas, com um total de quatro apontamentos – empatada com Prio (PRIO3) e Rede Dor (RDOR3) em terceiro lugar no ranking geral. A última vez que a companhia havia figurado entre as mais indicadas foi em junho.
Em relatório, o BTG Pactual diz ter elevado recentemente a recomendação de Petrobras para “compra”, mantendo a empresa em seu portfólio indicado.
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Segundo a instituição, os riscos associados à petrolífera são menores atualmente. Além disso, a decisão de aumentar os preços dos combustíveis, ocorrida há duas semanas, afastou um dos últimos motivos para a visão cautelosa do banco em relação aos papéis.
“Subestimamos os mecanismos de defesa oferecidos pelo aprimorado estatuto da Petrobras, bem como a lei de proteção das empresas estatais”, comenta o BTG.
“Agora acreditamos (e esperamos) que a alocação de capital da Petrobras não possa ser tão facilmente modificada, protegendo os resultados, preservando seu balanço enxuto e melhorando a visibilidade de que os dividendos permanecerão fortes por mais tempo.”
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Vale (VALE3)
A companhia ganhou uma indicação neste mês e voltou a ser quase unanimidade. Das dez carteiras analisadas, a mineradora está presente em nove, isolando-se ainda mais no topo do ranking.
“Estamos incluindo a Vale em nosso portfólio, pois antecipamos um momento operacional melhorando durante o segundo semestre de 2023, juntamente com uma reaceleração da economia chinesa, provavelmente sustentando os preços do minério de ferro em níveis mais elevados”, afirma o BTG.
A instituição acredita que a produção, as vendas e os custos da Vale devem seguir melhorando, um cenário que não está sendo precificado no momento.
“A Vale também continua sendo uma de nossas teses preferidas para exposição à reaceleração da economia chinesa, à medida que o governo se esforça para alcançar sua meta de crescimento de cerca de 5% para o ano (medidas de estímulo devem continuar a serem feitas).”
O BTG destaca ainda que os preços do minério voltaram ao patamar de US$ 120 a tonelada, com tendências saudáveis de demanda da indústria siderúrgica da China.
Itaú Unibanco (ITUB4)
Os papéis contabilizam cinco apontamentos, um a menos em relação a agosto, mas suficiente para manter a instituição sozinha na segunda colocação geral.
Recentemente, a Santander Corretora aumentou o preço-alvo estimado para as ações do Itaú, de R$ 31, para o fim deste ano, para R$ 35 ao término de 2024. A recomendação se manteve em “compra”. Além disso, as ações foram incluídas entre as top picks do setor de bancos pelos analistas da casa.
Eles ressaltam que, atualmente, os papéis do Itaú vêm sendo negociados a um patamar de 1,3 vez o preço/valor patrimonial (P/VPA) projetado para o próximo ano, ao passo que os cálculos da corretora indicam um múltiplo de 1,6 vez.
O P/VPA é obtido a partir da divisão do preço da ação pelo seu valor patrimonial e indica o quanto o investidor está disposto a pagar pelo patrimônio líquido de uma companhia.
De acordo com os especialistas, o banco “navegou melhor” no ciclo de crédito anterior em comparação com os concorrentes locais. Eles esperam que o Itaú apresente um retorno sobre o patrimônio líquido sólido e recorrente nos próximos anos, superior a 20%.
Prio (PRIO3)
A petrolífera também apresenta uma indicação a menos em setembro, totalizando quatro. Na opinião da Ágora Investimentos, mesmo diante do forte rali das ações nos últimos meses, que fez o preço atingir novas máximas históricas, há uma “vasta revisão” para cima dos fundamentos da empresa.
Com isso, os analistas ainda enxergam a companhia negociando a um múltiplo EV/Ebitda atrativo para 2024, em cerca de 25% mais barato do que seus pares nacionais. O índice aponta o valor da empresa em relação à potencial geração de caixa. Quanto menor, melhor.
Eles ponderam, no entanto, que o cenário base para os papéis não prevê “gatilhos no curto prazo” do mesmo porte verificado com os poços do Campo de Frade. Segundo os especialistas, o próximo grande evento será a inicialização do Campo de Wahoo, apenas no segundo trimestre de 2024, embora possa haver ainda algum fluxo de notícias positivas neste ano.
Rede D’Or (RDOR3)
Estreante no mês passado, a companhia perdeu uma recomendação, mas permanece na lista de destaques, com quatro citações.
A Ágora considerou positivo o resultado da empresa no segundo trimestre, com forte melhora do índice de sinistralidade médica da controlada SulAmérica. Segundo a corretora, a tendência positiva deve permanecer neste terceiro trimestre, a partir da concentração de reajustes de preços e do menor aumento potencial das provisões.
“Isso nos leva a interpretar como injustificável a queda observada no mês de agosto, por isso reafirmamos recomendação de compra para RDOR3”, diz a Ágora, que classifica o ativo como top pick do setor de saúde.
A Órama Investimentos também ressalta a evolução do balanço da Rede D’Or e considera o preço das ações “extremamente atrativo” para uma empresa que, nos últimos anos, tem apresentado um CAGR (taxa de crescimento anual composta) de quase 30%.