As 5 ações mais indicadas para agosto; Rede D’Or (RDOR3) entra na lista, Copel (CPLE6) e BB (BBAS3) saem

Vale (VALE3) se mantém no topo do ranking e Itaú (ITUB4) agora está sozinho na segunda colocação

Márcio Anaya

(Getty Images)
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Com valorização de 3,3% em julho, alcançando quase 122 mil pontos, o Ibovespa engatou o quarto mês consecutivo de ganhos. No acumulado de sete meses, principal índice da Bolsa registra alta de 11%.

O desempenho positivo vem embalado, entre outras razões, pela expectativa de início de corte nos juros – o que deve ocorrer amanhã (2), quando acontece uma das mais aguardadas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) dos últimos meses. Atualmente, a taxa básica (Selic) está em 13,75% ao ano e as apostas no mercado são de redução de 0,25 ou 0,50 ponto percentual.

De olho em uma efetiva mudança nos fundamentos econômicos do País e na safra de balanços do segundo trimestre (em pleno andamento), os analistas promoveram vários ajustes nas carteiras recomendadas de ações para agosto. Em média, foram quase três trocas de papéis por corretora.

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As revisões nos portfólios indicados não alteraram o topo do ranking, que segue ocupado pela Vale (VALE3), mas trouxeram uma novidade na lista de destaques: a Rede D’Or (RDOR3), com um horizonte mais favorável para o setor de saúde.

O vaivém de ativos também deixou o Itaú Unibanco (ITUB4) isolado na vice-liderança do acompanhamento. As ações da Prio (PRIO3) e da Totvs (TOTS3) completam o rol das mais citadas pelos especialistas para este mês.

Banco do Brasil (BBAS3), que perdeu duas recomendações, e Copel (CPLE6), com uma substituição, deixaram a relação das mais lembradas.

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Confira as análises sobre cada empresa:

• Vale (VALE3)
• Itaú Unibanco (ITUB4)
• Prio (PRIO3)
• Rede D’Or (RDOR3)
• Totvs (TOTS3)

Considerando uma visão mais ampla, a XP Investimentos atualizou neste mês o valor justo esperado para o Ibovespa ao fim deste ano. A projeção passou de 130 mil para 133 mil pontos.

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“Revisamos essa estimativa devido à continua queda nas taxas de juros de longo prazo”, diz a instituição, que também começou a fazer cálculos para o fim de 2024. Nesse horizonte mais longo, o modelo de casa aponta um valor justo para o indicador entre 145 mil e 150 mil pontos.

Todos os meses, o InfoMoney analisa as carteiras recomendadas por dez corretoras, apontando as cinco companhias mais indicadas pelos analistas. O número pode ser maior, caso haja empate, o que não ocorreu neste mês.

Veja a seguir as cinco ações mais citadas para agosto, a quantidade de recomendações e os desempenhos de cada papel no acumulado de julho, em 2023 e em 12 meses:

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Empresa Ticker Nº de recomendações  Retorno em julho Retorno em 2023  Retorno em 12 meses
Vale VALE3 8 7,69 -20,48 6,94
Itaú Unibanco ITUB4 6 0,84 17,50 28,70
Prio PRIO3 5 23,03 22,60 88,36
Rede D’Or RDOR3 5 9,36 21,70 11,86
Totvs TOTS3 5 -0,59 8,74 14,30
Ibovespa * * 3,27 11,13 18,20

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Terra Investimentos, XP Investimentos e Economatica.

Acompanhe agora os destaques de cada uma das empresas selecionadas para o mês, segundo relatórios divulgados pelas corretoras.

Rede D’Or (RDOR3)

Com o ingresso em duas carteiras, os papéis são a novidade do mês entre os mais indicados por especialistas. A companhia, que se apresenta como a maior rede integrada de cuidados em saúde no Brasil, recebeu um total de cinco apontamentos.

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“Além de continuarmos construtivos com a tese de investimentos da Rede D´Or no longo prazo, o recente movimento de fechamento da curva de juros e a proximidade do início do ciclo de corte de juros favorecem ativos mais ligados ao cenário doméstico”, diz o BB Investimentos, que incluiu a empresa em sua seleção para agosto.

A corretora espera que a operação de hospitais apresente resultados mais “normalizados” ao longo do ano, ou seja, sem a constante alteração de mix de atendimentos que causaram perda de alavancagem operacional em alguns trimestres, em razão dos diferentes momentos da pandemia.

A Ágora Investimentos também escolheu a Rede D’Or entre as novidades do mês. Em relatório, os analistas afirmam que a companhia deve apresentar fortes resultados relativos ao segundo trimestre, devido às sucessivas expansões da margem Ebitda na divisão hospitalar e na área de seguros de saúde da SulAmérica, uma empresa do grupo.

O BTG Pactual é outra instituição otimista com o papel. “Acima de tudo, acreditamos que temos um momento único no setor de saúde, com a diminuição das taxas de juros enquanto os preços das ações continuam a subir.”

Vale (VALE3)

No saldo das revisões feitas para agosto, a mineradora se manteve em oito portfólios indicados e segue na liderança geral.

Na reta final de julho, notícias importantes movimentaram as ações da empresa. Primeiro foi o lucro líquido do segundo trimestre, que caiu 78% em relação a igual período do ano passado, totalizando US$ 892 milhões.

Na opinião da BB Investimentos, o demonstrativo da Vale apresentou avanço operacional em produção e melhora nas vendas em relação ao primeiro trimestre, mas trouxe também o efeito da queda no preço das commodities – o que prejudicou o resultado no comparativo anual.

“No entanto, a companhia segue buscando elevar o retorno ao acionista, tanto via recompra de ações como pagamento de proventos, após anunciar o equivalente a R$ 1,91/ação a serem pagos em JCP [juros sobre capital próprio] em setembro”, diz a instituição.

Levanto em conta os quatro últimos proventos, incluindo o anúncio recente, o valor pago é de R$ 6,07/ação, que equivale a um dividend yield de 8,1% pelos cálculos da corretora, considerado um patamar de retorno “bastante interessante” ao investidor.

No mesmo dia do balanço trimestral, a Vale anunciou a venda de 13% de sua unidade de metais básicos, por US$ 3,4 bilhões. Pelo acordo, a Manara Minerals, uma joint-venture entre a Ma’aden e o fundo soberano da Arábia Saudita, ficará com 10% do negócio. A fatia restante de 3% será detida pela empresa de investimento Engine No. 1.

“Espera-se que o fechamento da transação ocorra até o 1T24 [primeiro trimestre de 2024], sujeito a condições precedentes, incluindo a aprovação das autoridades regulatórias relevantes”, diz o comunicado da empresa.

Houve também, recentemente, fortes oscilações nas cotações do minério de ferro, após o governo chinês divulgar medidas para elevar os gastos no país, o que envolve os setores automobilístico e de eletrodomésticos, além da permissão para que projetos relacionados a consumo utilizem recursos de fundos imobiliários.

Itaú Unibanco (ITUB4)

A instituição financeira manteve as seis recomendações recebidas em julho, mas agora figura sozinha na segunda colocação entre os papéis mais citados.

“Vemos o Itaú como o banco premium do Brasil e o recente Investor Day reforçou a nossa visão de que o banco está liderando a transformação digital entre os bancos incumbentes no Brasil”, afirma o BTG.

Os analistas dizem ainda não concordar com o desconto existente hoje no múltiplo preço/lucro (P/L) das ações do Itaú, antes dos impostos, em comparação com os papéis do Bradesco, tanto para este ano quanto para 2024.

O índice mostra a relação entre o preço em Bolsa e o lucro esperado para uma companhia. Quanto maior, em tese, mais cara está a ação.

“Esperamos que o Itaú apresente resultados sólidos no próximo trimestre e acreditamos que há espaço para o banco aumentar o pagamento de dividendos neste ano, o que poderia ser um catalisador para a ação”, comenta o BTG.

Prio (PRIO3)

A petrolífera ganhou uma indicação frente ao mês passado e ocupa o terceiro lugar no rol de destaques de agosto, ao lado de Rede D’Or (RDOR3) e Totvs (TOTS3), todas com cinco escolhas.

A empresa está entre os papéis que ingressaram na carteira da Genial Investimentos, que justifica a recomendação de compra com base no forte crescimento da produção, “exímia execução de redesenvolvimento dos campos maduros adquiridos” e preços do petróleo Brent em patamares elevados, entre outros fatores.

Na Ágora, os analistas lembram que, ao longo de julho, a Prio anunciou o início da produção do poço ODP5 e, com isso, ultrapassou a marca de 100 mil barris por dia.

Na avaliação da corretora, o sentimento do mercado em relação ao petróleo melhorou, com base nas recentes restrições de oferta da organização dos países exportadores (Opep)+ e uma desaceleração no crescimento nas plataformas dos EUA. “Como resultado, os preços do petróleo poderiam sustentar os atuais US$ 80 pelo resto do ano.”

Totvs (TOTS3)

A empresa de tecnologia fecha a relação das mais recomendadas para o mês, também com cinco apontamentos – um a menos do que contabilizava em julho.

Na opinião de Pedro Serra, chefe de pesquisas da Ativa Investimentos, a companhia apresenta um modelo de negócio resiliente com seu segmento de gestão, o que inclui soluções nas áreas contábil, fiscal e financeira.

Ele observa que, mesmo em um cenário mais desafiador para as empresas brasileiras, a taxa de renovação desses serviços tem se mantido acima de 98%, o que demonstra seu caráter essencial.

“Além disso, entendemos que o segmento techfin apresenta oportunidades relevantes de geração de capital”, afirma o especialista. Na Totvs, tal divisão busca simplificar, ampliar e dar maior acessibilidade aos serviços financeiros chamados “B2B” (entre companhias).

“Por fim, com uma visão ainda positiva para o movimento dos juros, observamos que a empresa é uma boa oportunidade de se investir.”

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Márcio Anaya

Jornalista colaborador do InfoMoney