As 10 ações mais baratas do Ibovespa: risco demais ou grandes oportunidades?

Lista tem papéis ligados a commodities, setor financeiro e energia elétrica; veja avaliação de especialistas

Leonardo Guimarães

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O Ibovespa viveu um primeiro semestre complicado, acumulando queda de 7,7%, com diversos fatores domésticos e internacionais freando o apetite por risco dos investidores. Mas analistas acreditam na virada da Bolsa nos próximos seis meses e projetam um fim de 2024 com o principal índice acionário do País no azul

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Para surfar a onda da recuperação, os especialistas vêm indicando ações conservadoras, de empresas que conseguem gerar caixa mesmo diante do cenário incerto. Porém, investidores mais arrojados podem mirar em ações consideradas baratas, que, por motivos diversos, não estão entre as preferidas do mercado hoje. 

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“Temos empresas geradoras de caixa que, no momento, oferecem boas oportunidades olhando para Preço/Lucro”, diz Régis Chinchila, head de research da Terra Investimentos, ao comentar a lista das ações mais baratas do Ibovespa pela ótica do Preço/Lucro (P/L).

O P/L é um dos indicadores mais usados para saber se uma ação está cara ou barata. É uma divisão simples entre o preço de uma ação pelo lucro por ação que a empresa gera. Grosso modo, a métrica mostra quanto os investidores estão dispostos a pagar pelo lucro de uma companhia e um múltiplo mais alto pode significar que o mercado espera crescimento mais forte dos lucros. 

Porém, Felipe Pontes, diretor de gestão de recursos da Avantgarde Asset, pondera que “o P/L pode dar alguma ideia sobre valuation, mas nenhum múltiplo deve ser usado sozinho”. Há outros indicadores que, conjugados, podem mostrar ao investidor se vale a pena, ou não, investir naquele papel, como Preço/Valor Patrimonial (P/VPA) e EV/Ebitda (Enterprise Value sobre Ebitda), útil para comparar empresas com diferentes estruturas de capital e medir a eficiência operacional, ajustando para variações na dívida.

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Feitas as ponderações sobre a utilidade do P/L, confira as empresas com os menores múltiplos do Ibovespa neste indicador: 

EmpresaTickerP/L nos últimos 12 meses em 24/06
BradesparBRAP43,7
VibraVBBR34,3
Petrobras PnPETR44,4
Banco do BrasilBBAS34,4
Petrobras OnPETR34,6
Metalúrgica GerdauGOAU45
CemigCMIG45,5
GerdauGGBR45,9
Tran PaulistTRPL46,4
CPFL EnergiaCPFE36,7
Fonte: Economatica

Em um mercado competitivo e com players que analisam cada movimento das empresas, as ações não ficam baratas sem motivos, que variam de desconfiança com a gestão, momento do setor ou riscos regulatórios. Mas cabe ao investidor analisar se há perspectivas de melhora dos resultados, com mudanças macroeconômicas, de preços dos insumos ou na liderança da companhia – e, assim, capturar oportunidades. Veja os destaques da lista, segundo especialistas.

Vibra (VBBR3)

Nord e Terra têm recomendação de compra para a Vibra, antiga BR Distribuidora. “Faz sentido ter Vibra na carteira, já que é voltada para dividendos e tem um dividend yield (retorno com dividendos) em torno de 9%, com perspectiva de seguir pagando no futuro”, diz Victor Bueno, sócio e analista de ações da Nord Research. 

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Outra ação barata vista como oportunidade é do Banco do Brasil (BBAS3), que compõe a carteira de dividendos da Terra. A casa destaca “a melhora no controle de custos, forte presença no agronegócio, baixos níveis de inadimplência e expansão de crédito mais prudente”. 

O BB é controlado pela União, o que faz seus papéis negociarem a múltiplos menores que seus pares. O mesmo acontece com a Petrobras (PETR3), que também aparece na lista dos menores P/L do Ibovespa, apesar de uma alta nas ações que fez seu valor de mercado mais que dobrar nos últimos anos. Os papéis da petroleira na Bolsa são os mais recomendados pelas corretoras nesse início de segundo semestre. 

Bradespar (BRAP4)

Líder da lista com o menor P/L, a Bradespar, uma holding que investe em outras empresas – majoritariamente na Vale (VALE3) – é um ponto de discordância entre as casas.

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Bueno explica que as ações estão “baratas” porque o mercado costuma punir as holdings, já que há risco das empresas não entregarem tudo o que recebem em dividendos – neste caso, de não repassar tudo o que recebe da Vale, o que tornaria mais vantajoso comprar a ação da mineradora. Outro fator negativo para a companhia é fiscal, já que a empresa pode precisar pagar R$ 800 milhões à Receita Federal em um processo que contesta despesas lançadas pela empresa em 2018. 

A Terra Investimentos, porém, acredita na recuperação das ações ao longo do ano: “essa perspectiva é respaldada pela reabertura da economia chinesa, com previsão de crescimento anual de 5%, e retomada das demandas por minério de ferro, especialmente no setor de construção”. 

Gerdau (GGBR4) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4)

Já a justificativa para os preços descontados de Gerdau e Metalúrgica Gerdau estão nos “resultados em queda”, como descreve Bueno: “preferimos mineradoras em detrimento das siderúrgicas, não temos recomendação de compra para Gerdau”. 

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Nas empresas de energia da lista, o P/L baixo pode ser explicado pelo setor de atuação. “Empresas em setores mais maduros e estáveis tendem a ter múltiplos mais baixos porque seus fluxos de caixa são mais previsíveis e estáveis; então, a expectativa representada no preço da ação já está mais alinhada com o que a empresa entrega de resultado no lucro”, explica Pontes.