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SÃO PAULO – Em um momento em que as aplicações conservadoras mal conseguem render acima da inflação, boa parte dos investidores já entende que precisa correr mais risco para garantir retornos atrativos. Muitos deles, porém, não sabem como ajustar suas aplicações.
Para responder a essa dúvida e mostrar como montar uma carteira de investimentos equilibrada no cenário atual, o InfoMoney conversou com três especialistas financeiros nesta segunda-feira (13). O bate-papo fez parte do evento Onde Investir 2020. Você pode conferir o painel completo no vídeo acima, a partir dos 52 minutos.
O primeiro passo, explica Letícia Camargo, planejadora financeira com certificação CFP, é entender que o cenário de investimentos está diferente, mas que as adaptações devem ser feitas de maneira gradual, sem mudanças bruscas.
“Aqueles juros de 1% ao mês sem risco não existem mais. Com juros menores, as pessoas vão ter que tomar mais risco se quiserem melhorar a rentabilidade”, diz. “Mas não precisa tirar tudo dos fundos de renda fixa e passar para a renda variável de uma hora para outra.”
Um dos erros que podem ser cometidos durante a realocação dos investimentos, afirma Guilherme Ferraioli, diretor do UBS Consenso, é colocar a reserva de emergência em produtos de forte volatilidade.
Ele explica que investimentos de baixo risco e que podem ser resgatados a qualquer momento ainda têm função importante no portfólio, mesmo que seus rendimentos apenas empatem com a inflação. “Você pode precisar desse dinheiro para honrar alguma necessidade, ele não pode sair para o risco”, alerta Ferraioli.
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Quanto colocar em renda variável?
A carteira de um investidor com perfil de risco moderado pode ter cerca de 20% em fundos que investem em ações no Brasil, 4% em ações internacionais, 30% em fundos multimercado, e o restante em renda fixa, aponta Felipe Dexheimer, coordenador de alocação da XP Investimentos.
“As pessoas vão precisar se preparar muito mais para a aposentadoria delas. Se vocês passou os últimos três anos e meio na poupança, perdeu metade da capacidade que seu patrimônio tinha para gerar riqueza. As pessoas têm que assimilar essa nova realidade”, afirma Dexheimer.
Para Ferraioli, a proporção de renda variável pode incluir investimentos em fundos imobiliários (FIIs). “Hoje um bom FII traz um juro real de 5% a 6% e esse mercado passa por um ciclo que está no começo. Mas eles tiveram um desempenho forte no ano passado, e devem ser incluídos de maneira seletiva.”
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O diretor do UBS Consenso aconselha que o investimento em FIIs seja diversificado em pelo menos cinco fundos, distribuídos em diferentes estratégias. “Alguns fundos são quase uma renda fixa; outros têm características parecidas com ações, investindo em prédios corporativos ou galpões logísticos.”
Se o foco, contudo, está no curto prazo, o investidor sequer deveria ter alocação em renda variável, aconselha Letícia. “O investimento em ações não é tão recomendável para comprar um imóvel daqui a dois anos”, exemplifica. “E, para o curtíssimo prazo, [o dinheiro] deve estar em fundos DI”.
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Para prazos mais longos, a planejadora financeira cita a vantagem tributária de fundos previdenciários, além da facilidade de ajustar o perfil de risco da carteira sem precisar realizar resgates que podem ser onerosos. “O investidor pode pagar menos imposto de renda, não tem come-cotas e pode mudar o perfil de risco”, diz.
Ainda é um bom momento para ações?
Após um ano de fortes retornos na Bolsa (o principal índice de ações do país subiu mais de 30% em 2019), alguns investidores hesitam em assumir riscos no mercado de renda variável.
Dexheimer explica que a possibilidade de perdas é inerente a esse mercado, mas que a perspectiva para os ativos ainda é favorável. “O principal beneficiário do juro baixo são as empresas, especialmente as listadas em Bolsa, que captam dinheiro mais barato”.
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Ele ressalta que a relação entre o preço a que as companhias estão sendo negociadas no mercado e o lucro que elas geram é “a primeira métrica para saber se a Bolsa está cara ou barata”. Segundo ele, essa relação indica que ainda há potencial para ganhos.
“Vejo um retorno para a Bolsa na casa dos 12% ao ano pelos próximos cinco anos. É o dobro do que você vai conseguir na renda fixa. Mas é um movimento de altos e baixos, é preciso se programar”, afirma. “A qualquer momento em uma janela de um ano, a Bolsa pode cair em torno de 30%. Por isso gosto de olhar esse investimento em uma janela de cinco anos”, acrescenta.
Letícia destaca que, de modo geral, a maneira mais indicada para se investir em ações se dá via fundos de investimentos, pois o investidor pessoa física não costuma ter tempo nem aptidão para estudar empresas e setores. “Essa pessoa vai conseguir um desempenho melhor do que uma equipe que vive disso?”, questiona.
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Outra vantagem dos fundos é a possibilidade de diversificação de estratégias, reforça Ferraioli. Ele diz que os fundos chamados “long biased” podem ser atrativos para investidores de primeira viagem, pois podem ajustar sua exposição ao mercado de ações conforme as perspectivas de ganhos.
Esse processo diminui a oscilação desse produtos em relação aos “long only”, que sempre ficam com o patrimônio praticamente inteiro investido nas ações.
Diante das diferentes estratégias que cada fundo de investimento pode adotar, Dexheimer recomenda que o investidor não tome decisões baseado apenas na rentabilidade dos gestores. “É melhor entrar no site do fundo, ler a carta de gestão, se informar e entender se você está confortável com o estilo”, aconselha.
Onde Investir 2020 continua
O Onde Investir 2020 é um evento do InfoMoney, realizado ao longo desta semana de forma online e gratuita.
Nesta terça-feira (14), a partir das 12h30, Arminio Fraga, sócio da gestora Gávea e ex-presidente do Banco Central, e Zeina Latif, consultora econômica, comentam as perspectivas para a economia em 2020 e possíveis impactos nos investimentos.
Veja aqui a programação completa.
Perdeu algum painel? Não se preocupe, todo o conteúdo ficará disponível no canal do YouTube do InfoMoney.
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