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SÃO PAULO – Pela terceira reunião consecutiva, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira (16) a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, para 4,25% ao ano, conforme amplamente aguardado pelo mercado financeiro.
E, segundo sinalizações da autoridade monetária, o ciclo de aperto monetário não deve se encerrar tão cedo.
No comunicado divulgado após a decisão desta quarta, o BC afirmou que o continuação do processo de normalização monetária, com outro ajuste da mesma magnitude, deverá ser vista na próxima reunião, em agosto.
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A autoridade monetária reforçou, contudo, que uma deterioração das expectativas de inflação para o horizonte relevante pode exigir uma redução “mais tempestiva” dos estímulos monetários.
No mais recente relatório Focus, as projeções para a Selic apontavam para uma taxa de 6,25% em dezembro, subindo para 6,50% até o fim de 2022. Em janeiro, as expectativas eram de taxas de 3,25% e 4,75% ao fim de cada ano, respectivamente.
Na mesma linha, levantamento feito pela equipe de fundos da XP com gestores multimercados macro também indicou apostas maiores para a taxa básica de juros ao fim do ano, com alta de 5,50% para 6,50% na mediana das projeções. Leia mais aqui.
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O movimento vem em meio à alta da inflação, com revisões constantes para cima nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A previsão mais recente aponta para uma alta de 5,82% da inflação este ano, e de 3,78% no próximo.
Diante da pressão inflacionária, ativos de renda fixa que acompanham a variação dos preços tendem a se destacar nos portfólios, por garantirem a manutenção do poder de compra do investidor ao longo do tempo.
Mas a principal aposta dos gestores de patrimônio e especialistas consultados pelo InfoMoney recai hoje sobre a Bolsa, de olho em uma retomada econômica mais consistente em meio ao avanço da vacinação no país e no mundo durante o segundo semestre.
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Na avaliação de Dan Kawa, sócio da gestora de patrimônio Tag Investimentos, apesar do Ibovespa nas máximas históricas, ainda há oportunidades a serem capturadas pelos investidores na Bolsa brasileira.
“Olhando o valuation, a Bolsa ainda está barata, e vemos grandes oportunidades quando comparamos com pares internacionais”, diz o especialista, acrescentando que a visão faz a casa recomendar aos clientes uma alocação acima da média do mercado nas ações. Para os investidores de perfil moderado, o percentual recomendado em ações varia hoje de 20% a 25%.
Kawa lembra que as empresas ligadas ao setor de tecnologia foram as que mais subiram nos últimos meses, enquanto aquelas mais ligadas à economia real ficaram para trás. Agora, com os mercados de olho no avanço da vacinação, nomes cíclicos dos setores de varejo, shoppings e do mercado imobiliário tendem a se destacar, defende o gestor da Tag.
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A avaliação é compartilhada por Helena Veronese, economista-chefe da Azimut Wealth Management Brasil. Segundo a especialista, após a alta recente das commodities, a Bolsa deve começar a ver melhor desempenho em outros setores, como o de varejo, à medida que a economia reabre no segundo semestre.
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As ações são hoje a principal aposta da Azimut nos portfólios sugeridos aos investidores, de olho em uma retomada mais consistente com o avanço da vacinação no país e a recuperação no cenário internacional impulsionada por Estados Unidos e China.
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A pesquisa da XP com gestores de multimercados também mostrou que os consultados estão hoje, em maior ou menor grau, com uma expectativa positiva quanto ao desempenho das ações brasileiras nos próximos meses.
De todo modo, para enfrentar os momentos de aumento de volatilidade, tanto na Azimut quanto na Tag os fundos “long biased”, de maior flexibilidade em comparação aos “long only“, aparecem entre as preferências para aproveitar as oportunidades na Bolsa.
Fundos Imobiliários
Também na categoria da renda variável, os fundos imobiliários podem ser uma opção interessante por possuírem ativos atrelados a índices de preços como IPCA ou IGP-M, frente ao atual ambiente de pressão inflacionária no país, destaca Thiago Nemézio, líder de alocação do escritório Blue3.
Uma “pimentinha” na carteira, acrescenta o especialista, pode vir ainda de fundos de shopping centers que, embora impactados negativamente pela pandemia, devem voltar mais rapidamente à normalidade do que os fundos de escritórios, com empresas abraçando o home office e ainda avaliando os próximos passos pós-pandemia.
Na Tag, Kawa afirma que a posição em fundos imobiliários tem sido ampliada nos portfólios, mas com parcimônia e evitando fundos monoativos e de setores que ainda carregam um nível de incerteza mais elevado, como o de lajes corporativas.
Fundos de galpões logísticos, por outro lado, estão entre as preferências da gestora, por se beneficiarem do movimento de avanço do e-commerce que deve seguir com força mesmo em um ambiente de reabertura da economia local.
Riscos no horizonte
Apesar do maior otimismo com a renda variável doméstica, os riscos políticos, que tendem a se intensificar no próximo ano em meio às eleições presidenciais, permanecem no radar e podem trazer maior volatilidade para os mercados, assinala Helena, da Azimut.
Diante desse cenário, manter na carteira posições em ativos internacionais é uma forma de ampliar a diversificação e mitigar o risco dos investimentos, defende a economista. “A diversificação geográfica é uma boa forma de montar proteção. É o caso, por exemplo, de fundos e ETFs com exposição ao S&P 500 e à China”, diz.
Já Nemézio, do escritório Blue3, tem sugerido aos clientes de perfil um pouco mais arrojado montar junto com a posição em Bolsa uma exposição cambial como hedge (proteção). Essa posição pode ser feita, segundo ele, via fundos multimercados que acompanham a variação da moeda, refletindo, nesse caso, tanto a oscilação do câmbio, como de índices de ações ou renda fixa nos mercados internacionais. A exposição, contudo, não deve ultrapassar os 15% no perfil agressivo, diz o especialista.
Renda fixa e inflação
Na classe da renda fixa, Nemézio enxerga oportunidades nos ativos atrelados à inflação, que pagam um juro real considerado interessante em meio a um cenário de incertezas com relação ao ambiente fiscal e político, além da alta dos preços.
Segundo ele, títulos públicos atrelados ao IPCA com prazo de dez a 15 anos podem contribuir para a construção de um portfólio bem diversificado, desde que estejam de acordo com a capacidade financeira do investidor para manter o dinheiro aplicado no longo prazo. Nesta quarta-feira, o Tesouro IPCA+ 2035 pagava um juro real, ou seja, além da inflação, de 4,12% ao ano.
Na Tag, Kawa diz que a preferência dentro da renda fixa recai no momento justamente sobre os títulos públicos atrelados à inflação. O gestor afirma enxergar oportunidades ao longo dos diversos vencimentos da curva de juros, sendo que a escolha do prazo do papel deve variar de acordo com o horizonte de investimento e da necessidade de liquidez do investidor.
“Na parte curta, tem bastante oportunidade para defesa contra a alta da inflação, com papéis permitindo ganho de capital ao longo do tempo se não houver deterioração fiscal, e uma taxa de carrego acima de 4% ao ano”, diz o gestor.
Já Helena, da Azimut, afirma gostar dos títulos públicos indexados à inflação com prazos mais curtos, de até quatro anos, dado o risco fiscal que ainda segue presente e a maior volatilidade embutida na parte longa da curva de juros.
Dentro da renda fixa, contudo, é no crédito privado que Nemézio, da Blue3, vê mais valor no cenário atual. Isso porque, além de ativos com ratings “excelentes”, o investidor consegue spreads relevantes em relação aos títulos públicos, na casa de 1% ao ano nos papéis de classificação triplo A, em produtos como debêntures de infraestrutura, Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs).
Kawa, da Tag, diz preferir na categoria os títulos privados de classificação high yield (que embutem maior perspectiva de retorno e de risco), desde que tenham garantias e estruturas robustas, em detrimento dos ativos high grade (títulos com alta qualidade de crédito e, portanto, menor risco), por oferecerem uma melhor relação entre risco e retorno.
Segundo ele, o investidor consegue taxas atrativas na casa de CDI mais 6% e IPCA mais 5%, para papéis high yield com prazos de até quatro anos.
E a poupança?
Ainda que uma elevação da Selic implique prêmios um pouco maiores na renda fixa, o investidor precisa prestar atenção à inflação – que deve atingir 5,82% em 2021, segundo o relatório Focus mais recente –, que vem corroendo os retornos, especialmente das aplicações mais conservadoras.
No melhor dos cenários, um investimento de R$ 10 mil com a Selic a 6,25% ao ano (projeção do mercado para dezembro) renderia apenas 4,38%, ou R$ 438, em um ano, se aplicado na caderneta de poupança. Dessa forma, o produto continua como uma das alternativas menos rentáveis do mercado e com expectativa de retorno significativamente abaixo da inflação esperada para o período.
Caso fosse contratado um produto (como Certificados de Depósito Bancário, os CDBs) com rendimento equivalente a 120% do CDI, o retorno nesse cenário subiria então para 6,19%, já descontado o Imposto de Renda de 17,5%. Confira as simulações na tabela a seguir:
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