Publicidade
SÃO PAULO – Um dos grandes temores de investidores durante a pandemia, a eventual quebra de empresas com ações listadas em bolsa de setores mais sensíveis da economia acabou não se materializando, nem no Brasil, nem no resto do mundo – pelo menos não de maneira generalizada.
A avaliação é de Fausto Filho, sócio e gestor responsável pelos fundos de renda fixa e crédito da XP Asset, que atribui o feito à ação rápida e proativa dos principais governos e bancos centrais do mundo, ao socorrerem os setores mais impactados durante a crise de maneira bastante célere.
Com os recursos de estímulos irrigando o mercado, os fundos de crédito, que num primeiro momento sofreram bastante, apresentaram logo na sequência, a partir de junho de 2020, retornos muito positivos, considerados até atípicos.
Continua depois da publicidade
Como referência, o Idex-CDI, índice que reúne as debêntures mais líquidas do mercado calculado pela gestora de recursos JGP, acumulou valorização de 15% em 12 meses, até o fim de março de 2021. No mesmo período, o Ibovespa subiu cerca de 60%.
“Os negócios [com debêntures], que chegaram a bater 5% acima do CDI, hoje estão operando em CDI mais 2%. Se o investidor pegar a emissão de uma empresa com prazo muito longo, como de sete anos, o papel teve ganho de 20%, um retorno de renda variável praticamente. É algo anômalo”, observou Fausto Filho.
Na avaliação do gestor, o mercado “high grade”, isto é, de títulos com alta qualidade de crédito e, portanto, menor risco, seguirá “muito interessante” por conta da melhora do cenário macroeconômico, com o avanço da vacinação no país.
Continua depois da publicidade
Os ganhos da categoria de fundos high grade, contudo, não deverá manter o ritmo visto ao longo do último ano. “Vai ter um bom retorno, mas não com os números atuais”, observou o gestor, que foi o convidado do 25º episódio do podcast Outliers, apresentado por Samuel Ponsoni, analista de fundos da XP.
O poder da inflação
Com relação ao mercado de debêntures incentivadas, Fausto Filho chamou atenção para o amadurecimento do investidor durante a crise, com reflexo positivo sobre os fundos da categoria, que sofreram menos do que poderia se esperar.
“Os papéis pouco sofreram, o investidor percebeu [a oportunidade]: quando o preço caiu e a taxa subiu muito, ele comprou. Assim, mesmo com volatilidade, os fundos tiveram captação. E, nesse caso, o investidor entendeu que o poder de um papel indexado ao IPCA isento é muito poderoso”, contou.
Continua depois da publicidade
Em relação ao universo dos fundos “high yield”, que embutem maior perspectiva de retorno e contam com mais risco, o gestor falou sobre o trabalho extra que a análise demanda e disse estar “cautelosamente otimista”.
“Nesse caso, a gente tem trabalhado muito junto aos empresários o conceito da dívida mezanino, que é bastante utilizado fora do Brasil, mas estamos tendo muito cuidado na originação do crédito high yield”, afirmou.
Atualmente, a XP Asset possui mais de R$ 100 bilhões em ativos sob gestão, com aproximadamente R$ 20 bilhões sob a supervisão de Fausto Filho, divididos em quatro grandes estratégias de crédito: infraestrutura, imobiliário, crédito estruturado e renda fixa high grade.
Continua depois da publicidade
Formado em Engenharia Civil pela UFRJ, o gestor entrou no mercado financeiro em 2002, quando ainda estava na faculdade. Com pouca oportunidade em sua área, iniciou um estágio na seguradora Icatu, na qual aprimorou o interesse pela análise contábil de empresas.
Um ano depois, foi para o Banco Pactual, no qual ficou até 2009, quando chegou a pensar em sair do mercado financeiro e se dedicar à engenharia. Atraído pelo projeto da XP Asset, contudo, desistiu da ideia e hoje é um dos sócios mais antigos do grupo.
Confira a entrevista completa com Fausto Filho, da XP, assim como os episódios anteriores do Outliers pelo Spotify, Deezer, Spreaker, Apple e demais agregadores de podcast.
Inscreva-se no minicurso de Day Trade gratuito que ensina a operar menos de 30 minutos por dia