Após cofre transbordar, qual banco vai pagar mais dividendos em 2025? Veja simulação

Os gigantes do setor bancário têm dividend yield projetado (estimativa do rendimento de um papel apenas com o pagamento de dividendos) variando entre 8% e 10,80% em 2025

Lucas Gabriel Marins

(Foto: Freepik)
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Os quatro maiores bancos do país – BB, Itaú, Santander e Bradesco – nunca lucraram tanto. Em 2024, o lucro nominal consolidado deles atingiu R$ 108,2 bilhões, um recorde histórico, segundo a consultoria Elos Ayta. E quando o cofre transborda, os investidores colhem a recompensa: mais dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) a caminho.

A expectativa é que os gigantes do setor bancário continuem distribuindo proventos ao longo neste ano, com dividend yield projetado (indicador que mede a expectativa com o rendimento de uma ação apenas com o pagamento de proventos) variando entre 8% e 10,80%, segundo especialistas consultados pela reportagem do InfoMoney.

Banco do Brasil

O Banco do Brasil projeta um lucro entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões para 2025, com um payout estimado entre 40% e 45%. Isso significa que os dividendos devem alcançar cerca de R$ 17 bilhões, o que equivale a aproximadamente R$ 2,98 por ação. Com base nesse valor e no preço atual das ações, o dividend yield projetado para 2025 é de 10,80%, o mesmo percentual registrado em 2024.

Leia também: BB (BBAS3) bate R$ 9,58 bi de lucro e dispara 19% em 2025 – até onde a ação pode ir?

No entanto, isso não significa que o dividendo pago será igual ao do ano anterior, segundo Victor Bueno, sócio e analista de ações da Nord Investimentos, mas sim maior. “No ano passado, o preço era menor, consequentemente, o dividend yield foi maior com o dividendo pago menor em relação ao que a gente está projetando para 2025. Lembrando que as ações subiram nesse ano”, explicou.

Os papéis do BB já avançaram quase 17% neste ano, segundo dados da plataforma TradingView. A expectativa é que a empresa continue a crescer no ano, impulsionada por uma série de fatores, especialmente o agronegócio. O Brasil deve ter a maior safra agrícola da história no ano, com previsão de 325,7 milhões de toneladas de grãos, segundo a Conab.

Itaú

O Itaú Unibanco (ITUB3;ITUB4), que registrou lucro recorrente gerencial de R$ 10,884 bilhões, aparece em segundo lugar. Com um payout de 65%, deverá distribuir R$ 30,8 bilhões em dividendos + JCP ao longo do ano, alcançando um DY projetado de 10,3%, segundo a XP, superior ao DY de 7% do ano passado.

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No início deste mês, o banco anunciou R$ 15 bilhões de proventos para o dia 7 de março. “Resiliência em meio ao cenário macro desafiador, bom carrego (dividendos), alinhado a alta rentabilidade do banco e valuation ainda descontado vs patamares históricos” são as principais teses de investimentos na empresa, disse Bernardo Guttmann, head do setor financeiro da XP.

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Santander

Com um payout de 55%, o Santander Brasil (SANB11) deverá distribuir R$ 7,5 bilhões em dividendos e JCP em 2025, segundo Guttmann, da XP. O banco vem se destacando pela “diversificação de receitas com maior foco no alta renda, o que deve trazer mais resiliência para banco e melhorar a estrutura de funding”, disse.

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Com lucro líquido gerencial de R$ 3,855 bilhões no quarto trimestre de 2024, montante 74,9% superior ao reportado no mesmo intervalo de 2023, o dividend yield projetado para este ano é dede 9,9%, conforme a XP. Em 2024, para efeito de comparação, o DY do foi de 7,7%, de acordo com Evandro Medeiros, analista da Suno Research.

Segundo Medeiros, apesar de o Santander ter sido capaz de entregar mais crescimento que pares, a inadimplência é um fator a ser observado. “Caso haja pressão na inadimplência, pode haver maior necessidade de provisionamento, o que impacta a capacidade do banco de distribuir proventos”, afirmou, mencionando que os atrasos superiores a 90 dias se encontravam em 3,2% da carteira de crédito, levemente abaixo do Banco do Brasil, que apresentou 3,3%”.

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Bradesco

Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos, disse que com um lucro de R$ 19 bilhões em 2024 e um crescimento de 87,7% no 4º trimestre, o Bradesco apresenta uma base sólida para continuar pagando dividendos e JCP em 2025. No entanto, afirmou, “a perspectiva de um cenário macroeconômico desafiador, com juros e inflação elevados, pode levar o banco a adotar uma postura mais conservadora, priorizando a sustentabilidade financeira e mantendo uma distribuição controlada de proventos”.

O dividend yield projetado para 2025 fica entre 6% e 8%, segundo o especialista, semelhante ao registrado no ano passado. “A principal tese de investimento está no processo de reestruturação do banco, com foco em maior eficiência operacional, melhora da qualidade de crédito e crescimento nas receitas de serviços. A capacidade de pagar dividendos e JCP, porém, pode ser afetada por fatores como a qualidade do crédito, inadimplência e o controle das despesas operacionais”, disse Silva.

Quanto R$ 10 mil podem render em dividendos?

Se o investidor alocasse R$ 10 mil em ações dos bancões hoje, teria entre R$ 800 e 1.080 só com proventos até o final do ano. A simulação usa o dividend yield projetado das ações. Importante ressaltar, no entanto, que essa métrica só é válida se a empresa tiver lucro igual ou superior ao dos últimos 12 meses e continuar com a mesma política de distribuição de dividendos.

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Veja simulação:

BancoDividend yield projetadoValor total*
Banco do Brasil10,80%R$ 11.080
Itaú Unibanco10,30%R$ 11.030
Santander9,99%R$ 10.990
Bradesco8%R$ 10.800
Fontes: XP, Suno, Nord e Nova Futura.
*Valor não considera a valorização/desvalorização da ação