(Bloomberg) — O acordo da dívida da Argentina deixou os títulos do país negociados em níveis pré-pandemia, embora o governo não tenha o esboço de um plano econômico confiável para sair da grave crise atual.
O famoso título de 100 anos, emitido em 2017, alcançou 46,93 centavos de dólar nesta semana, o maior preço desde o início de fevereiro. O ganho é de 2,4 centavos de dólar desde que o acordo da dívida foi fechado na terça-feira.
Para alguns, isso faz pouco sentido. A Argentina deve registrar queda do PIB de cerca de 12% neste ano, e o déficit disparou devido aos gastos fiscais extras para combater a pandemia. Ao contrário de outros países latino-americanos, cujas dívidas também se recuperaram, a Argentina tem uma inflação galopante, o que limita a margem da política monetária para tirar a economia da recessão.
“Isso não é hiperbólico. Esta é a pior reestruturação soberana negociada que já vi”, disse Diego ferro, que trabalhou na Greylock Capital Management e fundou a M2M Capital, em Nova York. “Os investidores ganharam um enorme brinde” com este acordo.
Parte do problema é que o acordo de reestruturação foi baseado em uma avaliação econômica conduzida com o Fundo Monetário Internacional antes da pandemia. Esses parâmetros para a economia não se aplicam mais.
O déficit fiscal ficou acima de US$ 3,4 bilhões em todos os meses no segundo trimestre em relação a apenas US$ 62 milhões em janeiro. Além disso, novos casos de coronavírus e mortes atingem níveis recordes, mesmo com grande parte do país em confinamento.
Impressão de dinheiro
A resposta do governo à pandemia conseguiu amplo apoio da população, mas preocupou muitos economistas.
“O presidente Alberto Fernández apresentou receitas antigas para resolver problemas antigos, e todos sabemos como isso acaba”, disse Patrick Esteruelas, chefe de pesquisa da Emso Asset Management. “Eles estão contando com a máquina de impressão, aumentando a oferta de dinheiro e criando pressões inflacionárias significativas.”
A desvalorização da moeda foi segurada por rígidos controles de capital, que por sua vez afetaram as importações e a economia.
Como Fernández planeja sair do atoleiro não está claro. O país precisa desesperadamente aumentar as reservas internacionais, combater a inflação que deve ultrapassar 40% em 2020 e reativar a economia.
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