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As alterações feitas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que restringiram as emissões de alguns ativos isentos de Imposto de Renda e alteraram os prazos de vencimento de outros, podem gerar um novo movimento de mercado: em alguns casos, títulos de renda fixa comuns poderão oferecer retornos mais competitivos do que os papéis isentos de IR.
É isso o que mostra um relatório da SWM, assessoria de investimentos, divulgado nesta sexta-feira (23). Para a casa, o cálculo da rentabilidade líquida de impostos, de ativos isentos ou não, é o que “ditará a regra do jogo” nos próximos meses.
No começo deste mês, o CMN apertou os regras e restringiu as emissões de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Imobiliários (CRIs), além de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), Imobiliário (LCIs) e Imobiliárias Garantidas (LIGs).
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“Daqui para frente, olhar apenas os ativos isentos sem uma análise do custo de oportunidade dos papéis não isentos, especialmente os indexados ao CDI, deixa de ser uma opção na hora de montar um portfólio de renda fixa ou de reinvestir os títulos que estão vencendo”, destaca o relatório.
A razão é simples: de acordo com a casa, a diferença entre a rentabilidade líquida de ativos isentos, como debêntures incentivadas, CRIs, CRAs; e não isentos, como debêntures comuns, chegou ao menor nível desde o primeiro semestre de 2021.
Os indicadores Idex-CDI e Idex-Infra, da gestora JGP, que acompanham os desempenhos das debêntures atrelados ao CDI e das debêntures incentivadas, respectivamente, dão pistas sobre a situação.
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Odilon Costa, head de renda fixa da SWM, afirma que a taxa líquida das debêntures atreladas ao CDI está com um prêmio próximo de 0,40%, enquanto as debêntures incentivadas, que possuem isenção de IR, estão com um prêmio de 0,60% sobre os títulos públicos atrelados à inflação – ainda mais vantajosas, mas com prazo médio (duration) maior.
Segundo a SWM, a distorção de preço entre papéis isentos de IR ou não tende a ser mais relevante entre ativos de prazo mais curto, com retorno atrelado ao CDI, e mais conservadores, como AAA.
Os especialistas da casa explicam que há uma grande quantidade de debêntures não incentivadas, que costumam ser mais negociadas por investidores institucionais, e alta escassez de ativos de crédito corporativo isentos atrelados ao CDI, como Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Imobiliários (CRIs), que agora sofrem com uma diversidade menor de setores e emissores.