Anbima: redução dos gastos com lazer se torna maior fonte de economia dos brasileiros na pandemia 

Levantamento "Raio X do Investidor" mostrou ainda que poupança segue como a maior preferência no leque de produtos financeiros à disposição do brasileiro

Lucas Bombana

(Getty Images)
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SÃO PAULO – Aos poucos fica cada vez mais claro como as medidas de isolamento social provocadas pela pandemia do coronavírus tiveram um impacto direto para os hábitos de consumo e de investimento do brasileiro ao longo do ano passado.

Em 2020, para 56% daqueles que tiveram a capacidade financeira para guardar algum dinheiro, a redução dos gastos com viagens, festas, idas a bares e restaurantes foi a principal fonte de economia, segundo a quarta edição da pesquisa “Raio X do Investidor”, realizada pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em parceria com a Datafolha.

No levantamento anterior realizado em 2019, quando ainda não havia, portanto, a pandemia, haviam sido apenas 34% os entrevistados que apontaram esses gastos como a origem dos recursos poupados. “Isso significa que, enquanto em 2019 em torno de 12 milhões de brasileiros disseram economizar em razão de corte de gastos, em 2020 o total saltou para mais de 20 milhões de pessoas”, diz a Anbima, em nota.

Para auferir os resultados, a pesquisa divulgada nesta segunda-feira (31) ouviu 3.408 pessoas economicamente ativas, que vivem de renda ou são aposentadas, de 16 anos ou mais, pertencentes às classes A, B e C, nas cinco regiões do País, entre os dias 17 de novembro e 17 de dezembro de 2020.

A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

Ainda de acordo com os dados divulgados, a segunda maior fonte de economia do investidor brasileiro em 2020 foi a não realização de compras consideradas desnecessárias, com 24% das respostas. No levantamento anterior, o item foi o mais citado, com 47% do total.

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O controle das despesas e a reserva de parte do salário vieram na sequência, apontados como formas de economizar em 2020 por 19% e por 11%, respectivamente. Ambos apresentam queda em relação a 2019, quando os percentuais ficaram em 34% e 35%, respectivamente.

A pesquisa mostrou também que 7% dos entrevistados disseram ter feito algum tipo de economia financeira simplesmente porque “não tinham onde gastar”.

Ajuste do risco

O Raio X do investidor brasileiro traçado pela Anbima e pela Datafolha apontou ainda que os produtos financeiros foram o principal destino do dinheiro economizado no ano passado, com ganho de participação nas classes A e B, e estabilidade na classe C.

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Dentre os brasileiros que investiram em 2020, aproximadamente 53% colocaram o dinheiro em produtos financeiros, o que corresponde a um incremento de 11 pontos percentuais na comparação com o levantamento anterior.

Apesar da rentabilidade baixa, a poupança continua como o investimento preferido, sendo utilizada por 29% dos entrevistados. Apesar da liderança, a caderneta teve uma queda de oito pontos percentuais em relação a 2019. De toda forma, o produto ainda é utilizado por cerca de 30 milhões de brasileiros das classes A, B e C.

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Já produtos financeiros de maior risco e retorno esperado registraram aumento nos portfólios, caso dos títulos privados e dos fundos de investimento, que alcançaram 5% cada das respostas, ante 2% e 3% no levantamento anterior.

Em busca de alpha

Com a perspectiva de que a Selic siga em níveis bem abaixo dos observados em anos anteriores, a pesquisa mostrou ainda que os brasileiros que pretendem investir ou continuar investindo em 2021 apontaram o retorno como a principal justificativa para a escolha dos produtos financeiros: o item despontou à frente com 38% das respostas, dez pontos percentuais acima da segurança, com 28%.

Já a facilidade de movimentação, principalmente com o avanço dos serviços digitais, foi citada como motivação por 21% dos entrevistados.

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Quanto ao destino para o retorno financeiro, 27% afirmaram que vão manter o dinheiro aplicado para uso em emergências. Apenas 10% pensam em usar esse rendimento na velhice/aposentadoria, porcentagem também daqueles que pretendem comprar ou trocar de veículo.

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