Conteúdo editorial apoiado por

Ainda dá para ganhar dinheiro com IA, dizem analistas; compare formas de investir

Empresas estão posicionadas em um setor fundamental para a nova economia, mas valorização recente gera dúvidas sobre a atratividade dos papéis

Leonardo Guimarães

Publicidade

As empresas de semicondutores – popularmente chamados de chips – estão em evidência em 2024, seja com a Nvidia (NVDC34) se tornando a mais valiosa do mundo, seja de forma nem tão positiva como nesta quarta-feira (17), com as ações do setor dando o tom negativo nos mercados internacionais.

Fato é que, entre altos e baixos, a inclinação nos preços de ações do setor é muito positiva no longo prazo, na opinião de especialistas. A Nvidia atingiu US$ 2 trilhões em valor de mercado em fevereiro, cresce 144% em 2024 e vem se revezando com Apple e Microsoft no posto de empresa mais valiosa do mundo. O SMH, principal ETF do setor nos Estados Unidos em valor de mercado, teve valorização de 71% nos últimos 12 meses e de 370% nos último cinco anos. 

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de crescimento para os próximos meses e anos

Continua depois da publicidade

Com a grande valorização recente dessas empresas, os investidores se ainda vale a pena investir nessas ações e qual o melhor instrumento: investimento direto ou ETFs? 

Caras ou “no preço”?

Além da Nvidia, companhias como TSM, Broadcom, AMD e Qualcomm ganharam ainda mais notoriedade logo após a pandemia de Covid-19. Com muitas pessoas em casa, a demanda por tecnologia para o home office foi grande. Mas os lockdowns fizeram o setor responsável por impactos inflacionários importantes. A crise dos chips ajudou a elevar os preços dos carros, que usam dezenas deles em cada unidade, por exemplo.

Agora, com as cadeias de suprimentos restabelecidas, essas empresas são as queridinhas do momento. “O setor de semicondutores é fundamental para a economia moderna, impulsionado pela demanda crescente em áreas como inteligência artificial, 5G e computação em nuvem”, diz Evandro Medeiros, analista da Suno Research. Para ele, porém, o crescimento recente é um sinal de alerta: “entendo ser prudente ficar de fora e evitar pagar os múltiplos elevados cobrados por empresas do segmento; é claro que o lucro deve crescer e, assim, reduzir o múltiplo efetivo, mas é necessária uma expansão considerável para retomar o capital investido nesses ativos”, analisa. 

Continua depois da publicidade

Já Rafael Bentes, head internacional da RJ+ Asset, acha que algumas empresas com valuation mais baixo ainda podem surpreender. “É importante que os investidores brasileiros compreendam que os múltiplos negociados nos Estados Unidos são completamente diferentes dos negociados aqui”, defende o especialista, que completa: “as diferenças de múltiplos refletem as condições de mercado e as expectativas de crescimento e riscos inerentes a cada região”. 

Investimento direto ou via ETF?

O setor não tem empresas brasileiras, portanto, para ter a tese na carteira é preciso se expor ao mercado internacional. Há a opção de investir diretamente na empresa, via BDRs (recibos das ações estrangeiras negociadas na B3) ou ações no exterior, ou via ETFs. 

A Investo lançou, nesta quarta-feira (17) o primeiro ETF de semicondutores negociado na B3. O fundo CHIP11 replica o índice MVIS ® US Listed Semiconductor 25 Index (MVSMHTR), que acompanha o desempenho das 25 principais empresas do setor em todo o mundo. Raquel Zucchi, head de research da Investo, lista as vantagens de investir via ETFs: “possibilidade de investir globalmente sem se preocupar com spread cambial e IOF, baixo custo e exposição a um mercado com grande potencial”. 

Continua depois da publicidade

Além da diversificação que um ETF traz, já que agrupa o desempenho de várias ações em um só ativo, Medeiros destaca que “ao seguirem um algoritmo pré-definido (do índice que o fundo replica), o investidor pessoa física evita as armadilhas cognitivas que enfrentaria ao escolher empresas individuais”. 

Por outro lado, os ETFs cobram taxa de administração dos investidores. E os fundos de índices de setores específicos costumam ter taxas maiores. A título de comparação, IVVB11, SPXI11 e BIVB39, ETFs que replicam o desempenho do S&P 500, cobram entre 0,03% e 0,23% ao ano de taxa de administração contra 0,30% do CHIP11. “É possível investir diretamente nas empresas sem incorrer nas taxas de administração dos ETFs, mas também abdicando da diversificação e facilidade proporcionadas”, diz Evandro Medeiros, analista da Suno Research. 

Ao investir via ETFs, o investidor ainda precisa tomar cuidado para não pulverizar demais a carteira, segundo Bentes: “a pulverização excessiva pode comprometer o retorno; um portfólio balanceado de ações deve incluir tanto estratégias de papéis individuais quanto estratégias top-down (quando se investe focando em um cenário mais amplo)”. Ao mesmo tempo, comprar fundos de índices do mesmo setor também não é recomendado, já que o investidor pode ter a falsa impressão de diversificação enquanto está colocando na carteira ações “repetidas” e pagando mais uma taxa de administração.