Agenda de dividendos de maio traz proventos de Petrobras (PETR4), Braskem (BRKM5) e Unipar (UNIP6)

O mês de maio começou e, para alegria dos investidores de renda passiva, muitas empresas optaram por remunerar os seus acionistas.

Segundo levantamento do InfoMoney, noventa e oito companhias devem pagar dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) aos investidores neste mês. Este é o maior número visto desde o começo do levantamento, iniciado em fevereiro.

Na primeira quinzena de maio, os dividendos mais polpudos ficam por conta da Unipar. A small cap vai pagar R$ 2,7352 por cada ação preferencial UNIP5 e UNIP6, além de 2,4865 por cada ação ordinária UNIP3.

Integram também a lista dos dividendos gordos, Wilson Sons (PORT3)  – com R$ 2,6182 por papel – e Braskem (BRKM5; BRKM3), que vai pagar R$ 1,6963 para as ações ordinárias e preferenciais.

Ainda na primeira quinzena, o maior juro sobre capital próprio (JCP) será o do Banco da Amazônia – no valor de R$ 4,79 para as ações BAZA3.

Na segunda metade do mês, o destaque é da Petrobras. A petrolífera paga dividendos em 16 de maio, no valor de R$ 2,97 para as ações PETR3 e PETR4.

Outra que lidera entre os maiores dividendos do mês é a empresa de peças automotivas Mahle-Metal Leve (LEVE3). A companhia vai pagar um dividendo de R$ 3,152 por ação no dia 27 de maio.

Ainda na lista de boas pagadoras, a transmissora de energia Taesa (TAEE11) deve pagar R$ 2,323 por ação unit no final do mês. O montante por preferencial e ordinária será de R$ 0,774. Tem direito a receber os dividendos, os acionistas com posição no papel até o dia 9 de maio.

Entre as noventa e oito companhias do levantamento há bancos, empresas de produtos petroquímicos, petrolíferas, elétricas, commodities, frigoríficos, varejo, locadoras, construtoras, drogarias e até empresas de tecnologia, entre outras.

Confira a seguir a lista de companhias pagadoras de proventos durante a primeira quinzena de maio:

Obs: JCP = Juros sobre Capital Próprio; Data Com = data até a qual o investidor pode comprar uma ação para ter direito a receber o provento
Fonte: InfoMoney e empresas

Dividendos fartos de Unipar e Braskem

Com a receita de produtos químicos, Braskem e Unipar apresentaram, respectivamente, um salto no lucro por ação de 300% e 500% em 2021, aponta Fábio Sobreira, analista CNPI-P da Ivest Consultoria de Investimentos. Com resultados fora do comum, as companhias vão distribuir bons proventos.

No entanto, no caso da Braskem, Sobreira cita como ponto de atenção que a companhia está distribuindo mais dividendo do que deveria.

O analista explica que, em 2020 e 2019, a Braskem reportou prejuízo, voltando a apresentar lucro líquido em 2021, de R$ 14,1 bilhões.

Em relação ao lucro por ação, Sobreira aponta que em 2021 o da Braskem foi de R$ 17,54.

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“Mas se você somar o lucro e os prejuízos dos anos anteriores, dá uma média de R$ 5,64 por ação para os últimos três anos. A companhia já pagou R$ 7,53 de lucro por ação no ano passado, e agora está distribuindo R$ 1,69. Somando isso dá quase R$ 9,22 – um valor bem acima do lucro por ação dos últimos três anos”, explica.

Segundo Sobreira, isso não seria bom para a Braskem, que poderia ter uma postura mais cautelosa e segurar caixa. “Para uma estratégia contínua de dividendos, não me parece uma boa empresa no momento”, afirma.

Já a Unipar, maior produtora de PVC, soda cáustica e cloro na América Latina, parece ter uma estratégia mais resiliente do que a Braskem, avaliam especialistas consultados pelo InfoMoney.

Guilherme Gentile, head de análise da Dividendos.me, aponta que a Unipar se beneficiou do boom das commodities nos últimos meses. “Os produtos que ela produz estão com os preços mais altos da sua história”, diz.

Por conta disso, a receita da companhia aumentou 63% em 2021, possibilitando que ela distribua aos seus acionistas dividendos ‘gordos’.

Entre os fatores que contribuíram para essa alta nos produtos da Unipar, Gentile cita a forte demanda global, uma oferta menor do que o normal, o preço elevado do gás e problemas logísticos que afetaram a cadeia de suprimentos.

Apesar do seu bom histórico como pagadora de dividendos, a Unipar é uma empresa cíclica – assim como outras ações de commodities. Desta forma, o analista acredita que a melhor hora para comprar ações da companhia não seria agora, mas na sua fase de baixa, quando ninguém quer os papéis da empresa.

Raphaela Oliveira, especialista em investimentos da Simples Multi Family Office, destaca que Unipar é uma ótima empresa para quem tem uma estratégia de renda passiva, apresentando um caixa forte e baixo endividamento.

A companhia é também uma das queridinhas do Luiz Barsi Filho, maior investidor individual da bolsa brasileira, que adquiriu os papéis quando custavam apenas R$ 0,25 centavos. Atualmente as ações ordinárias e preferenciais negociam perto de R$ 100.

Entre os aspectos que devem ser observados pelo investidor de renda passiva, Raphaela cita a flutuação cambial a partir de 2023, fruto de incertezas políticas – o que pode beneficiar o preço da ação caso o dólar suba: “Mais de 80% do preço da Unipar é lastreado no câmbio”.

A especialista também cita a criação de uma joint venture com a elétrica AES Brasil (AESB3) para construir um parque eólico, que deve ficar operacional no segundo semestre de 2023, trazendo uma redução considerável de custo de energia para a produção da Unipar.

“Um bom preço de entrada na ação seria no patamar de R$ 80. Sugerimos que o investidor opte pelas ações UNIP6, por serem preferenciais e terem maior liquidez”, aconselha.

Wilson Sons: antiga e resiliente

Entre as maiores distribuições da primeira quinzena há ainda a Wilson Sons (PORT3). A empresa atua na área da navegação, operando portos no Rio Grande do Sul e Salvador, assim como no mercado de navios de reboque.

Em relatório, Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, destaca a resiliência da empresa – que é centenária e atravessou momentos complexos da navegação brasileira, mantendo a sua solvência e a sua lucratividade.

“As linhas de negócio, portanto, são muito resilientes, com um planejamento sólido e execução impecável. Em termos de preço, vemos upside relevante, bem como uma oportunidade de diversificação setorial”, afirma.

A companhia integra a carteira de dividendos de maio da Órama.

Confira a seguir a lista de companhias pagadoras de proventos durante a segunda quinzena de maio:

Obs: JCP = Juros sobre Capital Próprio; Data Com = data até a qual o investidor pode comprar uma ação para ter direito a receber o provento.
Fonte: InfoMoney e empresas

Petrobras: a vaca leiteira de 2022

A Petrobras deve ser uma das maiores pagadoras de dividendos em 2022: alguns analistas já projetam um retorno em dividendos (dividend yield) de 24% para este ano.

Segundo Sobreira, da Ivest Consultoria, apenas com a distribuição de maio, o retorno em dividendos deve chegar a 9,5%.

O analista destaca que a Petrobras se encontra em um período de forte distribuição de proventos por conta da alta nos preços do barril de petróleo, o que tem favorecido o lucro recorde da companhia. Contudo, essa distribuição pode não ser consistente nos próximos anos.

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“O poder de pagar dividendos (lucro/preço) da Petrobras está (na faixa) de um dividend yield de 27%, e a companhia está pagando quase 26%. Ou seja, está no limite, e este não é um lucro recorrente”, avalia.

Segundo um levantamento recente do InfoMoney, a Petrobras integra a lista de ações baratas que devem pagar bons dividendos em 2022.

A Petrobras também integra a carteira recomendada de dividendos de maio da Santander corretora, com um dividend yield (retorno em dividendos) estimado de 20,18% para 2022.

Ricardo Peretti, estrategista de ações da Santander Corretora, destaca como principais fatores que devem beneficiar o papel: os preços do petróleo acima do esperado, maior crescimento da produção, venda de ativos não essenciais e maior aderência ao mecanismo de precificação de combustíveis doméstico.

Na contramão, entre os riscos, o analista destaca a queda nos preços do petróleo, a interferência política, a falta de disciplina financeira e o menor crescimento da produção.

Cosan e Alupar para proventos futuros

Mais empresas em destaque são Cosan e Alupar, que tem uma característica em comum: elas poderiam pagar mais dividendos atualmente, mas estão destinando boa parte do caixa para o investimento nos negócios, explica Sobreira. Isso as torna boas alternativas para o investidor que está buscando dividendos no longo prazo.

No caso da Cosan (CSAN3), Sobreira aponta que a companhia é diversificada, reunindo no seu portfólio empresas como Raízen, Moove, Rumo e Compass.

“A Cosan está sempre aumentando os seus dividendos e crescendo de forma consistente”, aponta. O analista compara a companhia à Coca-Cola (COCA34), cujos dividendos crescem consistentemente todo ano.

Sobreira explica que a empresa teria capacidade de entregar um dividend yield (retorno em dividendos) de 15%, mas optou por distribuir cerca de 3% para reinvestir no negócio.

“O negócio da Cosan vai crescer e trazer dividendos no futuro. Proventos constantes e crescentes”, avalia.

A elétrica Alupar, que atua no segmento de transmissão, vive uma realidade semelhante. Segundo Sobreira, a elétrica tem capacidade de oferecer um dividend yield de quase 15%, mas tem pagado menos de 5%. Em contrapartida, a companhia cresceu em média 37%.

Guilherme Gentile, head de análise da Dividendos.me, explica que, no segmento de transmissão – onde Alupar concentra 85% da sua receita –, empresas que passam por um processo de construção das linhas de transmissão precisam fazer investimentos elevados, o que muitas vezes as impossibilita de pagar dividendos.

No entanto, quando esse investimento chega perto do fim, a geração de caixa deste tipo de companhia cresce e elas se tornam boas pagadoras de proventos.

“Esse é o caso da Alupar. A empresa está entrando no fim do seu ciclo de investimentos e a sua geração de caixa vai aumentar nos próximos anos, com aumento do payout (parcela do lucro líquido destinada a distribuição de proventos) e mais dividendos”, destaca.

Por este motivo, os analistas recomendam que a companhia integre a carteira de todos os investidores que buscam por dividendos regulares.

A Alupar integra o levantamento do InfoMoney de ações consideradas baratas pelo mercado e que podem pagar bons dividendos.

A companhia também faz parte da carteira de dividendos de maio da Santander Corretora, com um dividend yield projetado de 4,26% para 2022.

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