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SÃO PAULO – Depois de forte expectativa, o governo finalmente liberou o saque das contas ativas e inativas do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e do PIS/Pasep. Embora seja esperada uma injeção total na economia de R$ 42 bilhões, neste ano, o saque em si será limitado a R$ 500 por conta.
A partir de 2020, cotistas do fundo terão a possibilidade (não a obrigatoriedade) de sacar, anualmente, uma parcela do saldo de suas contas ativas, no chamado “saque-aniversário” do FGTS. O percentual disponibilizado vai variar de acordo com o montante acumulado e nem sempre vai compensar, dado que o trabalhador que aderir à nova regra terá de solicitar à Caixa Econômica Federal o retorno à antiga caso queira sacar a totalidade do saldo em uma eventual demissão. E o problema é que a alteração só será liberada dois anos depois da solicitação.
Ainda que o montante por pessoa não seja tão expressivo e que as regras possam não ser atrativas a todos, o fato é que, se desejado, o cotista consegue encontrar algumas alternativas para investir o dinheiro, conforme explicamos.
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Seria, é claro, muito melhor que o saldo disponível para aplicações financeiras fosse mais expressivo. Mas você tem ideia do que poderia e deveria fazer caso tivesse guardado um valor maior, como de R$ 10 mil?
Com um ambiente de juros baixos, no piso histórico de 6,0% ao ano, e prestes a cair novamente; com uma Bolsa que sobe desde 2016 e que, apenas neste ano, tem ganhos de 18,5%; e diante de um cenário externo mais conturbado, está cada vez mais difícil selecionar os melhores produtos de investimento. Como conseguir bons retornos em um ambiente bem mais desafiador?
O InfoMoney conversou com gestoras de patrimônio e assessores financeiros para entender quais são as alternativas para quem tem por volta de R$ 10 mil livres para investir. Confira.
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Onde investir R$ 10 mil hoje?
Partindo do início, isto é, de uma base de pessoas que nunca investiram, a recomendação é uma só: garantir uma reserva de emergência por meio de aplicações mais conservadoras, com o menor risco possível, o que inclui Tesouro Direto, ativos indexados ao CDI com garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e liquidez diária e fundos do tipo DI baratos.
O ideal, contudo, é não concentrar todo o patrimônio em produtos com rendimentos baixos. “O investidor iniciante também não pode ser totalmente conservador, deve tentar diversificar ao máximo. Se for muito conservador e as coisas caminharem bem no país, ele tende a ter uma remuneração cada vez menor”, aponta Bruno Ponciano, assessor de investimentos no escritório Aequilibrium.
Essa diversificação pode ser feita, segundo Ponciano, por meio de fundos multimercados de baixa volatilidade, conferindo ao gestor a escolha dos melhores ativos, seja na renda fixa ou na variável.
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Há, porém, quem prefira opções mais direcionadas, caso de Marco Bismarchi, sócio gestor da TAG. “Gostamos de multimercados, mas estamos reduzindo a participação em fundos do tipo macro, porque achamos que eles ganham muito dinheiro com juros e agora há menos prêmio. Ao mesmo tempo, eles sabem ganhar com Bolsa, mas é muito mais via índice [Ibovespa, por exemplo], então preferimos alocar em gestores especialistas”, diz, fazendo referência à exposição em fundos de ações.
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Se você já quitou suas dívidas, formou um colchão de liquidez (com o dinheiro disponível para saque a qualquer momento, sem risco de perda) e está disposto a ser um pouco mais arrojado, em busca de ganhos maiores, há ainda oportunidades em Bolsa, títulos públicos com vencimentos mais longos e fundos imobiliários.
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Bolsa
Bismarchi diz continuar construtivo com Brasil. Ele destaca que a TAG já vem há algum tempo com posições acima da média em renda variável e que a ideia é mantê-las. “Entendemos que algumas coisas ficaram mais caras, mas, quando olhamos no relativo e pensamos em um ambiente com juros menores e inflação controlada, os ativos não parecem tão caros assim”, afirma.
Para o gestor, hoje o principal destaque no mercado financeiro ainda é a Bolsa, em especial ações de empresas de menor capitalização.
Otávio Vieira, sócio da Taler, destaca que o momento é favorável para que empresas boas e bem geridas que caíram de preço por conta de uma atividade econômica mais fraca, por exemplo, tenham espaço para voltar a apresentar bom desempenho. Ele cita como exemplo os papéis de Ultrapar (UGPA3), cujas ações despencaram mais de 20% no primeiro semestre.
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Para o investidor de R$ 10 mil, a recomendação é ter exposição em Bolsa por meio de fundos de investimento, seja de ações ou multimercados, o que vai depender das aplicações mínimas exigidas. De toda forma, tenha em mente que, ainda que o valor inicial não permita a diversificação, o ideal é montar ao longo do tempo uma carteira balanceada com diferentes fundos, para minimizar os riscos.
Leia também – Quanto custa investir em ações, títulos públicos e fundos de investimento?
Títulos públicos
Há ainda oportunidade nos títulos Tesouro IPCA+, segundo Bismarchi, da TAG, principalmente nos papéis com prazos a partir de 2035. No ano, os papéis já acumulam forte valorização, que chega a mais de 40% no caso do título com vencimento em 2045 — para quem quiser realizar o lucro agora. O espaço para novas elevações, contudo, começa a ser visto como mais limitado.
“Ainda gostamos de NTN-Bs longas, apesar de sabermos que a curva de juros já fechou bastante e que os ganhos serão menores do que foram em um passado recente. Em um mundo com juros menores, devemos caminhar para uma taxa abaixo de 6% ao ano, possivelmente perto de 5%, e um juro real em 3%, então esse título ainda me parece muito bom”, afirma.
Mesmo com as rentabilidades em patamares historicamente baixos, Otávio Vieira, da Taler, continua a se interessar pelos papéis, ressaltando que a inflação está favorável ao investidor. “O carregamento nos próximos anos tende a ser bom, mas não é para comprar tudo junto, melhor aos poucos”, recomenda.
Fundos Imobiliários
Outro produto que tem estado há algum tempo no foco de atenção dos gestores são os fundos imobiliários. No primeiro semestre, o Ifix, índice referencial do segmento, registrou alta de 11,7%, ante variação de 3,7% do CDI e de 14,9% do Ibovespa. O grande trunfo do ativo reside menos na variação das cotas negociadas em Bolsa e mais nos dividendos pagos, que costumam ser isentos de Imposto de Renda para investidores pessoas físicas.
Mauro Morelli, estrategista do escritório de investimentos Davos Wealth Management, observa que os FIIs respondem a dois principais riscos: à queda das taxas de juros, que já aconteceu em parte, e ao crescimento da economia, que ainda está por vir. “Então ainda há espaço para crescimento da indústria e valorização das cotas”, afirma.
Assim como Morelli, o gestor da Taler vê oportunidade no produto, de olho na retomada do mercado imobiliário no Brasil.
A visão ainda positiva, contudo, não está disseminada por toda a indústria. Uma alocação mais relevante em fundos imobiliários já foi encontrada nos portfólios geridos pela TAG Investimentos, que hoje vê o movimento de valorização já precificado, em grande parte, pelos gestores.
“Pode ser uma opção para quem quer um tipo de renda, mas tem que ser muito seletivo na escolha, entender o risco que está correndo e saber que os papéis têm volatilidade e podem ter variação de preço, como as ações negociadas em Bolsa”, diz Bismarchi.
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