Ações ligadas à digitalização do consumo e automação das empresas: algumas das teses de investimento de Tom Riley, da AXA

Gestor de ações da companhia francesa é o convidado da 36ª edição do podcast

Equipe InfoMoney

https://www.spreaker.com/user/infomoney/34-axa-portugues-v4

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Observar as mudanças de comportamento causadas pelo envelhecimento da população, o maior poder de compra dos países emergentes e as mudanças nos hábitos de consumo causados pela digitalização são parte do trabalho de Tom Riley, gestor de ações da francesa AXA Investment Managers, que tem se dedicado às estratégias dos chamados fundos temáticos.

Nesses fundos, o intuito não é investir em um setor ou geografia específica, mas sim em empresas ou setores que podem ampliar sua participação na economia nos próximos anos.

Segundo Riley, a gestão dessas carteiras se concentra em cinco teses de investimento: envelhecimento da população; consumo em mercados emergentes; economia digital, que inclui mudanças nos hábitos de consumo; automação industrial; e tecnologias e energias limpas.

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“O interessante sobre tendências e investimentos temáticos é que eles têm uma natureza de longo prazo, todos esses temas tendem a durar pelo menos uma década ou mais, e também são extremamente tangíveis para os indivíduos”, disse Riley neste episódio do podcast Outliers, apresentado por Samuel Ponsoni, gestor dos fundos de fundos da família Selection.

Na visão do gestor, esse tipo de abordagem é interessante tanto para o pequeno investidor, que percebe essas mudanças em seus próprios hábitos de consumo, como para os investidores de maior escala, como fundos de pensão, que alocam com foco no longo prazo.

Embora o foco seja o longo prazo, Riley afirma que a gestão dos portfólios é flexível, uma vez que é constante a busca por empresas que se mostrem preparadas para alcançar novos limites da automação e digitalização da economia, por exemplo.
Como exemplo, ele cita as vendas do varejo online, que representam atualmente 25% do total, mas que essa fatia deve subir porque há segmentos que ainda são pouco explorados no ambiente digital.

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“Se você pensar no setor dos supermercados, que é no que a maior parte das pessoas gasta a maior parte de seu rendimento mensal, a imensa maioria das compras ainda é feita pessoalmente”, afirmou.

Gerando alfa com a troca de ideias

A equipe de renda variável tem cerca de 50 gestores que administram US$ 50 bilhões – a AXA tem quase 900 bilhões de euros sob gestão. Do total alocado em renda variável, uma fatia de US$ 8 bilhões está ligada aos setores mais ligados à tecnologia.
Os dois principais são o Robotech, criado em 2015 e mais voltado à automação industrial, e o Digital Economy, iniciado dois anos depois e que busca empresas atreladas à digitalização do consumo.

Na avaliação de Riley, o que faz a diferença na gestão é o trabalho em colaboração de toda a equipe. Segundo ele, a troca de ideias é constante, sendo que há ao menos duas reuniões formais por semana para discutir as atualizações das empresas investidas.
Dessa forma, cada fundo tem uma equipe de dois ou três gestores com autonomia para tomar as decisões, sem passar por um comitê de investimentos que aprove ou não as ideias de investimento e desinvestimento.

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“Esperamos conseguir gerar alfa a partir dessa troca de ideias”, disse.

E a troca de ideias começa em reuniões com as empresas. Segundo Riley, são essas visitas que definem quais companhias merecem ser monitoradas e talvez entrar no portfólio.

“O que fazemos a partir daí é analisar essas empresas a fundo e tentar investir em companhias que, primordialmente, tenham alta qualidade e que estejam expostas a esses temas que identificamos anteriormente.”

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Poucas empresas chinesas na carteira

No leque de empresas mais ligadas à economia digital, o gestor reconhece o papel das “big techs” como Amazon e Google. No entanto, afirma que esses papéis representam apenas 20% do patrimônio do Digital Economy.

A maior parte do fundo é formada por empresas menores e que podem se tornam uma “large cap” nos próximos anos. Essa carteira tem atualmente cerca de 60 companhias.

No caso da carteira do Digital Economy, há alocações relevantes em PayPal, Visa e empresas focadas em logística, como a Prologis e a Goodman, que operam grandes armazéns.

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Já no fundo Robotech, as maiores exposições estão as japonesas Fanuc e Keyence, a alemã Intuitive Surgical e empresas de semicondutores como a Silicon Labs e a NVIDIA.

Embora sejam fundos globais, é limitada a alocação em empresas chinesas. Segundo o gestor, isso ocorre porque o foco é o investimento em empresas de qualidade e os fabricantes de robótica provenientes da China ainda não chegaram nesse patamar.

“Preferimos nos beneficiar com o crescimento da demanda por robótica na China por meio de investimentos nas empresas japonesas, americanas ou europeias que tenham clientes na China”, explicou.

Riley também destaca que, apesar de todo o crescimento da China, o país ainda apresenta riscos políticos relevantes na comparação com outros locais do mundo.

Valuation elevado

Riley reconhece que, muitas vezes, os valuations das empresas de tecnologia são mais elevados que a média do mercado em geral – valuation é o cálculo feito para encontrar o valor justo de uma determinada ação e identificar se ela apresenta uma oportunidade de compra ou venda.

No entanto, afirma que é natural que isso ocorra porque são empresas que apresentam um crescimento mais acelerado – e que o papel dos gestores da AXA é identificar quais têm boas perspectivas para o médio e longo prazo.

Para lidar com esses valuations mais elevados, o Robotech e o Digital Economy têm flexibilidade para investir fora do setor de tecnologia.

Uma fatia de 50% fica em ações de tecnologia, mas atualmente cerca de 20% da carteira investe no setor de saúde e uma fatia igual no setor industrial. O restante está pulverizado em outros setores.

É nessa diversificação que Riley se mostra otimista com a área de cirurgia robótica, lembrando que cirurgias assistidas por robôs têm somente 2% de penetração em termos globais.

Ele também vê boas oportunidades em empresas de cibersegurança e semicondutores, onde há uma escassez que gera maior força de negociação por parte das empresas.

“Se a escassez de um semicondutor que custa US$ 1 fizer com que um carro de US$ 30 mil deixe de ser vendido, essa empresa automotiva pagará sem hesitar mais do que 1 dólar para conseguir a mercadoria. E isso mostra a importância que a indústria dos semicondutores tem em tantos setores do mercado.”

A forma completa de atuação e a visão da gestora podem ser conhecidas no mais novo episódio do Outliers. É possível conferir o episódio completo e os anteriores do Outliers por Spotify, Deezer, Spreaker, Apple e demais agregadores de podcast.

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