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Os investidores em mercados emergentes estão trocando títulos por ações enquanto se preparam para o cenário no pós-aperto monetário.
Índices de referência de ações estão superando os títulos de renda fixa de mercados emergentes em moeda local desde o início de julho, sinalizando, para muitos, uma migração de capital em andamento.
Diante da tendência, traders começam a entrar na corrida. Segundo o Bank of America (BAC), as ações desses mercados absorveram US$ 4,1 bilhões em uma semana até a última quarta-feira (2), o maior número de entradas na comparação com as três semanas anteriores.
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Destaque do mercado emergente em 2023, os títulos públicos agora enfrentam concorrência mais dura da bolsa. Investidores como Julius Baer, Legacy Capital afirmam que ainda há dinheiro a ser ganho nos mercados de dívida, mas argumentam que os ganhos maiores virão das ações.
O cenário macro também está pendendo a favor dos países em desenvolvimento. Economias emergentes devem crescer quase três pontos percentuais mais rapidamente do que os países desenvolvidos nos próximos três anos, em movimento liderado pela China e, em ritmo mais lento, pela Índia. Analistas elevaram suas previsões de lucros em julho no ritmo mais rápido em 18 meses, segundo dados compilados pela Bloomberg.
“Os principais impulsionadores do desempenho das ações serão um ambiente macro positivo, especialmente em países como Índia, Indonésia e Brasil, juntamente com um forte crescimento dos lucros impulsionado pela força do consumo e do investimento”, disse Ashish Chugh, gestor de recursos da Loomis Sayles & Co., em Boston.
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O índice MSCI Emerging Markets subiu 5,8% no mês passado, o melhor desempenho desde janeiro. Por outro lado, os índices de dívida em dólar e em moeda local dos países em desenvolvimento subiram menos de 2%.
Os ativos de mercados emergentes registraram um aumento de 5,5% nas entradas de capital em julho, o maior desde novembro. Investidores de ETFs (fundos de índice) dos EUA despejaram US$ 2,61 bilhões líquidos em ETFs de ações de mercados emergentes nas últimas quatro semanas, ao mesmo tempo em que alocaram apenas US$ 269 milhões em títulos equivalentes.
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E isso pode ser apenas o começo de um movimento maior, já que um sell-off de US$ 5,7 trilhões no ano passado deixou investidores globais com cerca de US$ 600 bilhões a menos em ações de emergentes, de acordo com a GW&K Investment Management. Enquanto isso, gestores nos EUA alocaram cerca de US$ 2,5 trilhões diretamente em dólares.
Agora, a confiança na recuperação econômica está trazendo parte desse capital de volta para as ações dos países em desenvolvimento.
“Se realmente vimos um pico nos juros dos EUA, então as ações nas partes menores e mais problemáticas dos mercados emergentes devem se sair bem com o retorno do capital estrangeiro – exemplos são Egito, Nigéria, Paquistão e Turquia”, disse Hasnain Malik, estrategista da Tellimer, em Dubai. “Se virmos um ‘pouso suave’ (queda da inflação sem recessão) nos EUA, mercados emergentes maiores como China, Taiwan e Coreia do Sul serão favorecidos, por conta de sua dependência dos setores de manufatura e exportação”.
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Emergentes em destaque
Em alguns mercados emergentes, os investidores são atraídos pelas ações porque oferecem retornos potenciais muito acima dos títulos públicos. Por exemplo, o índice CSI 300 da China é negociado com um yield sobre lucros de 8,6% ao ano, contra 2,6% de rendimento dos títulos chineses.
Essa diferença dobrou nos últimos dois anos. Mesmo quando a China enfrenta desafios, com dados econômicos emitindo sinais de alerta, alguns investidores não se intimidam.
“Metade do nosso portfólio está em China”, disse Nuno Fernandes, gerente de recursos da GW&K Investment Management, em Nova York.
“A Índia é o segundo país mais importante para nós. Os altos valuations lá nos impedem de ter posições maiores, mas nossa esperança é que caiam um pouco, e essa será nossa oportunidade”.
Os investidores gostam especialmente de ações latino-americanas, por estarem mais baratas e se beneficiarem da flexibilização monetária. O índice de referência do Brasil é negociado com um desconto de 25% em relação à média dos últimos 10 anos, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Além disso, bancos centrais acabaram de realizar um cortes de juros maior do que o previsto.
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As ações do Chile, no entanto, estão descontadas em 27%, número maior do que o no Brasil. No fim de julho, o banco central chileno deu início ao ciclo de corte de juros, com uma queda de 1 ponto percentual, acima dos 0,75 ponto esperados pelo mercado.
A Legacy Capital, que administra R$ 28 bilhões, cortou algumas posições de renda fixa no Chile e começou a construir posições compradas em ações brasileiras. Já o Julius Baer prefere ações desses dois países em detrimento do México.
“Vemos potencial de desempenho superior para ações latino-americanas que se beneficiam de um dólar mais fraco, cortes de juros e uma melhora no sentimento em relação à China”, disse Nenad Dinic, estrategista de ações do Julius Baer em Zurique.
©2023 Bloomberg L.P.