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Quem tem uma carteira de ações focada em dividendos comprou – ou pelo menos já considerou ter – papéis do setor elétrico. As geradoras, transmissoras e distribuidoras de energia são conhecidas pela estabilidade das receitas, previsibilidade e baixos investimentos. Mas este é o melhor setor para investir em dividendos?
Segundo analistas, as elétricas já não são as melhores companhias para a distribuição de proventos, posto agora ocupado pelos bancos, mas ainda vale a pena ter o setor na carteira. A pedido do InfoMoney, a Meu Dividendo, plataforma de antecipação de proventos, levantou o dividend yield (DY, retorno com dividendos) do setor nos últimos três anos, partindo de agosto de 2021.
No período até agosto de 2022, o retorno com dividendos das elétricas que compõem o Índice Energia Elétrica da B3 (IEE) foi de 5%. A remuneração aumentou para 5,13% em 2023 e até agosto deste ano chegou a 5,56%. Mas poderia ter sido melhor: a valorização das ações limitou o crescimento do DY em 0,69% em 2023 e 3,6% em 2024. Quando uma ação fica mais cara, é preciso distribuir mais dividendos para que o DY seja alto, já que o investidor pagou mais pelo papel.
Mesmo com a valorização das ações “atrapalhando” o setor, especialistas ainda veem o setor elétrico como parte fundamental na carteira de dividendos. Para Rafael Ratto, analista do AGF Análise, esses papéis “não podem ficar de fora” de um portfólio focado em renda passiva. Isto, porém, não significa que o setor não tenha desafios importantes à frentes.
A unificação do sistema elétrico nacional, prevista para terminar em 2026, vai mudar o jogo no setor e “gerar concorrência mais acirrada entre as geradoras de energia, já que o consumidor vai escolher de quem quer comprar”, explica Wendell Finotti, CEO e fundador da Meu Dividendo.
Diante do novo desafio, o segmento de transmissão, que tem empresas como Taesa (TAEE11) e Transmissão Paulista (TRPL3), é visto como o mais seguro: “tem maior previsibilidade de receitas e despesas, além de maior histórico de pagamento de dividendos”.
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Por outro lado, as geradoras, como Energisa (ENGI11) e Equatorial (EQTL3) passam por um momento mais “complexo” e são “menos recomendáveis” para dividendos, segundo Finotti. Com diversas regiões afetadas por estiagens, os reservatórios vêm sendo drenados, o que “pode afetar a rentabilidade, mesmo com a bandeira tarifária vermelha, já que o custo fica mais elevado”, explica o executivo.
Escolher a melhor elétrica para sua carteira de investimentos passa por entender que investimentos e desinvestimentos “são ciclos naturais de qualquer mercado e o mais importante é conhecer o momento atual e projetos das empresas”, resume Ratto.