“7 Magníficas” ainda serão líderes em 20 anos? Provavelmente não, segundo gestores

Na Expert XP, especialistas analisam impacto da inteligência artificial nos investimentos de longo prazo

Leonardo Guimarães

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Os últimos anos foram dominados pelas big techs nos Estados Unidos. Seis das únicas sete empresas que valem mais de US$ 1 trilhão estão no setor de tecnologia. Mas as estratégias vencedoras nos últimos 10 anos ainda vão funcionar na próxima década? Para especialistas, as líderes de hoje têm, sim, grande vantagem, mas há um elemento que muda tudo: a inteligência artificial (IA).

A referência do mercado hoje está no grupo das Sete Magníficas, formado por Apple, Microsoft, Amazon, Nvidia, Alphabet (dona do Google), Meta e Tesla. Mas a maioria dessas empresas não deve estar no centro das atenções em 2024, segundo Jeff Schulze, diretor geral, chefe de estratégia econômica e de mercado da ClearBridge Investments. “As líderes tendem a mudar a cada década, podemos ter uma ou duas seguindo no jogo, mas a tecnologia vai mudar e ferramentas que nem conhecemos ainda vão aparecer”, disse, em painel na Expert XP 2024.

David Meyer, sócio-fundador e gestor da Contour Asset Management, diz que algumas big techs, como a Nvidia, receberam “atenção desproporcional”, mas o foco agora estará no ganho de produtividade. 

IA e investimentos de longo prazo 

Para Meyer, os investidores devem, agora, olhar para como as empresas vão usar ferramentas de inteligência artificial para aumentar a eficiência operacional e, consequentemente, suas margens. Ele usa o exemplo do Walmart, que vem indicando o uso da IA para melhorar sua gestão de estoque sem contratar mais funcionários.

Ele avalia que diversos setores vão passar por um processo de consolidação de suas lideranças: “olhando de fora, muitos não vão entender por que aquela empresa está performando tão bem, mas, olhando para dentro, verão que o uso de IA vai mudar os processos”. 

Schulze prevê “uma onda de produtividade” chegando com a consolidação da IA, fator que será essencial para concretização de outra previsão: um processo constante de queda nos preços daqui em diante. Sua expectativa é que o ambiente mais competitivo e eficiente gere uma guerra de preços e produtos e serviços chegarão mais baratos aos consumidores. 

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O recado de David Meyer para os investidores é que “apostar contra a disrupção é perigoso”. Ou seja, concentrar todo o seu portfólio nas empresas vencedoras de hoje, sem avaliar as perspectivas para o futuro, é a receita para uma carteira perdedoras no longuíssimo prazo. 

Jeff Schulze explica que as ações das Sete Magníficas têm bom desempenho porque os lucros crescem muito acima do mercado, mas projeta que small caps devem superar o nível de crescimento do grupo em 20 anos: “elas vão alcançar as big techs e, olhando para trás, vamos ver os preços de hoje como barganhas para empresas líderes no futuro”. 

Questão de tempo

Mas as mudanças na corrida tecnológica não vão acontecer do dia para a noite. Artur Wichmann, CIO da XP, diz que é preciso analisar as fontes da vantagem competitiva das líderes de hoje: “têm muito dinheiro, dados e poder computacional”, o que torna o caminho das disrupções mais difícil. 

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As aquisições também podem atrasar a alternância de liderança, já que é comum ver big techs comprando empresas menores que se destacam. Agora, com reguladores mais vigilantes, essas companhias mostram criatividade para adquirir talentos: o Reino Unido está investigando a Microsoft por ter contratado todos os funcionários da Inflection AI. 

“Hoje, todos usam YouTube e Instagram, que foram aquisições (de Alphabet e Meta, respectivamente), mas os reguladores não vão deixar algo parecido acontecer novamente, vão aparecer ‘disruptores’ no mercado”, garante Meyer, gestor de um fundo focado em tecnologia.