Publicidade
Poucas classes de ativos brasileiros geraram retornos nominais positivos no primeiro semestre de 2024. No período, o Ibovespa caiu 7,66%, os títulos públicos acompanhados pelo índice IMAB cederam 1,10% e o real perdeu 11,97% de valor frente ao dólar. “O semestre que se encerrou certamente não vai deixar saudade”, afirma a XP em relatório publicado nesta sexta-feira (5).
Segundo a casa, o momento é de aumento do prêmio de risco de ativos brasileiros de forma generalizada devido à quebra de expectativas dos agentes de mercado em relação à condução da economia pelo governo federal.
No relatório assinado por Artur Wichmann, Rodrigo Sgavioli e Eduardo Melo, a XP destaca o nível de fechamento dos juros futuros no semestre, que foi o mais alto desde o segundo trimestre de 2023 por causa dos ruídos políticos. Com isso, as taxas dos títulos prefixados e indexados à inflação “refletiram os dados ruins do setor público, com grandes preocupações quanto à trajetória crescente das despesas obrigatórias”.
Diante do quadro, a visão tática do time de alocação da XP é positiva para cinco classes de ativos: renda fixa prefixada, atrelada à inflação e internacional, além de fundos imobiliários e ativos alternativos, voltados principalmente para carteiras sofisticadas.
Confira cinco investimentos recomendados pela XP para julho, e os pesos indicados para cada perfil de investidor:
Continua depois da publicidade
- 1- Renda fixa indexada à inflação
- 2- Renda fixa prefixada
- 3- Renda fixa global
- 4- Fundos listados (FIIs)
- 5- Alternativos
- Como alocar?
1- Renda fixa indexada à inflação
“Nenhuma mudança na visão positiva de longo prazo para a classe de ativo, que vem sofrendo no curto prazo com as constantes remarcações dos títulos, à medida que as taxas sobem por aumento dos riscos fiscais no Brasil”. Em um mês, os títulos subiram de um juro real de 6,2% para 6,4%, o que tornam as taxas mais atrativas, “especialmente para quem vai carregar esses títulos públicos até o vencimento”.
O time de alocação faz a ressalva de que não é necessária uma exposição grande em títulos longos. A recomendação é por títulos de duração de 6 anos. Do lado do crédito privado atrelado à inflação, em junho, os prêmios abriram 50-60 pontos-base acima dos títulos públicos.
2- Renda fixa prefixada
Assim como os papéis de inflação, os títulos prefixados públicos também estão pagando mais, no maior patamar dos últimos 12 meses. A visão da XP é positiva para títulos de duração curta, de até dois anos. “Reforçamos a cautela para exposições longas nessa classe de ativo, que pode sofrer mais [remarcações de preço] caso o cenário fiscal siga se deteriorando”, diz o relatório.
Continua depois da publicidade
3- Renda fixa global
O retorno do Tesouro Americano está bastante acima dos patamares históricos, o que o time de alocação vê como positivo, mas recomenda cautela para os papéis de vencimento mais longo, devido à elevada volatilidade da curva de juros americana.
“Os fundos dessa classe podem ser uma alternativa para exposição a estratégias e instrumentos diversificados, estando com seus carregos em níveis elevados, principalmente se considerarmos o diferencial de juros entre Brasil e EUA para quem optar por fundos com hedge cambial”, diz o relatório.
4- Fundos listados (FIIs)
A atual política monetária mais restritiva impacta negativamente a performance dos fundos imobiliários, principalmente os que investem em imóveis físicos, os fundos de tijolos. Porém, o time de alocação da XP destaca um contraponto: “a manutenção da Selic ainda em patamar elevado pode indicar rentabilidades atrativas associadas a distribuição de dividendos”.
Continua depois da publicidade
A indicação é por fundos de papel, que seguem entregando dividend yields maiores em comparação a outros segmentos. “Atualmente os fundos imobiliários de recebíveis estão com dividend yield perto de 12% e são nossa preferência para alocação”, diz o relatório.
5- Alternativos
“As teses de investimentos ilíquidos seguem tendo sua relevância pelo potencial de entregar altos retornos com baixa volatilidade, além de poder expor a carteira a fatores de risco distintos dos que normalmente estão nas classes de ativos tradicionais”, aponta o time de alocação da XP.
Os analistas citam investimentos em empresas não listadas em Bolsa, via equity ou dívida, investimentos em ativos judiciais ou até mesmo em projetos de desenvolvimento imobiliário ou infraestrutura.
Continua depois da publicidade
Como alocar?
Diante do cenário, a XP recomenda que investidores de perfil conservador aloquem 87,5% do capital em renda fixa, principalmente (70%) em ativos pós-fixados (indexados ao CDI). Investidores com perfil de risco moderado devem aplicar 65% em renda fixa. Já quem tem perfil mais arrojado deve reservar 17,5% para renda variável local, 10,5% em fundos listados e 10% em multimercados – a fatia de renda fixa, ainda assim, deve tomar quase a metade (47,5%) da carteira.