5 ações que pagam bons dividendos para investir em dezembro; EGIE3 e BEEF3 substituem PETR4 e VBBR3

Vale (VALE3) termina o ano como preferida dos analistas

Márcio Anaya

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Ao contrário do Ibovespa, o índice de dividendos da B3 (Idiv) conseguiu se manter no azul em novembro, com leve alta de 0,8%, fechando em 7.271 pontos. Com o desempenho, a valorização acumulada em 2022 ficou em 14,5%, contra 7,3% do principal indicador da Bolsa.

A forte turbulência do mês passado, no entanto, levou os analistas a promoverem diversas mudanças nas carteiras recomendadas de dividendos para dezembro.

Foram nada menos do que três vezes mais substituições em relação ao levantamento anterior – de 6 para 18 trocas de papéis, conforme monitoramento realizado pelo InfoMoney.

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Não houve alteração no primeiro lugar do ranking geral, que segue ocupado pela Vale (VALE3), com seis indicações para dezembro, mas duas habitués do segmento estão de volta à lista de destaques: Engie (EGIE3) e Minerva (BEEF3), nos lugares de Petrobras (PETR4), substituída por duas corretoras na revisão mensal, e Vibra Energia (VBBR3), que deixou um dos portfólios.

A Engie recebeu quatro recomendações e aparece empatada com CPFL Energia (CPFE3) e Itaú Unibanco (ITUB4). Minerva (BEEF3) fecha a relação das mais lembradas pelos especialistas, com três apontamentos no mês.

Olhando o mercado de modo geral, novembro foi marcado por uma forte deterioração dos ativos ligados à economia doméstica, afetados sobretudo pela elevação acentuada das taxas de juros, com dúvidas sobre a trajetória da Selic em 2023, afirma a Genial Investimentos. A corretora avalia também que os resultados corporativos do terceiro trimestre mostraram sinais de fragilidade.

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“A temporada de balanços foi abaixo das expectativas, com as empresas sentindo os efeitos da política monetária restritiva, os dados da inflação se mostrando mais positivos, e o nível de atividade econômica arrefecendo”, diz a instituição.

“Assim, uma mudança de narrativa é esperada, em que investidores, agora, estarão atentos à duração e à magnitude da recessão esperada para 2023”.

Todo início de mês, o InfoMoney traz um levantamento das carteiras de ações recomendadas para quem tem foco em dividendos, apontando os cinco papéis preferidos dos analistas. O número pode ser maior, se houver empate – o que não ocorreu neste mês.

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A análise engloba os portfólios de dividendos divulgados por dez corretoras. Em dezembro, a Terra Investimentos entrou no lugar da Elite, que deixou de produzir relatórios.

Veja a seguir as companhias selecionadas para dezembro:

Empresa Ticker Nº de recomendações  Dividend yield em 12 meses (%) Retorno em novembro (%) Retorno em 2022 (%)  Retorno em 12 meses (%)
Vale VALE3 6 10,38 27,68 20,09 33,84
CPFL Energia CPFE3 4 14,77 -1,47 42,89 49,05
Engie EGIE3 4 7,34 -0,35 9,92 9,79
Itaú Unibanco ITUB4 4 2,39 -14,42 26,56 18,56
Minerva BEEF3 3 6,69 -8,63 22,88 51,81

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, Terra Investimentos, XP Investimentos e Economatica.

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Vale (VALE3)

A mineradora encerra o ano no topo do pódio, com seis recomendações. “Mesmo após a alta recente e do fluxo de notícias vindas da China, continuamos positivos em relação à VALE3”, diz a Ágora Investimentos.

Em relatório, a corretora afirma que os volumes de minério começaram a melhorar sazonalmente e acredita em uma recuperação mais acentuada já neste quarto trimestre.

“Os preços do minério de ferro voltaram a subir, refletindo uma maior demanda durante o final do ano – possivelmente em decorrência de um processo de re-estocagem.”

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Segundo a instituição, o cenário aponta um mercado ainda bastante saudável e equilibrado para 2023, o que pode se traduzir em uma remuneração acima de 10% para os investidores em Vale, entre dividendos e recompras de ações.

“O preço do minério tem declinado, mas ainda se mantém acima da média histórica, de 75 dólares a tonelada”, observa a Órama, que incluiu a companhia seu portfólio selecionado para dezembro. “A expectativa é de manutenção neste patamar atual, o que assegura um preço ainda muito bom para a Vale, ampla geração de caixa e capacidade de pagamento de proventos.”

Engie (EGIE3)

Após três meses de ausência, a energética Engie voltou ao rol dos papéis de dividendos preferidos pelos especialistas, com quatro indicações neste mês.

A companhia está entre as novidades escolhidas pelo BTG Pactual para o período. “A Engie é um dos nomes de melhor qualidade em nossa cobertura”, afirma a instituição, para a qual o grupo apresenta um sólido histórico de boa alocação de capital, em conjunto com uma das melhores equipes de gestão do setor.

Na opinião do banco, o balanço da empresa relativo ao terceiro trimestre mostrou “bons resultados”, com o Ebitda ajustado de geração totalizando R$ 1,34 bilhão, alta de 30% no comparativo anual. No segmento de transmissão, a geração operacional de caixa foi de R$ 115 milhões, superando em 14% a estimativa do BTG.

“A Engie possui também um pipeline de 2,2GW de energias renováveis (solar e eólica) para os próximos anos, movimento ESG [governança ambiental, social e corporativa, na sigla em inglês] que vem sendo cada vez mais valorizado pelo setor.”

No relatório deste mês, o BTG projeta para as ações da empresa um retorno com dividendos de 4,8% em 2022 e de 9,6% no próximo ano.

CPFL Energia (CPFE3)

Outra representante do setor elétrico é a CPFL, também selecionada por quatro corretoras para dezembro.

Em sua análise, o Santander afirma que a escolha está fundamentada basicamente na forte geração de caixa da empresa; proteção contratual contra a alta da inflação; baixa exposição ao déficit hídrico; preços de longo prazo; e baixo risco regulatório no segmento de distribuição frente aos pares do setor.

“Além disso, acreditamos que há espaço para forte distribuição de dividendos nos próximos anos”, diz a instituição, que estima um retorno médio com proventos de 10,9% entre 2022 e 2024.

Os principais riscos, na avaliação do Santander, são o PIB mais baixo, reduzindo o consumo de energia; decisões de alocação de capital; e uma eventual fusão envolvendo ativos da rede estadual.

“A nossa visão é de que o foco da CPFL nos próximos meses será em aumentar a eficiência e as sinergias na CEEE-T, o que a ajudará a ganhar força no segmento de transmissão.”

Itaú Unibanco (ITUB4)

A instituição financeira fecha o bloco de papéis de dividendos com quatro indicações no mês.

“Vemos o banco como capaz de continuar crescendo sua carteira de crédito no curto prazo, mantendo sua inadimplência em níveis saudáveis, principalmente suportado pelo seu sólido histórico em ciclos econômicos anteriores”, afirma a XP.

Segundo a corretora, o Itaú combina um passado de rentabilidade líder no setor – decorrente da eficiência operacional e larga experiência na concessão de empréstimos – e uma forte exposição às linhas voltadas para pessoas físicas. Tais fatores, diz a XP, devem abrir caminho para o banco liderar o mercado de crédito nos próximos anos.

“Apesar da queda [das ações] no mês [novembro], reiteramos que o Itaú segue com operação mais eficiente entre os grandes bancos brasileiros, o que o coloca em boa posição para navegar o cenário macroeconômico desafiador que está por vir.”

Minerva (BEEF3)

As ações do frigorifico retornam à lista de destaques, após ficarem de fora no mês passado. A companhia recebeu três citações, entre elas a da corretora do Santander, que manteve a aposta no papel.

Para a instituição, os direcionadores para a Minerva incluem: tendência de crescimento de longo prazo no consumo global de carne bovina, recuperação do ciclo da pecuária brasileira, maior consumo interno e dinâmica de preços favorável.

Além disso, destaca a plataforma de exportação “robusta e diferenciada” da companhia, a estratégia de crescimento orgânico na América Latina, a disciplina financeira e nova política de pagamento de dividendos.

“Esperamos que as operações brasileiras da Minerva sejam o destaque em 2023, devido à melhora do ciclo do gado e ao cenário positivo para as exportações de carne bovina, o que impulsiona a expansão das margens”, diz o Santander.

“Além disso, acreditamos que a América Latina (ex-Brasil) continuará enfrentando um momento positivo, embora continuemos monitorando cuidadosamente os ciclos do gado no Uruguai e na Colômbia.”

As expectativas da corretora sobre Minerva incluem também a busca por outras fusões e aquisições oportunas no curto e médio prazo, financiadas principalmente pelo fluxo de caixa operacional, sem impacto significativo na alavancagem financeira.

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Márcio Anaya

Jornalista colaborador do InfoMoney