3 impactos dos EUA no seu dinheiro com Biden fora – e 1 que não depende dele

O nível de incerteza aumentou e o resultado é apenas um: volatilidade

Monique Lima

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Joe Biden se retirou da corrida presidencial de 2024 no domingo (21), em um movimento esperado, mas que adicionou uma dose de incerteza em uma corrida eleitoral nos Estados Unidos que parecia ganhar contornos de definição – e mexeu com os investimentos ao redor do mundo.

A revisão de cenário acontece na esteira da chegada de um novo nome democrata para concorrer com Trump. A atual vice Kamala Harris é a mais cotada, e recebeu apoio de Biden, de nomes relevantes do partido, como os Clintons, além de 500 delegados e, nesta segunda-feira, da deputada Nancy Pelosi.

“A entrada de um novo nome adiciona incerteza à disputa e aumenta a possibilidade de surpresas ao longo do caminho”, disse Sol Azcune, analista política da XP.

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Confira, a seguir, quatro elementos que o investidor precisa observar a partir de agora, a menos de quatro meses para as eleições presidenciais americanas.

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Ajuste da Bolsa lá fora

Na semana passada, a possibilidade de “onda vermelha” com as projeções de volta do ex-presidente Donald Trump à Casa Branca derrubou as ações das principais empresas de tecnologia americanas. Em contrapartida, o índice Nasdaq, focado em tech, era o que mais subia na segunda-feira (22), na primeira sessão após as mudanças na corrida eleitoral.

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Para Maria Irene Jordão, analista global da XP, o movimento de alta, que se estende nesta terça-feira (23), vem para compensar as perdas da semana anterior, que foram concentradas nas empresas de tecnologia. Na ocasião, Trump era visto como favorito disparado, e sua agenda foca na regulamentação e defende aumento de tarifas para essas empresas, com o objetivo de aumentar a arrecadação fiscal.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, ressalta que a tendência é de normalização do mercado de ações durante as próximas semanas e durante a campanha. “Mas em setembro ou outubro, conforme fique mais claro quem é o favorito, o mercado pende para os setores que se beneficiam com suas suas defesas públicas e medidas econômicas”, por exemplo”, opina.

Fiscal americano

Gustavo Sunga, economista-chefe da Suno, minimiza o impacto da desistência de Biden no cenário-base para as eleições, e diz que “as incertezas continuam as mesmas: política e econômica, que é o que gera impacto nos mercados”.

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No bojo das dúvidas está principalmente a questão fiscal. “Os dois partidos americanos têm adotado posturas bem similares nos últimos anos, dando menor importância para a responsabilidade fiscal. A diferença tem sido no instrumento utilizado”, diz Rafael Yamano, economista da SulAmérica Investimentos.

Os Republicanos preferem diminuir impostos enquanto os Democratas optam por aumento de gastos. Nos dois cenários, o resultado é aumento na precificação de juros futuros pelo risco de aumento da inflação, o que levaria o banco central dos EUA a manter as taxas altas por mais tempo. “O que costuma ser ruim para mercados emergentes, como o Brasil”, diz Yamano. 

Renda fixa e dólar

As pesquisas eleitorais ainda apontam vitória de Trump, mas analistas indicam que o cenário ficou mais incerto com a saída de Biden. Até a disputa ficar mais clara, é possível haver mais volatilidade também nas taxas dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) e, consequentemente, nos títulos brasileiros, explicam analistas.

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Também afeta o dólar, que voltou a cair diante do ajuste nas expectativas a respeito de uma política mais protecionista de Trump, considerado hoje menos favorito que há dois dias.

O peso do Fed

As eleições são importantes, mas não são o único fator americano com capacidade de influenciar seus investimentos. Na verdade, tem um elemento que as eleições não influenciam: a política monetária adotada pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). “[As eleições] vão determinar um desempenho melhor ou pior de um ou outro setor. Ainda acho que o que é mais determinante no curto prazo, nesses próximos seis meses, está mais ligado à [taxa de] juros lá fora: se vai ter mesmo corte em setembro, se vai ter mais corte depois”, destaca Cruz, da RB Investimentos.