3 ações por menos de R$ 10 que pagam dividendos acima da Selic

Após novo corte na taxa de juros, pelo menos três papéis "baratinhos" remuneram investidor com percentual anual superior; veja lista

Lucas Gabriel Marins

Imagem: Getty Image
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O investimento em ações visando estratégia de dividendos não está disponível apenas para quem tem muito capital: há opções de papéis na Bolsa a preços individuais pequenos, o que permite montar posições com pouco dinheiro para ganhar da Selic.

Na B3, há três ações listadas que custam uma “pechincha” e pagam dividendos acima da taxa básica de juros, hoje a 12,75% ao ano, segundo levantamento feito pelo InfoMoney com base em dados da Economatica. O estudo considerou papéis presentes no Ibovespa, Índice de Dividendos (Idiv), Índice Small Cap e Índice Brasil 100 (IBrX).

A Grendene (GRND3), negociada a US$ 6,63 nesta quarta-feira (27), entrega 21,61% de dividend yield projetado (retorno em dividendos projetado) para os próximos 12 meses; a CSN Mineração (CMIN3), cotada a R$ 4,62, paga 19,71%; e a Marfrig (MRFG3), com unidade do papel a R$ 6,98, entrega 13,03%.

O dividend yield projetado é um indicador que mede o rendimento de uma ação apenas com o pagamento de dividendos. Ele é válido desde que a empresa tenha lucro igual ou superior ao dos últimos 12 meses e continue com a mesma política de distribuição de dividendos. Ou seja, se ela joga para frente os mesmos números que apresentou no passado, ponderados pela cotação atual.

“Geralmente uma empresa lucrativa tem dois caminhos: ou ela reinveste na sua própria operação, caso entenda que existem bons projetos para serem explorados, ou ela distribui o lucro em forma de dividendos, caso entenda que sua operação já não tem muitas perspectivas de crescimento e prefira devolver isso aos acionistas a reinvestir nela própria”, explicou Gabriel Bassotto, analista chefe de ações do Simpla Club.

Confira as ações “baratas” (cotadas abaixo de R$ 10) com dividend yield acima da Selic:

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Ação Dividend yield projetado (próximos 12 meses) Preço
Grendene (GRND3) 21,61% R$ 6,33
Csn Mineração (CMIN3) 19,71% R$ 4,62
Mafrig (MRFG3) 13,03% R$ 6,98

Fonte: InfoMoney com Economatica

Olhar setorial

Na lista estão empresas de mineração, calçados e proteína animal. Hulisses Dias, analista de ações e influenciador do mercado financeiro, disse que as três companhias respondem por dinâmicas distintas e que, apesar dos preços baixos por papel, é importante entender o contexto do portfólio e o próprio perfil de risco antes de apostar nelas.

Dias destaca que a Grendene, maior fabricante de calçados do Brasil, tem um controlador muito forte e capacidade ociosa que não necessita de novos investimentos em maquinário pra crescer em um mercado já maduro. “Esse é o cenário perfeito para uma empresa com foco em dividendos”, falou.

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Para Bassotto, a Grendene tem duas principais forças: marcas licenciadas de apelo popular, como Melissa e Ipanema, e uma operação com ganhos de escala, o que permite manter uma operação muito lucrativa, rentável e boa geradora de caixa. “A empresa se tornou uma ação relativamente segura e uma razoável pagadora de dividendos. Por outro lado, não devemos esperar grandes crescimentos”.

Já a CSN Mineração, que faz parte da holding CSN, é uma uma extratora de recursos minerais com um ativo já consolidado que está na fase de geração de caixa, segundo Dias. “As empresas de commodities como a CMIN têm os seus ganhos amplificados pela alavancagem financeira, e empresas que pagam dividendos essencialmente estão se alavancando, uma vez que o dividendo sai do patrimônio líquido”.

Por outro lado, lembrou Bassotto, o desempenho da CSN Mineração está atrelado à economia chinesa, visto que a companhia exporta minério de ferro para o país. “Por isso, no contexto atual de crise imobiliária na nação asiática, é possível que o preço do minério de ferro fique pressionado, afetando a ação. Não devemos esperar dividendos tão altos quanto nos últimos 12 meses”, falou.

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A Marfrig, a segunda maior empresa de proteína animal do mundo, é a mais frágil entre as três, segundo Dias. A companhia, que passa por um processo de transição de seu mix de produtos, está muito alavancada (endividada). Por isso, disse, acabou fazendo um aumento de capital em 2023, além da venda de ativos para a concorrente Minerva.

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Na opinião de Bassotto, a Marfrig é volátil, já que trabalha com commodities, seja na parte compradora de matéria-prima ou na parte vendedora, como frigorífico. A empresa, lembrou ele, está aumentando sua participação na BRF (BRFS3) para ganhar mais com a venda de produtos processados com maior valor agregado. “Contudo, por ser uma operação arriscada e exigir um turnaround, pode ser que seus próximos dividendos caiam. Os resultados são bem imprevisíveis”.