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Investidores focados em renda costumam mirar o tão sonhado 1% ao mês, patamar de retorno que perde feio para uma categoria pouco conhecida de ETFs (fundos de índice) nos Estados Unidos. Por lá, os ETFs de opções vão muito além e chegam a pagar 115% ao ano, ou 9,58% ao mês – e o além de tudo, em dólar.
Esses fundos usam contratos de opções para obter altos prêmios e remunerar os cotistas com pagamentos mensais. O problema? Trata-se de uma estratégia de alto risco – com uma pitada de ilusão – que pode deixar o investidor no vermelho rapidamente.
Mas essa característica não tem afastado o público americano. A YieldMax tem mais de 20 ETFs do tipo listados em Bolsa e soma US$ 2,2 bilhões em ativos sob gestão. Seus fundos com estratégia de opções simulam posições em ações de tecnologia, como Tesla, Apple, Microsoft, Amazon e Nvidia. Já a Defiance tem US$ 1,44 bilhão sob gestão em três ETFs de opções focados nos índices S&P 500, Nasdaq e Russell 2000.
“A estratégia é bastante arriscada porque é toda montada em cima de contratos de compra e venda de opções. A volatilidade dos ativos e dos prêmios é muito alta. Esses contratos podem responder muito forte a uma subida, mas pode acontecer o mesmo com uma queda. Não é como um ETF comum”, diz Bruno Shahini, analista da Nomad.
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Como funcionam os ETFs de opções
Para entender o risco desses ativos é importante saber como a estratégia funciona. O ETF YieldMax TSLA Option Income Strategy (TSLY), por exemplo, não tem uma posição real em ações da Tesla. “É uma posição sintética, simulada com opções de compra (call) e venda (put) de uma ação por um prazo mais prolongado, de até seis meses. Essa estratégia barateia a operação, pois a opção de compra é financiada com a opção de venda, o que alavanca mais o fundo”, explica Shahini.
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Para entregar altos retornos aos investidores, esses ETFs operam outros contratos, de vencimento mais curto, com opções de compra para a mesma ação. “O lucro é o valor do prêmio coletado com as opções curtas. O fundo vai ativamente fazendo gestão desses contratos, que podem ser vendidos e trocados por opções com maior limite de valorização”, diz o analista.
O TSLY acumula um rendimento de 52,93% entre janeiro e abril, após pagar valores mensais entre US$ 1,11 e US$ 0,68 por cota. Mas esse retorno, alerta Shahini, pode não se sustentar. “Se a ação cair muito, a estratégia tende a dar prejuízo. Se a valorização ultrapassa o limite, o lançador do contrato não capta todo o ganho. No caso do ETF, tudo isso será verificado no desempenho da cota”, afirma.
A cota do TSLY caiu 21,37% desde janeiro, em linha com o desempenho da Tesla no período.
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Vale a pena?
O analista afirma que o investidor não pode olhar apenas para a taxa de distribuição, mas considerar também o desempenho da cota e o “rendimento SEC”, considerado um indicador mais transparente. Ele considera os ganhos com dividendos, valorização da ação e juros, mas exclui os prêmios das opções usados na taxa de distribuição. Por essa medida, o rendimento anualizado do TSLY cai para 4,69% – o que pode não ficar tão atrativo assim para o investidor em busca de retornos nas alturas.
Jay Pestrichelli, presidente-executivo da Zega Financial, que gerencia as carteiras YieldMax, ressalta que seus ETFs não são alternativas conservadoras para as carteiras. Pelo contrário: são tão arriscados quanto o próprio mercado de opções, que é a estratégia base dos fundos.
“As pessoas devem perceber que um fundo com um rendimento de 70% deve ser mais arriscado do que um com 5%. Isso deveria ser conhecimento básico”, disse em entrevista ao The Wall Street Journal.
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Veja os ETFs de opções dos EUA que pagam até 115% de dividendos em dólar:
Fundo | Ativo de referência | Taxa de distribuição | Rendimento SEC | Desempenho cota – 2024 | Ativos sob gestão (US$ – milhões) |
YieldMax TSLA Option Income Strategy (TSLY) | Tesla | 52,93% | 4,69% | -21,42% | 673,74 |
YieldMax NVDA Option Income Strategy (NVDY) | Nvidia | 115,67% | 3,97% | 49,13% | 358,90 |
YieldMax COIN Option Income Strategy (CONY) | Coinbase | 124,29% | 3,73% | 22,45% | 377,49 |
YieldMax AAPL Option Income Strategy (APLY) | Apple | 27,09% | 4,49% | -7,45% | 52,39 |
Defiance S&P 500 Enhanced Options Income (JEPY) | S&P 500 | 37,52% | 3,65% | 4,12% | 135,1 |
Defiance Nasdaq 100 Enhanced Options Income (QQQY) | Nasdaq | 56,94% | 4,24% | 4,06% | 276,4 |
Defiance R2000 Enhanced Options Income (IWMY) | Russell 2000 | 72,30% | 4,14% | 1,13% | 156,4 |
Data-base: 12/04/2024.