10 ações consideradas baratas que pagam dividendos acima da Selic de 13,75% ao ano

Ações de empresas de commodities se destacam em levantamento realizado pela VG Research, mas nem todas são vistas como boas alternativas no momento

Katherine Rivas

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Após a mais recente elevação da Selic, que alcançou o patamar de 13,75% ao ano na última quarta-feira (3), a lista de ações negociadas na B3 com retorno em dividendos superior à taxa básica de juros se estreitou. Mas ainda há algumas opções disponíveis – e a preços convidativos.

Um levantamento realizado para o InfoMoney por Luan Alves, head de equity da VG Research, identificou 15 papéis com dividend yield (taxa de retorno apenas com proventos) projetado para os próximos 12 meses acima do atual patamar da Selic. Dentre eles, dez estão sendo negociados em níveis abaixo da média dos últimos cinco anos – um sinal de que estão baratas, segundo o analista.

Foram observadas as que compõem o Ibovespa (principal índice da Bolsa brasileira) e algumas small caps, como Unipar e BrasilAgro, que possuem liquidez e costumam ser procuradas por alguns investidores focados em estratégias de dividendos.

Para identificar as ações tidas como baratas, Alves avaliou o múltiplo EV/Ebitda. O indicador compara o chamado valor da empresa (EV) – calculado a partir do seu valor de mercado, suas dívidas e seu caixa – com sua geração de caixa operacional (Ebitda, ou lucro antes de juros, tributos, depreciação e amortização).

“Quando esse múltiplo é baixo, significa que a geração de caixa de poucos anos é capaz de somar o equivalente ao valor total da própria empresa”, diz o analista. Ele considerou o EV/Ebitda que a VG Research projeta para cada companhia nos próximos 12 meses com a média do múltiplo nos últimos cinco anos.

Para determinar se as empresas estavam mais rentáveis do que a média histórica, foi utilizado o ROE (Retorno Sobre o Patrimônio Líquido) – indicador que mede o lucro líquido dos últimos 12 meses dividido sobre o patrimônio líquido.

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Confira as ações com dividend yield projetado para os próximos 12 meses acima do patamar atual da Selic, de 13,75% ao ano:

Ação Dividend yield projetado para os próximos 12 meses  Dividend yield realizado nos últimos 12 meses EV/Ebitda projetado para os próximos 12 meses   EV/Ebitda médio dos últimos 5 anos Situação 
Petrobras PETR4 33,67% 43,83% 3,4 < 5,2 Barato
Petrobras PETR3 31,23% 43,14% 3,4 < 5,2 Barato
CPFL CPFE3 16,24% 21,22% 5,7 < 7,8 Barato
Gerdau Metalúrgica GOAU3 25,16% 18,77% 2,5 < 6,2 Barato
Copel CPLE11 16,50% 18,57% 4,8 < 5,3 Barato
Copel CPLE6 16,54% 18,45% 4,8 < 5,3 Barato
Copel CPLE3 16,16% 18,43% 4,8 < 5,3 Barato
Marfrig MRFG3 24,27% 16,95% 2,8 < 6,5 Barato
Unipar UNIP5 16,67% 16,86% 4,2 > 4,1 Caro
Unipar UNIP6 16,66% 16,65% 4,2 > 4,1 Caro
Gerdau Metalúrgica GOAU4 23,89% 16,53% 2,5 < 6,2 Barato
Braskem BRKM3 25,31% 16,37% 6,9 > 6,8 Caro
BrasilAgro AGRO3 19,53% 16,23% 6,4 < 6,9 Barato
Braskem BRKM5 27,13% 15,97% 6,9 > 6,8 Caro
Unipar UNIP3 15,76% 14,32% 4,2 > 4,1 Caro

Fonte: VG Research e Economatica. Obs: O levantamento considera o preço dos ativos no fechamento de 04/08/22. O dividend yield projetado é válido desde que a empresa tenha lucro igual ou maior ao dos últimos 12 meses e mantenha a mesma política de distribuição de dividendos e JCP dos últimos 12 meses. Levantamento realizado com base nos dados do fechamento de 04/08/22. Projeções coletadas pela VG Research em 08/08/2022.

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Os indicadores apontam que mesmo algumas empresas com forte valorização nos meses recentes – como a Petrobras, cujas ações preferenciais avançam cerca de 50% só neste ano – continuam apresentando múltiplos descontados em relação à média histórica. No caso de Petrobras, a ação voltou a ser negociada, nos últimos dias, perto de R$ 37, maior cotação desde 2010.

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Nas empresas do segmento de commodities, segundo Alves, isso acontece porque os preços em alta das matérias-primas melhorou os resultados e aumentou a sua geração de caixa. Mas em alguns casos, as cotações na Bolsa não avançaram no mesmo ritmo, dada a aversão a risco que imperou sobre os mercados local e global nos últimos tempos. “O lucro subiu muito mais que as cotações das empresas, e por isso o múltiplo caiu tanto”, diz.

No caso das empresas de energia elétrica, também presentes na lista de ações baratas com dividendos acima da Selic, Alves ressalta que mesmo melhorando os resultados – em menor magnitude, é bom destacar – os preços dos papéis sofreram principalmente com a concorrência dos juros mais altos. “Os investidores venderam essas ações, consideradas mais defensivas, e voltaram pra a renda fixa”, explica.

Por outro lado, as ações de Unipar e Braskem já são consideradas caras, segundo o levantamento de Alves, dado que seu múltiplo projetado de EV/Ebitda supera a média dos últimos cinco anos. Segundo o analista, a Unipar já está valorizada porque pagou dividendos volumosos nos últimos tempos e, por isso, já vinha sendo vista como uma espécie de “colchão de segurança” para alguns investidores. A Braskem, por sua vez, está passando por um processo de venda: a Petrobras possui participação na empresa e pretende vendê-la, o que acrescenta incertezas aos seus papéis. “São eventos específicos de cada uma”, diz.

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Quais são as melhores opções?

Embora sejam consideradas baratas, poucas empresas indicadas no levantamento são adequadas para estratégias de dividendos no longo prazo e nem todas conseguirão sustentar o patamar de dividend yield superior a 13,75% nos próximos anos, segundo analistas.

A escolha da VG Research é por Petrobras (PETR4) e CPFL (CPFE3). Alves acredita que a Petrobras ainda conseguirá entregar um dividend yield de pelo menos 20% ao ano nos próximos anos, ou pelo menos superará a Selic até 2025 – lembrando que as projeções indicam que a taxa de juros deverá recuar para 7,5% ao ano nesse mesmo intervalo, segundo o Relatório Focus do Banco Central.

Para Júlio Borba, analista da Benndorf Research, Unipar (UNIP6) – embora considerada cara no levantamento de Alves – pode ser uma ação interessante para obter dividendos no longo prazo. Isso porque a empresa, maior produtora de PVC, soda cáustica e cloro na América do Sul, está consolidada frente a pares internacionais como Dow e Canexus. Sua projeção é de que a ação entregue um retorno com dividendos na casa dos 10% nos próximos anos.

Para quem não gosta de Petrobras e tem uma visão de longuíssimo prazo, Borba ainda cita a PetroRio (PRIO3), uma small cap do setor de petróleo que pode vir a pagar dividendos no futuro. Já sobre a Gerdau Metalúrgica (GOAU4), o analista acredita que é possível carregar o ativo por no máximo mais cinco anos, com um dividendo anual na casa dos 8% no período.

Para Sergio Biz, analista e sócio do GuiaInvest, a Copel (CPLE6) é a escolha certa para o longo prazo. O analista projeta um dividend yield de 10% para 2023. Com um preço de entrada de até R$ 7,38, é possível assegurar um bom dividendo, diz.

Nas carteiras de dividendos de bancos e corretoras para agosto figuram nomes como Petrobras (PETR4), Copel (CPLE6), CPFL (CPFE3).

Ações com dividend yield abaixo de 13,75% ao ano também podem ser alternativas para blindar o patrimônio da inflação no longo prazo. A VG Research cita alternativas como Banco do Brasil (BBAS3), com 11% de dividend yield; Banrisul (BRSR6), com 9,5%; Bradesco (BBDC4), com 7,7%; Copasa (CSMG3), com 9%; e Caixa Seguridade (CXSE3), com 10%.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.