Na terra do agro, surge um concorrente no mercado de abastecimento de frota 

Com dois anos de estrada, X7 Bank vem pedindo passagem em um setor que conta com grandes players, como Ticket Log e Shell Box 

Rikardy Tooge

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Com vocação para o agronegócio, Mato Grosso é superlativo quando o assunto é soja, milho e boi. Para conseguir escoar uma produtividade tão robusta, o frete rodoviário é a principal saída, seja para os portos do Sul e do Sudeste ou pelo Arco Norte do país.

São quase 50 mil caminhões que trafegam pelas principais rodovias mato-grossenses diariamente. Portanto, nada mais natural o estado também concentre o nascimento de soluções para a atividade logística.

Criada em Mato Grosso há dois anos, a fintech X7 Bank é uma delas, e vem pedindo passagem dentro de um setor em que grandes nomes, como Ticket Log e Shell, tentam avançar o farol.

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O X7 Bank tem como principal modelo de negócios trabalhar com empresas donas de grandes frotas de caminhões. Dentro dessa estratégia, trouxe para sua carteira de clientes companhias relevantes do agro. O grupo Bom Futuro, de Eraí Maggi Scheffer – um dos maiores produtores de soja do país – é um deles. O grupo Masutti, outra referência na atividade, também utiliza os serviços da fintech.

Apesar das comparações com as concorrentes, o CEO da empresa, Carlos Eduardo Amaral, diz que o principal rival do X7 é a informalidade. “Hoje, ela é cerca de 70% do mercado, muita transação é feita no papel e sem checagem. Somente ao atacar esse problemas, há muito espaço para crescer”, diz ele.

Sem burocracia

Criada por Amaral e outros três sócios, a companhia reúne profissionais com diferentes expertises, do conhecimento em tecnologia até o funcionamento de uma transportadora. Rafael Smozinski, CFO da fintech, é dono de uma empresa de fretes, a Rodolider Transportes, que presta serviço para as principais tradings agrícolas que atuam no país.

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Smozinski aponta que uma das grandes dificuldades observadas na gestão de frota é a de controlar os gastos com combustíveis. Para se ter uma ideia, uma viagem de Mato Grosso ao porto de Santos, em São Paulo, gasta cerca de R$ 10 mil somente em diesel. É o maior custo das transportadoras e dos caminhoneiros autônomos – e responde por cerca de 55% dos gastos da atividade.

“O mercado trabalha muito com as ‘nota prazo’, que nada mais são que papéis com o visto do posto e do motorista. Além da burocracia que a checagem disso exige, o processo acaba não sendo totalmente confiável, o que pode gerar ineficiências para as empresas”, afirma.

Para solucionar esta “dor” do mercado, o X7 entrega uma arbitragem de valores, ou seja, o preço que foi autorizado no app deverá ser o mesmo da nota fiscal lançada pelo posto no sistema das Fazendas estaduais. Essa dupla checagem ajuda a evitar possíveis fraudes.

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“Quando você visita uma transportadora, a mesa do setor de contabilidade é inundada de papelada, nosso aplicativo automatiza e entrega esses dados prontos para as empresas”, reforça Smozinski.

Sócios do X7 Bank: Julio Vitor (COO), Carlos Eduardo (CEO), Anhicolas Olsen (CTO) e Rafael Smozinski (CFO) (Divulgação)
Sócios do X7 Bank: Julio Vitor (COO), Carlos Eduardo (CEO), Anhicolas Olsen (CTO) e Rafael Smozinski (CFO) (Divulgação)

Pagamento ágil e faturamento

A fintech também promete realizar o pagamento das operações aos postos em D+1, enquanto a praxe do mercado para as notas prazo é de D+15. Outra vantagem é a negociação coletiva que o X7 realiza com as redes de postos, o que pode garantir uma redução do preço por litro de até R$ 0,40.

“Os postos gostam da nossa agilidade de pagamento e os clientes também observam uma economia e uma eficiência maior”, diz Smozinski. Segundo o executivo, um dos clientes já notou uma economia de R$ 7 mil por dia após entrar no sistema da fintech.

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Atualmente, a empresa possui parceria com mil postos pelo país e atende uma frota de mais de dois mil caminhões, de 98 empresas. Com uma taxa média de 1,5% por valor da transação, o faturamento previsto pela empresa para este ano é de R$ 250 milhões, com a meta de alcançar os R$ 500 milhões no próximo ano. Os sócios destacam que a operação do X7 já gera lucro.

“Nós temos uma abrangência nacional, atendemos operações de Rondônia até o porto de Rio Grande”, reforça Carlos Eduardo Amaral.

Apesar dos números já serem relevantes, os sócios indicam que o mercado é bem maior do que isso, e que há muito potencial para crescimento. Atualmente, o Brasil conta com uma frota de 2,5 milhões de caminhões, entre motoristas autônomos e empresas de frete. Desse total, calcula a empresa, pelo menos R$ 12 bilhões ao ano são destinados para a compra de combustíveis.

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Desafios do crescimento

Um dos desafios para a operação do X7 Bank ganhar mais tração é o funding, que hoje é feito 100% pelos sócios, enquanto a operação de tesouraria é tocada pelo Itaú. No modelo de negócios da fintech, ela fica responsável por antecipar os valores aos postos – eles são pagos em D+1, mas as empresas quitam o débito em D+12. Isso exige um fluxo de caixa de cerca de R$ 40 milhões por mês atualmente, podendo chegar a R$ 60 milhões nas épocas de colheita.

Amaral afirma que a empresa já está estruturando um balanço auditado para conseguir se apresentar aos investidores. Outra alternativa é a emissão de debêntures. Enquanto nenhum aporte chega, a companhia busca autorização do Banco Central para poder emitir cartões de créditos e outros serviços financeiros.

Ademais, o X7 está desenvolvendo um projeto focado para atender os motoristas autônomos, que será lançado em 2023. A ideia é que a plataforma também ofereça a eles preços competitivos, além de outras facilidades, como uma estimativa de gastos na rota de entrega e descontos em refeições e paradas para descanso.

“É um mercado enorme que podemos explorar. Nós atacamos a parte mais difícil e entendemos que os próximos produtos serão complementares, mas, para isso, precisamos de mais música [dinheiro] para dançar”, brinca Carlos Eduardo Amaral.

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br