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Com vocação para o agronegócio, Mato Grosso é superlativo quando o assunto é soja, milho e boi. Para conseguir escoar uma produtividade tão robusta, o frete rodoviário é a principal saída, seja para os portos do Sul e do Sudeste ou pelo Arco Norte do país.
São quase 50 mil caminhões que trafegam pelas principais rodovias mato-grossenses diariamente. Portanto, nada mais natural o estado também concentre o nascimento de soluções para a atividade logística.
Criada em Mato Grosso há dois anos, a fintech X7 Bank é uma delas, e vem pedindo passagem dentro de um setor em que grandes nomes, como Ticket Log e Shell, tentam avançar o farol.
O X7 Bank tem como principal modelo de negócios trabalhar com empresas donas de grandes frotas de caminhões. Dentro dessa estratégia, trouxe para sua carteira de clientes companhias relevantes do agro. O grupo Bom Futuro, de Eraí Maggi Scheffer – um dos maiores produtores de soja do país – é um deles. O grupo Masutti, outra referência na atividade, também utiliza os serviços da fintech.
Apesar das comparações com as concorrentes, o CEO da empresa, Carlos Eduardo Amaral, diz que o principal rival do X7 é a informalidade. “Hoje, ela é cerca de 70% do mercado, muita transação é feita no papel e sem checagem. Somente ao atacar esse problemas, há muito espaço para crescer”, diz ele.
Sem burocracia
Criada por Amaral e outros três sócios, a companhia reúne profissionais com diferentes expertises, do conhecimento em tecnologia até o funcionamento de uma transportadora. Rafael Smozinski, CFO da fintech, é dono de uma empresa de fretes, a Rodolider Transportes, que presta serviço para as principais tradings agrícolas que atuam no país.
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Smozinski aponta que uma das grandes dificuldades observadas na gestão de frota é a de controlar os gastos com combustíveis. Para se ter uma ideia, uma viagem de Mato Grosso ao porto de Santos, em São Paulo, gasta cerca de R$ 10 mil somente em diesel. É o maior custo das transportadoras e dos caminhoneiros autônomos – e responde por cerca de 55% dos gastos da atividade.
“O mercado trabalha muito com as ‘nota prazo’, que nada mais são que papéis com o visto do posto e do motorista. Além da burocracia que a checagem disso exige, o processo acaba não sendo totalmente confiável, o que pode gerar ineficiências para as empresas”, afirma.
Para solucionar esta “dor” do mercado, o X7 entrega uma arbitragem de valores, ou seja, o preço que foi autorizado no app deverá ser o mesmo da nota fiscal lançada pelo posto no sistema das Fazendas estaduais. Essa dupla checagem ajuda a evitar possíveis fraudes.
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“Quando você visita uma transportadora, a mesa do setor de contabilidade é inundada de papelada, nosso aplicativo automatiza e entrega esses dados prontos para as empresas”, reforça Smozinski.
Pagamento ágil e faturamento
A fintech também promete realizar o pagamento das operações aos postos em D+1, enquanto a praxe do mercado para as notas prazo é de D+15. Outra vantagem é a negociação coletiva que o X7 realiza com as redes de postos, o que pode garantir uma redução do preço por litro de até R$ 0,40.
“Os postos gostam da nossa agilidade de pagamento e os clientes também observam uma economia e uma eficiência maior”, diz Smozinski. Segundo o executivo, um dos clientes já notou uma economia de R$ 7 mil por dia após entrar no sistema da fintech.
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Atualmente, a empresa possui parceria com mil postos pelo país e atende uma frota de mais de dois mil caminhões, de 98 empresas. Com uma taxa média de 1,5% por valor da transação, o faturamento previsto pela empresa para este ano é de R$ 250 milhões, com a meta de alcançar os R$ 500 milhões no próximo ano. Os sócios destacam que a operação do X7 já gera lucro.
“Nós temos uma abrangência nacional, atendemos operações de Rondônia até o porto de Rio Grande”, reforça Carlos Eduardo Amaral.
Apesar dos números já serem relevantes, os sócios indicam que o mercado é bem maior do que isso, e que há muito potencial para crescimento. Atualmente, o Brasil conta com uma frota de 2,5 milhões de caminhões, entre motoristas autônomos e empresas de frete. Desse total, calcula a empresa, pelo menos R$ 12 bilhões ao ano são destinados para a compra de combustíveis.
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Desafios do crescimento
Um dos desafios para a operação do X7 Bank ganhar mais tração é o funding, que hoje é feito 100% pelos sócios, enquanto a operação de tesouraria é tocada pelo Itaú. No modelo de negócios da fintech, ela fica responsável por antecipar os valores aos postos – eles são pagos em D+1, mas as empresas quitam o débito em D+12. Isso exige um fluxo de caixa de cerca de R$ 40 milhões por mês atualmente, podendo chegar a R$ 60 milhões nas épocas de colheita.
Amaral afirma que a empresa já está estruturando um balanço auditado para conseguir se apresentar aos investidores. Outra alternativa é a emissão de debêntures. Enquanto nenhum aporte chega, a companhia busca autorização do Banco Central para poder emitir cartões de créditos e outros serviços financeiros.
Ademais, o X7 está desenvolvendo um projeto focado para atender os motoristas autônomos, que será lançado em 2023. A ideia é que a plataforma também ofereça a eles preços competitivos, além de outras facilidades, como uma estimativa de gastos na rota de entrega e descontos em refeições e paradas para descanso.
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“É um mercado enorme que podemos explorar. Nós atacamos a parte mais difícil e entendemos que os próximos produtos serão complementares, mas, para isso, precisamos de mais música [dinheiro] para dançar”, brinca Carlos Eduardo Amaral.
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