Venda bilionária de ativos, ajuda à Samarco e mais 3 destaques da Apimec da Vale

Mineradora realizou uma reunião com analistas e investidores nesta quinta e falou sobre projeções de produção, o caso da Samarco e o projeto S11D

Rodrigo Tolotti

(Divulgação)
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SÃO PAULO – A Vale (VALE3; VALE5) realizou nesta quinta-feira (16) pela manhã uma reunião com analistas e investidores, organizado pela Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais). Na ocasião, a mineradora falou sobre o caso da Samarco e ainda traçou suas projeções para os próximos anos, ressaltando que 2016 e 2017 serão anos de “transição” nos negócios.

Veja abaixo 5 importantes pontos comentados na reunião:

Samarco
Sobre sua controlada, envolvida no acidente de Marina no fim do ano passado, o diretor de controladoria e relações com investidores da Vale, Rogério Nogueira, afirma que a expectativa é que a companhia não vá precisar injetar capital para conseguir fazer com que a Samarco honre suas obrigações com credores como com o fundo que será usado para a reconstrução da região em que ela opera.

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“No nosso cenário base, a Samarco volta a operar, honra seus compromissos e não vai precisar de aporte de recursos dos controladores”, afirmou durante o evento. Ele lembra que o pagamento só deverá ser feito pela Vale se a controlada não tiver como pagar as despesas, porque a controladora possui responsabilidade subsidiária junto com a BHP.

Para ele, a maior dificuldade será conseguir os novos licenciamentos para que a Samarco construa uma nova barragem e volta a operar. A expectativa era de que isso pudesse ocorrer ainda este ano, mas o cenário mudou e agora a projeção é apenas para 2017. “Há um componente político e social importante, é necessário que a sociedade queira a volta”, disse Nogueira. “Podemos gerar um impacto positivo na região, tanto socioeconômico como ambiental”, completou.

Projeto S11D
Considerado o maior projeto da história da companhia, o S11D,  projeto de minério de ferro em Carajás (PA), também foi assunto durante a reunião. Segundo Nogueira, grande parte dos investimentos da mineradora a partir de agora serão concentrados neste projeto, sendo que mais da metade do que está previsto será feito ainda este ano, com uma expectativa de US$ 2,6 bilhões.

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No total, a Vale ainda precisa investir aproximadamente US$ 5 bilhões no projeto S11D. O montante final, ressaltou Nogueira, vai depender da taxa cambial, já que cerca de 80% do valor é contabilizado em reais. A primeira produção comercial continua estimada para o início de 2017.

Venda de ativos
O executivo ainda comentou sobre as possibilidades para que a companhia consiga reforçar seu balanço mesmo neste período de transição. Segundo ele, a Vale pretende vender entre US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões em ativos não estratégicos.

Para os próximos 12 meses, a mineradora espera vender mais alguns dos sete navios Valemax que possui em patrimônio, disse Nogueira. Além disso, segundo ele, uma operação como a venda de ações preferenciais da MBR pode ser feita. “É uma alternativa de complexidade intermediária”, afirmou.

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O diretor também destacou a possibilidade de a Vale conseguir a venda de volumes futuros de metais preciosos, em um processo chamado de “streaming”. Nesse caso, afirmou, a Vale não tem pressa para fechar acordos e espera o melhor valor possível. “Na verdade, o ritmo desse processo, o nosso apetite para nos desfazer de ativos, pode mudar dependendo do mercado de minério de ferro”, completou Nogueira.

Minério de ferro
Nogueira disse acreditar que o mercado transoceânico do minério de ferro crescerá de 6% a 8% ao ano até 2020. “O mercado nunca operou com um nível de produção tão alto”, disse. “A Vale segue aumentando, mas Rio Tinto e BHP Billiton, por exemplo, também crescem demais. É difícil manter esse nível, começa a exaustão das minas e a reposição não tão alta”.

Além disso, para ele, a oferta deve crescer, mas com participação cada vez menor do mercado chinês. As mineradoras locais não devem voltar a operar como no passado, abrindo espaço para conquistar mais mercado no país asiático, afirmou. Nogueira completou afirmando que, com balanços ainda fracos, os investimentos podem ficar restritos e fazerem, na verdade, a produção do minério cair.

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Níquel
Se a expectativa é positiva para o minério, a projeção para o níquel – em que a vale é a maior produtora do mundo – é a pior possível, com o mercado internacional podendo entrar em déficit apenas em 2020. O executivo disse que o excesso de oferta deve ser grande a partir do ano que vem, mas com tendência de queda.

A expectativa da Vale é que falte cerca de 495 mil toneladas de cobre no mercado internacional em 2020. “Os investimentos das grandes produtoras, como a Codelco, já começa a se reduzir, e as minas provavelmente terão a qualidade de seu produto em queda”, disse Nogueira. “A recuperação dos preços deve ser rápida à medida em que o mercado se equilibre, por conta dos estoques mais ou menos estáveis”, completou.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.