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Um dos negócios de maior crescimento no ramo das energias renováveis no Brasil, a Casa dos Ventos, fundada pelo empresário Mário Araripe (ex-dono da Troller), está com um novo sócio: a gigante francesa Total. O contrato, que vinha sendo alvo de conversas havia meses, já está fechado, conforme apurou o Estadão. Segundo fontes próximas ao assunto, a multinacional pagou pouco mais de R$ 3 bilhões por um total de 35% da Casa dos Ventos. O acordo deve ser anunciado nos próximos dias.
A Total, que é mais conhecida por sua atuação no setor de petróleo, tem forte atuação no Brasil, onde adquiriu a rede de postos de combustíveis Ale, que posteriormente passaram a usar sua marca. No entanto, o grupo francês tem uma subsidiária dedicada às energias renováveis, a Total Eren, que também possui uma filial brasileira. Segundo o Estadão apurou, funcionários desta companhia já teriam sido avisados sobre o negócio com a Casa dos Ventos.
Procuradas, a Total e a Casa dos Ventos não responderam aos contatos da reportagem.
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Origem da Casa dos Ventos
Nos seus 15 anos de existência, a Casa dos Ventos foi responsável por desenvolver um terço de todos os projetos eólicos em operação e em construção no País – resultado que ajudou a colocar o empresário Mário Araripe entre os homens mais ricos do Brasil, segundo a revista Forbes. Araripe criou a empresa de energia eólica após vender a montadora Troller para a Ford, em 2006.
Com dinheiro em caixa e tempo livre, ele começou a estudar o assunto por influência do amigo e ex-colega de faculdade no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) Odilon Camargo – considerado o maior medidor de ventos do Brasil e responsável pelo Mapa Eólico do Brasil. Naquela época, falar em energia eólica soava quase como poesia. A fonte não tinha competitividade nem interesse por parte do governo, que apostava nas grandes hidrelétricas.
A virada ocorreu em 2009, com o primeiro leilão de energia eólica e a surpreendente competitividade da fonte. Nessa altura, a Casa dos Ventos, embora recém criada, já começava a se posicionar no mercado, com alguns projetos em desenvolvimento. Um deles foi um investimento em parceria com a estatal Chesf, em 2010. Dois anos depois, conseguiu vender, sozinha, cerca de 600 MW de parques eólicos em leilão do governo.
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Nesse tempo todo, uma das maiores características da empresa de Araripe foi se diversificar e buscar novos negócios. Soube aproveitar o momento de ser apenas desenvolvedora de projetos para terceiros, depois de virar investidora e agora de lucrar com a venda da energia no mercado livre.
“Nosso objetivo é que a empresa se torne líder em geração renovável no Brasil”, disse ao Estadão, em março, o diretor de novos negócios da companhia, Lucas Araripe, filho do fundador. Segundo ele, até 2026, a Casa dos Ventos terá cerca de 6 mil MW de capacidade instalada – ou seja, quase um Complexo do Rio Madeira em energia eólica e solar.
Nos últimos tempos, a Casa dos Ventos também tem fechado projetos com empresas para garantir que indústrias sejam abastecidas de energia com fontes renováveis. Acordos do tipo já foram assinados com companhias como a Vulcabrás (dona da Azaleia e da Olympikus), a Baterias Moura e a gigante da mineração Anglo American.
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Financiamento
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 690 milhões para quatro parques de geração de energia eólica da Casa dos Ventos em desenvolvimento na Bahia, informou nesta terça-feira a instituição de fomento. Parte do financiamento se dará por empréstimo, parte pela subscrição de debêntures a serem emitidas pela empresa.
Os quatro parques – Ventos de São Januário 16, Ventos de São Januário 17, Ventos de São Januário 18 e Ventos de São Januário 19 – ficam nos municípios baianos de Várzea Nova e Morro do Chapéu. Segundo o BNDES, as capacidades instaladas dos quatro parques eólicos, somadas, é de 288 megawatts (MW), o “suficiente para atender cerca de 744 mil residências”.
Os quatro parques eólicos integram o Complexo Eólico Babilônia Sul, projeto que inclui também investimentos “nos sistemas de transmissão associados”.
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O BNDES informou ainda que o pacote de financiamento teve também a participação, via emissão de debêntures de infraestrutura, do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e do Banco do Nordeste, além de recursos próprios do grupo Casa dos Ventos.
“Os recursos serão utilizados na aquisição de aerogeradores nacionais, realização de obras civis e prestação de serviços técnicos especializados”, diz a nota divulgada pelo BNDES.
(Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)