Total compra 35% da gigante de energia renovável Casa dos Ventos por R$ 3 bilhões

O contrato, que vinha sendo alvo de conversas havia meses, já está fechado e deve ser anunciado nos próximos dias

Estadão Conteúdo

(Karsten Würth/Unsplash)
(Karsten Würth/Unsplash)

Publicidade

Um dos negócios de maior crescimento no ramo das energias renováveis no Brasil, a Casa dos Ventos, fundada pelo empresário Mário Araripe (ex-dono da Troller), está com um novo sócio: a gigante francesa Total. O contrato, que vinha sendo alvo de conversas havia meses, já está fechado, conforme apurou o Estadão. Segundo fontes próximas ao assunto, a multinacional pagou pouco mais de R$ 3 bilhões por um total de 35% da Casa dos Ventos. O acordo deve ser anunciado nos próximos dias.

A Total, que é mais conhecida por sua atuação no setor de petróleo, tem forte atuação no Brasil, onde adquiriu a rede de postos de combustíveis Ale, que posteriormente passaram a usar sua marca. No entanto, o grupo francês tem uma subsidiária dedicada às energias renováveis, a Total Eren, que também possui uma filial brasileira. Segundo o Estadão apurou, funcionários desta companhia já teriam sido avisados sobre o negócio com a Casa dos Ventos.

Procuradas, a Total e a Casa dos Ventos não responderam aos contatos da reportagem.

Origem da Casa dos Ventos

Nos seus 15 anos de existência, a Casa dos Ventos foi responsável por desenvolver um terço de todos os projetos eólicos em operação e em construção no País – resultado que ajudou a colocar o empresário Mário Araripe entre os homens mais ricos do Brasil, segundo a revista Forbes. Araripe criou a empresa de energia eólica após vender a montadora Troller para a Ford, em 2006.

Com dinheiro em caixa e tempo livre, ele começou a estudar o assunto por influência do amigo e ex-colega de faculdade no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) Odilon Camargo – considerado o maior medidor de ventos do Brasil e responsável pelo Mapa Eólico do Brasil. Naquela época, falar em energia eólica soava quase como poesia. A fonte não tinha competitividade nem interesse por parte do governo, que apostava nas grandes hidrelétricas.

A virada ocorreu em 2009, com o primeiro leilão de energia eólica e a surpreendente competitividade da fonte. Nessa altura, a Casa dos Ventos, embora recém criada, já começava a se posicionar no mercado, com alguns projetos em desenvolvimento. Um deles foi um investimento em parceria com a estatal Chesf, em 2010. Dois anos depois, conseguiu vender, sozinha, cerca de 600 MW de parques eólicos em leilão do governo.

Continua depois da publicidade

Nesse tempo todo, uma das maiores características da empresa de Araripe foi se diversificar e buscar novos negócios. Soube aproveitar o momento de ser apenas desenvolvedora de projetos para terceiros, depois de virar investidora e agora de lucrar com a venda da energia no mercado livre.

“Nosso objetivo é que a empresa se torne líder em geração renovável no Brasil”, disse ao Estadão, em março, o diretor de novos negócios da companhia, Lucas Araripe, filho do fundador. Segundo ele, até 2026, a Casa dos Ventos terá cerca de 6 mil MW de capacidade instalada – ou seja, quase um Complexo do Rio Madeira em energia eólica e solar.

Nos últimos tempos, a Casa dos Ventos também tem fechado projetos com empresas para garantir que indústrias sejam abastecidas de energia com fontes renováveis. Acordos do tipo já foram assinados com companhias como a Vulcabrás (dona da Azaleia e da Olympikus), a Baterias Moura e a gigante da mineração Anglo American.

Continua depois da publicidade

Financiamento

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 690 milhões para quatro parques de geração de energia eólica da Casa dos Ventos em desenvolvimento na Bahia, informou nesta terça-feira a instituição de fomento. Parte do financiamento se dará por empréstimo, parte pela subscrição de debêntures a serem emitidas pela empresa.

Os quatro parques – Ventos de São Januário 16, Ventos de São Januário 17, Ventos de São Januário 18 e Ventos de São Januário 19 – ficam nos municípios baianos de Várzea Nova e Morro do Chapéu. Segundo o BNDES, as capacidades instaladas dos quatro parques eólicos, somadas, é de 288 megawatts (MW), o “suficiente para atender cerca de 744 mil residências”.

Os quatro parques eólicos integram o Complexo Eólico Babilônia Sul, projeto que inclui também investimentos “nos sistemas de transmissão associados”.

Continua depois da publicidade

O BNDES informou ainda que o pacote de financiamento teve também a participação, via emissão de debêntures de infraestrutura, do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e do Banco do Nordeste, além de recursos próprios do grupo Casa dos Ventos.

“Os recursos serão utilizados na aquisição de aerogeradores nacionais, realização de obras civis e prestação de serviços técnicos especializados”, diz a nota divulgada pelo BNDES.

(Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)