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Quando comprou a Hering, em abril de 2021, o Grupo Soma (SOMA3) não sabia de todos os problemas operacionais que teria de resolver antes de implementar sua estratégia de dar uma nova cara à marca. O diagnóstico foi que a rede de roupas básicas tinha dificuldades para abastecer as lojas, além de problemas de definição de preço. Dono da Farm e da Animale, o Soma não tinha experiência com produtos de maior volume e baixo custo – o que explica a demora em fazer o negócio virar a chave.
Em um relatório recente, os analistas do Citi João Pedro Soares, Sergio Matsumoto e Felipe Reboredo disseram conceder o “benefício da dúvida” ao Soma em relação à capacidade de o grupo atingir as metas de crescimento. A rota mais difícil, na visão dos analistas, é justamente a virada operacional da Hering, que representa cerca de 40% das vendas do Soma. O grupo disputou palmo a palmo a Hering com a Arezzo, em 2021, em um negócio de mais de R$ 5 bilhões.
“A dúvida é natural e inerente ao momento. Se olharmos os últimos cinco anos de Hering, antes da pandemia, o mercado se tornou cético porque a empresa passou por um processo de estagnação de crescimento. Foram sequências de trimestres após trimestres nos quais não se via crescimento consistente. A palavra-chave agora é consistência”, avalia Gabriel Lobo, diretor financeiro do Soma.
Dentro do grupo, quem lidera esse momento de transformação é um executivo que leva a marca no sobrenome: Thiago Hering. Membro da família fundadora, ele avalia a evolução do plano, que vai até 2026, como positiva. Esse planejamento foi dividido em duas partes: a primeira focada na eficiência operacional e a segunda, na marca.
A expectativa é de que, em 2023, a primeira fase já esteja mais adiantada. Ao fim de 2021, a Hering não conseguia entregar 27% do que vendia para multimarcas e franquias. Ao fim deste ano, a previsão é de que esse índice seja de 13% – o alvo do setor é de 10%. Em 2021, a média de atrasos para entregas na rede própria e e-commerce foi de 27 dias. Hoje, a demora é de 20 dias.
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Para atingir esses índices, Thiago Hering conta que o Grupo Soma tem agregado à rede tecnologia, inteligência artificial e algoritmos. Além disso, uma melhor gestão de sortimento, com a concentração de receita em um menor número artigos, tem ajudado a estabelecer preços mais adequados às peças.
Na parte de abastecimento, o foco principal tem sido aumentar a capacidade produtiva. A companhia tem buscado fornecedores fora de Goiás, onde a Hering estava focada. Com a melhoria dos estoques, o índice de ruptura tem caído. Há um ano, estava em 5% nas lojas próprias e em 10% nas franquias; agora, caiu para 1% e 5%, respectivamente.
Para o Citi, se o Soma conseguir acelerar o ritmo de crescimento da Hering, estima-se a criação de valor de aproximadamente R$ 3,40, em média, por ação. Eles pontuam, porém, que a atribuição de “alto risco” se baseia no tempo limitado do Soma como empresa listada, aos problemas inerentes do setor de moda e a questões pontuais de execução relativas à Hering.
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Para a XP, o quadro é mais otimista. Os analistas fizeram visita às operações da Hering, em Blumenau (SC). “Saímos ainda mais confiantes de que a empresa continuará entregando resultados melhores”, escreveram Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.