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SÃO PAULO – Antonio Setin criou sua incorporadora em 1979, em um momento de baixa do mercado imobiliário e após ser aconselhado por um conhecido a não entrar no setor. Mesmo assim, construiu o que é hoje uma das maiores empresas do cenário de São Paulo. O empreendedor, portanto, rapidamente se acostumou aos altos e baixos desse mercado. Mas o ano de 2008 foi diferente.
“No final de 2008 eu estava em Nova York com a minha mulher e meu telefone tocou. Era meu sócio dizendo que a gente ia quebrar”, relembrou o fundador da Setin Incorporadora em entrevista ao podcast Do Zero ao Topo. É possível seguir e escutar a entrevista completa pela ApplePodcasts, Spotify, Deezer, Spreaker, Google Podcast, Castbox e demais agregadores.
Na época, a Setin tinha acabado de passar por uma fusão com a incorporadora Klabin Segall e, com planos ambiciosos de expansão, precisava urgentemente de novas captações na Bolsa para continuar operando. Mas o mercado acionário, como se sabe, estava à beira de um colapso.
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A saída então foi a venda da Klabin Segall para o que anos depois se tornaria a PDG — em recuperação judicial desde 2017. Antonio, no entanto, seguiu um caminho diferente: recuperou o nome da Setin e recomeçou os negócios. Toda essa crise trouxe lições importantes que utiliza nos negócios até hoje.
“Na época tínhamos muitos empreendimentos ao redor de São Paulo e filial no Rio de Janeiro. Quando eu voltei com meu negócio, decidi que a Setin só iria fazer negócio onde dá pra ir de carro”, disse.
“Aprendi que no mercado imobiliário é melhor fazer bem feito onde você conhece, do que desperdiçar energia e foco em outras praças. O Brasil é uma soma de países, são vários mundos e é difícil entender todos esses mercados. Você acaba fazendo bobagem”, afirmou.
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Uma outra lição aprendida por Setin naquele momento foi com relação ao controle da empresa. “Quando vieram IPOs [Ofertas Iniciais de Ações, na sigla em inglês] imobiliários, algumas empresas viraram corporações, sem controlador definido. A gente achava que ia ar certo e se mostrou completamente diferente. As empresas bem sucedidas desse setor, mesmo de capital aberto, todas tem dono. Esse negócio precisa de dono”, disse ao Do Zero ao Topo.
Sucessão dos negócios
Pouco depois, uma outra figura importante também retornou à empresa: Bianca Setin. Filha de Antonio, Bianca cresceu juntamente com companhia e auxiliou no desenvolvimento de hotéis dentro da incorporadora — responsáveis pela ascensão da Setin nos anos 1990 e início dos anos 2000.
Hoje na diretoria de operações, ela se prepara para assumir o comando dos negócios e se tornar um dos raríssimos casos de CEO mulher no setor imobiliário.
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“Ela hoje está com uma carga de responsabilidade bastante relevante. Estamos profissionalizando a empresa e a Bianca está à frente da maioria desses processos”, conta Setin.
“Como assumi muitas responsabilidades dele e tenho uma cabeça mais digital, por ser de outra geração, eu tento pensar no melhor para a empresa com a cabeça dele e a minha visão”, diz Bianca.
Recuperação pós-pandemia
Se em um primeiro momento a pandemia paralisou as vendas da Setin e de outras incorporadoras, a recuperação foi rápida.
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Em julho a companhia registrou seu segundo melhor mês em vendas nos últimos dez anos. O número de lançamentos para este ano deve totalizar um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 450 milhões em oito empreendimentos. Antes da pandemia, a companhia previa lançamentos na ordem de R$ 900 milhões de VGV.
“Postergamos metade dos lançamentos para o próximo ano, mas estamos até arrependidos, porque se tivéssemos tudo na mão poderíamos lançar tudo”, diz Antonio. “Hoje você tem o desejo de imóveis maiores — gerado pela pandemia — com o cenário de taxa de juros e financiamento muito baixos. Se a gente continuar com a taxa de juro baixa, voltar a criar empregos e fizer algumas reformas, o mercado imobiliário vai bombar.”
Sobre o Do Zero ao Topo
O podcast Do Zero ao Topo traz, a cada semana, um empresário de destaque no mercado brasileiro para contar a sua história, compartilhando os maiores desafios enfrentados ao longo do caminho e as principais estratégias utilizadas na construção do negócio.
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O programa já recebeu nomes como André Penha, cofundador do QuintoAndar, David Neeleman, fundador da Azul, José Galló, executivo responsável pela ascensão da Renner, Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos, Artur Grynbaum, CEO do Grupo Boticário, Sebastião Bonfim, criador da Centauro e Edgard Corona, da rede Smart Fit.