Sem smartphones, LG aposta no B2B para ampliar faturamento no Brasil

Projetos especiais voltados às necessidades de cada cliente empresarial devem representar metade da receita da marca no país até 2025

Wesley Santana

Painel de LED é um dos produtos personalizados para empresas pela LG. Foto: Divulgação
Painel de LED é um dos produtos personalizados para empresas pela LG. Foto: Divulgação

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Depois de uma revisão na estratégia global, em 2021, a LG resolveu parar de fabricar e vender smartphones. Essa decisão esteve alinhada aos resultados financeiros da marca, que fechou o ano anterior com um prejuízo equivalente a US$ 1 bilhão na divisão de celulares, conforme balanço financeiro divulgado na época.

O fechamento desta vertical de negócios permitiu que a empresa reajustasse a rota para mercados que, em sua visão, trariam mais sucesso nos anos seguintes. Um desses segmentos é o LG para Empresas, do modelo B2B, em que são desenvolvidos projetos especiais voltados às necessidades de cada cliente empresarial.

Ao InfoMoney, Rodrigo Fiani, vice-presidente de vendas B2B da LG, destaca que a marca tem feito investimentos no atendimento de corporações e que essa frente de negócio já é responsável por quase 30% do faturamento. Segundo ele, a expectativa da companhia sul-coreana é que essa divisão some mais da metade da receita total no horizonte de dois anos.

“A meta é que o B2B alcance, até o final de 2025, a metade do faturamento da LG no Brasil. Não é que a companhia queira diminuir a participação do consumidor final, mas, sim, aumentar o atendimento de empresas”, destaca Fiani.

Para chegar a este resultado, o portfólio empresarial da marca de Seul se divide em várias soluções, mas traz dois principais segmentos como destaque. São eles: de ar condicionado, com tecnologias específicas para hotéis, lojas do varejo e até hospitais; e de telas, em que monta displays personalizados para ambientes internos e externos. 

Neste segundo caso, a empresa aproveita a expertise que traz do mercado B2C, já que é dona da tecnologia OLED, no objetivo de liderar a fabricação e venda de telas. Esses painéis podem ser encontrados em diferentes lugares e formatos, dos monitores que exibem cardápios dentro de lojas às grandes telas de mídia OOH (publicidade que atinge o público fora de casa) em cartões-postais pelo mundo, como a Times Square, em Nova York.

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“O papel do B2B é proporcionar às empresas uma solução que, com um projeto bem feito, seja de qual for o segmento, permita que o dono se concentre no core do seu negócio. Temos feito um trabalho de formiga para explicar tecnicamente os benefícios das nossas soluções e temos, inclusive, investido muito em treinamento e capacitação profissional”.

Elétricos ainda no papel

Em seu último relatório, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) destacou que o mercado global de baterias para veículos elétricos é altamente concentrado. Entre as três empresas que dominam 65% da produção mundial, está a LG, que tem estratégias agressivas em vários lugares do mundo, sobretudo na Europa e Ásia.

No Brasil, porém, a atuação da companhia neste segmento ainda é incipiente, em razão da baixa adesão do público por estes automóveis. Estima-se que a frota eletrificada do Brasil gire em torno de 130 mil, entre os veículos puramente elétricos e híbridos, dentro de um universo de 100 milhões de carros.

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Considerando o tamanho do potencial brasileiro, a LG até tem planos de fornecer baterias e carregadores no país, mas ainda não há um projeto concreto sobre como e quando, segundo Fiani. O executivo lembra que, no ano passado, a sul-coreana adquiriu uma participação majoritária na fabricante de carregadores compactos AppleMango, em um acordo estimado em US$ 7,8 bilhões, conforme divulgado pela imprensa americana. 

“Nós vamos começar a caminhar por mercados novos, e o carregador veicular é um dos produtos que devem ser trazidos para o Brasil”, diz. “Quando se fala em carro elétrico, ainda falta regulamentação e não tem um modelo de negócio muito bem definido, então por isso não trouxemos ainda.”

Em sua avaliação, em âmbito nacional, a entrada no nicho de eletrificados é um movimento que deve ocorrer naturalmente, uma vez que as montadoras já planejam parar de fabricar versões à combustão nos próximos anos. “Vai acontecer, mas em um tempo que ainda não dá para precisar”, afirma.

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“Esse é um setor muito jovem no país. Nós já estamos em mercados mais consolidados, mas vamos trazer isso para cá. Eu vejo o B2B como uma força bem pujante nos negócios, no futuro bem próximo. Acredito que nos próximos 5 anos estaremos bem diversificados e solidificados nessa frente [de veículos elétricos]”, finaliza.