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Por Jake Spring
SÃO PAULO (Reuters) – A legalização da mineração em terras indígenas e outras áreas protegidas na floresta amazônica do Brasil levaria a novos desmatamentos de milhares de quilômetros quadrados, de acordo com um estudo publicado nesta quinta-feira.
O presidente Jair Bolsonaro defende nova mineração em áreas protegidas da floresta amazônica, argumentando que o garimpo informal deve ser legalizado para ajudar a tirar a região da pobreza.
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Defensores da legalização afirmam que o setor seria mais regulamentado e, assim, conservaria a cobertura florestal, mas os autores do estudo concluíram que não é esse o caso.
O estudo mostrou que tais políticas colocariam em risco a maior floresta tropical do mundo, acelerando o desmatamento que alimenta as mudanças climáticas.
Publicado na revista Nature Sustainability, o estudo modelou o que aconteceria se 10 áreas nos Estados do Amapá e do Pará fossem abertas ao garimpo, incluindo a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), dois territórios indígenas e várias reservas naturais.
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Isso permitiria o desenvolvimento de cerca de 242 jazida minerais adicionais de ouro, cobre e outros minerais, segundo o estudo. Mas esse desenvolvimento também levaria ao desmatamento de cerca de 7.626 quilômetros quadrados –uma área equivalente a 5 vezes o município de São Paulo– nos próximos 30 anos.
Os pesquisadores compararam isso com uma estimativa de 4.254 quilômetros quadrados de desmatamento se as proteções continuarem em sua forma atual.
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“O artigo preconiza o tamanho do prejuízo e o que pode acontecer se o incentivo à mineração em áreas protegidas continuar sendo promovido por esse governo”, disse Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), que não participou da pesquisa.
As minas em si criariam relativamente pouco desmatamento direto, mas a construção de novas estradas para alcançá-los permitiria aos madeireiros ilegais, grileiros e pecuaristas um acesso mais fácil a partes relativamente intocadas da floresta.
A destruição potencial seria ainda maior se a mesma metodologia fosse aplicada em toda a Amazônia, segundo Juliana Siqueira-Gay, engenheira ambiental e principal autora do estudo.
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Novas áreas de mineração estão frequentemente em algumas das áreas de maior biodiversidade do planeta e só devem ser abertas se houver planos para evitar essa destruição adicional, disse ela, que conduziu o estudo enquanto estava na Universidade de São Paulo e agora trabalha no think tank de sustentabilidade Instituto Escolhas.
Segundo Philip Fearnside, ecologista do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o estudo informa o debate político ao quantificar o que está em jogo, mas argumenta que os autores deveriam ir mais longe.
“Eu diria apenas ‘Não, não abra para a mineração'”, disse Fearnside.
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