Retailtech levanta rodada milionária para organizar prateleiras de supermercados de clientes como Carrefour e Assaí

Retailtech Mob2Con captou R$ 5 milhões e usa inteligência artificial para aumentar eficiência operacional do varejo

Wesley Santana

Getty Images
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A startup de soluções para o varejo Mob2Con anunciou, nesta quarta-feira (17), um aporte de R$ 5 milhões feito pelo fundo de investimento Hindiana, que tem Rappi e Petlove no portfólio. O valor deve servir para ampliar a atuação no mercado nacional e desenvolver novos produtos voltados às redes de supermercado, que é o principal campo de atuação.

A Mob2Con foi fundada em 2015 com o objetivo de melhorar a distribuição e disposição de produtos em lojas de supermercado, tentando resolver o problema dos espaços vazios em gôndolas. Por meio da inteligência artificial, a startup consegue otimizar a reposição das prateleiras, indicando quais setores precisam receber atenção dos funcionários.

“Nós desenvolvemos uma tecnologia que é capaz de calcular o tempo necessário de reposição de cada produto e fornecedor nas gôndolas, por meio da análise do estoque e das vendas daquela unidade. Se um produto vende uma média de 100 unidades por dia e ontem vendeu 50, essa é a primeira atividade que o promotor de vendas deve executar”, exemplifica Carlos Wayand, CEO da Mob2Con. “Nós fazemos, portanto, o direcionamento operacional”, completa.

Segundo Wayand, a startup já atua em mais de 1,7 mil pontos no país, em 25 estados diferentes, tendo Carrefour (CRFB3), Assaí (ASAI3) e Coop como seus principais clientes. Conforme adianta o executivo, o valor captado será usado para investir no crescimento sustentável da marca, contratar mais funcionários -que hoje somam 50 pessoas diretas- e financiar o lançamento de novos produtos.

“Temos mais dois produtos para incluir no nosso portfólio no curto prazo, ambos direcionados à eficiência. Em uma frente, vamos tornar mais dinâmico o aplicativo que o promotor de vendas usa, além de criar uma ferramenta de auditoria para o varejo. O propósito é identificar problemas de preços, auxiliar no controle de qualidade e em cronogramas, que são dores desse setor”, antecipa Carlos.

Para Tatiana Brochado, diretora do fundo de investimentos Hindiana, a oportunidade de entrada no negócio surgiu depois de avaliar que a Mob2Con complementava um ecossistema de outras cinco empresas voltadas para os produtos circulantes de lojas. Ao todo, o fundo mantém 30 startups no portfólio que vai de logística ao mercado pet, mas tem no varejo seu principal foco, especialmente o alimentar.

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“Para nós, como ecossistema, além de ser uma solução a mais para o varejo, se conecta com as demais empresas, então eu posso plugá-la futuramente nos produtos das outras startups. Olhando como fundo, este não é um negócio fim, mas um meio”, pontua.

Retailtechs no Brasil

Segundo dados da Abstartups (Associação Brasileira de Startups), as empresas de tecnologia para o comércio representam 5% das startups no Brasil, somando 90 iniciativas. Metade das soluções disponíveis são do segmento B2B, em que o cliente final é outra empresa, sendo a maioria no modelo de Software as a Service (SaaS).

No geral, as retailtechs nacionais já passaram do período de tração, portanto, já tiveram seus projetos testados e validados pelo mercado. A região Sudeste do país concentra o maior número de iniciativas, ainda segundo a associação do setor.

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Em termos de investimentos, no ano passado as startups de varejo levantaram R$ 684 milhões, em 80 operações diferentes, conforme indica a plataforma Distrito. Os aportes neste tipo de projeto representam um quarto do total destinado em 2021, replicando um movimento de queda que é visto em toda a indústria de capital de risco.

No primeiro trimestre deste ano, foram realizadas 14 transações -entre aportes e M&A- totalizando pouco mais de R$ 80 milhões. O destaque do período foi a Estoca que, em sua rodada Série A, captou R$ 32 milhões para reduzir o tempo de entrega dos pedidos realizados via e-commerce.