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Não é uma surpresa para nenhum empreendedor que o mercado de capital de risco está mais contido em oferecer recursos. Mas o fechamento do primeiro trimestre de 2023 evidenciou uma realidade ainda mais espantosa.
Segundo o relatório Inside Venture Capital, da Distrito, que monitora a movimentação dos aportes no Brasil, nos três primeiros meses do ano, foram realizadas 91 rodadas de investimentos no país. No mesmo período do ano passado, esse total tinha sido três vezes maior, quando totalizaram 306 captações.
As rodadas de investimentos realizadas neste ano somaram US$ 247 milhões captados por startups, com uma queda de 86%. Entre janeiro e março de 2022, o número registrado foi de US$ 1,7 bilhão em recursos, ainda segundo o monitor da Distrito.
Entre os setores, as fintechs continuam chamando a atenção dos investidores, que destinaram quase metade dos recursos para o segmento financeiro. Na sequência aparece o setor de Supply Chain, que foi impulsionado por um aporte de US$ 50 milhões do supermercado digital Daki, no começo de fevereiro.
Parte deste cenário, segundo especialistas, pode estar ligado à tensão global que permeia a falência do Silicon Valley Bank, conhecido como o banco das startups. Além disso, em um contexto de taxa de juros na casa dos dois dígitos, os investidores estão mais cautelosos na hora de assinar cheques para o capital de risco.
“Os números deste tri foram afetados tanto pelo contexto macroeconômico global, quanto por episódios como a crise do Silicon Valley Bank e o medo de uma crise bancária em uma grandeza semelhante ao que vivemos em 2008”, explica Gustavo Gierun, CEO do Distrito.
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“De toda forma, vale ressaltar que os números volumosos que vimos em 2020 e em 2021 não devem reaparecer no horizonte, mas é importante destacar que não devemos seguir com um cenário de escassez de capital por muito tempo”, projeta.
Investidores de olho nas pequenas
Entre os estágios de maturação, as startups que estão na fase seed estiveram entre as mais procuradas por investidores. Esse tipo de empresa registrou a menor queda em comparação com o primeiro trimestre do ano passado, de 74,2%.
Por outro lado, os investimentos do chamado late-stage quase foram a 0, tanto na comparação com 2022 quanto com 2021. Aportes de série A e B tiveram desempenho negativo de 61% e 51%, respectivamente, ainda segundo o acompanhamento da Distrito.
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Além disso, foram mapeadas 32 operações de M&A, sendo 17 aquisições e 15 fusões, com destaque para o setor de martech e healthtech.
“Os dados agora mostram mais founders incrementando seus caixas com operações de dívida e com estruturação de M&A. Essa tendência já aparecia no fim de 2022 e continuou em expansão neste trimestre. São números que acabam mostrando a resiliência das startups em um momento de instabilidade de mercado que muitas delas não haviam vivenciado”, complementa Gierun.