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SÃO PAULO – Começaram a ser negociadas nesta quinta-feira (4) as ações da Tenda (TEND3), braço da Gafisa (GFSA3) focado em baixa renda, e o movimento chamou atenção logo na abertura, com uma disparada de 91%, para R$ 15,59. Mas apesar das ótimas recomendações para o papel, o curioso é notar que nem todos os investidores ganharam com a ação nesta sessão.
Isso acontece por conta do tipo de operação realizada pela Gafisa e Tenda, já que não ocorreu um IPO (Oferta Pública Inicial, na sigla em inglês) da controlada. Para que os papéis fossem negociados, ocorreu um “spin off”, com um desmembramento das ações TEND3, precificadas inicialmente a R$ 8,13, da Gafisa. Em teoria, o que aconteceu foi que este valor foi “retirado” dos papéis da controladora e cada acionista da companhia recebeu uma ação da Tenda, e é esta pessoa quem está ganhando hoje.
A questão é que, na última quinta-feira (27), último dia de negociação da Gafisa sem o ajuste, os papéis eram cotados a R$ 27,60. Porém, considerando o preço das ações GFSA3 hoje, a R$ 17,22, somado com o valor dos papéis da Tenda, cotada a R$ 14,65, o resultado total de preço é de R$ 31,87. Ou seja, para o acionista que já tinha as ações e ganhou o papel da Tenda, o valor que possui em mãos hoje é R$ 4,27 maior que o que ele tinha na semana passada.
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Por outro lado, quem viu as análises e se animou com o papel da Tenda, comprando hoje na abertura, perdeu dinheiro. Isso porque a ação abriu a R$ 15,59, mas desde então perdeu terreno e fechou com ganhos de 80%, a R$ 14,65, queda de 6,03% ante o início da sessão – sobre a máxima do dia, a R$ 15,70, as perdas foram de 6,69%. Mesmo assim, os analistas acreditam que entrar agora na ação ainda pode ser uma boa oportunidade.
“Estamos muito confinantes na companhia e na geração de caixa futuro dela. Em nosso valuation a empresa vale R$ 22,00, então mesmo o investidor que comprou na abertura ainda pode aproveitar um bom upside no longo prazo”, afirma Raul Grego Lemos, da Eleven Financial.
“A Tenda não só é uma forte geradora de caixa (pelo menos 13% do valor da empresa no topo da faixa de valor) como é uma das duas empresas do setor cuja posição de caixa excede o endividamento, aumentando o potencial de pagamento de dividendos nos mesmo patamares”, afirma Lemos. Segundo ele, “esta é uma oportunidade de adquirir participação em uma empresa operacionalmente equilibrada e eficiente, com demanda cativa no segmento que opera e uma geração de caixa livre estabilizada de pelo menos 15% ao ano, com baixa probabilidade de frustração”.
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Já o Bradesco BBI, em relatório distribuído aos seus clientes na terça-feira (2), informou o início de sua cobertura dos papéis com perspectiva outperform (acima da média do mercado, o equivalente a compra) e preço-alvo estimado em R$ 20, upside de 146% sobre o preço inicial.
Os analistas projetam que o ROE da Tenda alcance 10% neste ano, suba para 12% em 2018 e para 13% em 2019. “Desde a tentativa do IPO no final de 2016, a performance da companhia melhorou o suficiente para merecer um múltiplo melhor”, diz o relatório.