A geração de caixa e a lucratividade da Pague Menos (PGMN3) são constantemente apontados como fatores positivos por analistas que cobrem o setor. Mas o endividamento da companhia é um ponto de atenção para o mercado, especialmente num cenário de juros altos e maior dificuldade de acesso ao crédito.
Luiz Novais, CFO da rede de farmácias, afirmou ao InfoMoney que a Pague Menos tem intensificado o corte de custos, trabalha com um estoque confortável em relação aos demais pares do setor e tem meios para fazer frente às parcelas ainda pendentes da aquisição da Extrafarma, fruto do aumento do endividamento do grupo em 2022.
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“Desde o seu IPO, a Pague Menos trabalhou com o nível de dívida líquida/Ebitda próximo de 1x. A gente chegou até 1,7x. Com a aquisição da Extrafarma, a gente saltou para 2,6x”, disse. “Com a captação do IPO, a gente fez um processo importante de reestruturação da dívida. A duration está muito boa, o spread está muito bom, na nossa visão. Essa lição de casa a gente fez de forma bem intensa”, completou.
O executivo disse que essa mudança foi importante porque antecipou o cenário atual “difícil para o mercado de crédito no Brasil, depois dos problemas que aconteceram com a Lojas Americanas no começo do ano”. Segundo ele, mais de 80% da dívida da Pague Menos é de longo prazo.
“Mas, sim, com a alavancagem de 2,6x, o custo financeiro é algo importante para a gente. A gente deve permanecer com esse nível elevado de dívida, e provavelmente até aumentá-lo para algo mais próximo de 3x, no primeiro trimestre de 2023. A partir do segundo trimestre, a gente começa o processo de desalavancagem”, afirmou.
Novais participou do Por Dentro dos Resultados, projeto no qual o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Os executivos falam sobre o balanço do quarto trimestre e ano fechado de 2022 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.
O CFO da Pague Menos também comentou a dificuldade que o setor enfrenta com as companhias farmacêuticas, que continuam não conseguindo dar conta da demanda forte de pedidos. Ele falou também sobre o pagamento de JCP (juros sobre o capital próprio) que a companhia anunciou em janeiro e pagou em março para ter um benefício fiscal, o que deve continuar neste ano.
O executivo falou ainda sobre os testes que a Pague Menos tem feito na troca de bandeira em unidades da Extrafarma, sobre quando a integração da rede de farmácias adquirida deve terminar e sobre o aumento de SKUs (produtos) oferecidos nas lojas Extrafarma. Sobre abertura de lojas, Novais disse que a Pague Menos deve cumprir o guidance de 60 novas unidades neste ano — em 2022, foram abertas 118 lojas da rede.
Ele falou também sobre expansão no Norte/Nordeste, aumento de market share, desempenho dos genéricos, demanda por produtos de marca própria e investimento em marketing que tem dado retorno significativo no e-commerce do grupo. Veja a entrevista completa no player acima, ou clique aqui.