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Depois de conviver por mais de dois anos com a rentabilidade pressionada pelos elevados preços de milho e soja, a indústria brasileira de aves e suínos começa a capturar os benefícios do barateamento de suas principais matérias-primas, sobretudo o milho.
Em parte, a tendência de baixa reflete o aumento da produção doméstica, confirmado nesta terça-feira (13) por novos levantamentos de safra divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com a colheita das safras de verão desta temporada 2022/23 já encerrada e um novo recorde garantido para a produção de soja – 155,7 milhões de toneladas, 24% mais que no ciclo 2021/22 –, as atenções do mercado estão voltadas para a segunda safra de milho, que puxa a produção total do cereal no país. E os sinais continuam positivos.
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Segundo a Conab, a segunda safra deste ano, também conhecida como “safrinha”, renderá 96,3 milhões de toneladas, 10,3 milhões a mais que o volume colhido em 2022 e um novo recorde histórico.
No total (primeira, segunda e terceira safras), calcula a estatal, serão 125,7 milhões de toneladas, um aumento de 11,1% em igual comparação. A colheita de grãos do país como um todo foi estimada pela Conab em 315,8 milhões de toneladas em 2022/23, 16,2% mais que em 2021/22 e também um novo recorde.
Colheita em curso
A colheita da safrinha está em curso e há riscos climáticos gerados pelo fenômeno El Niño, principalmente na região Sul, mas produtores, consultorias e indústria não acreditam em quebra.
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“Tem milho para todo mundo. Para a nossa indústria, para a produção de etanol e para as exportações”, afirma Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa grandes frigoríficos como BRF (BRFS3), Seara (JBSS3) e Aurora.
Segundo Santin, embora as cotações do milho já estejam em queda há meses, os benefícios para a cadeia produtiva de aves e suínos estão começando a aparecer apenas agora por causa dos estoques comprados ainda por preços mais elevados.
E há espaço para novas quedas nos próximos meses, tendo em vista a entrada da safrinha no mercado, no início do segundo semestre.
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Preços em queda
Na segunda-feira (12), o indicador Esalq/BM&FBovespa para os preços da saca de 60 quilos do milho fechou a R$ 53,77, com quedas de 37% ante o mesmo período do ano passado e de 43,3% em dois anos.
No caso do frango resfriado comprado pelas indústrias no atacado paulista, o indicador Cepea/Esalq ficou ontem em R$ 5,92 o quilo, com baixas de 23,7% e 19,1%, respectivamente. E para o suíno vivo adquirido no atacado, os R$ 5,89 apurados ontem pelo Cepea representam recuos de 7,8% e 17,7%.
“Com esse quadro, teremos ganho de competitividade no médio prazo e melhor rentabilidade”, diz Santin. Mas ele pondera que o consumo caiu no mercado doméstico e que a desvalorização do dólar em relação ao real tira um pouco o brilho das exportações.
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Mesmo assim, afirma, as exportações continuam remunerando melhor as indústrias do que as vendas no mercado interno, que chegam a dar prejuízo de R$ 0,50 a R$ 1 por quilo no caso de pequenas empresas de frango que não comercializam seus produtos em outros países.
No segmento de suínos, que sofreu mais com a alta dos grãos nos últimos anos, a situação é mais equilibrada no momento mesmo para quem só vende no mercado doméstico, de acordo com Santin.
Oferta e demanda
Segundo a ABPA, a produção brasileira de carne de frango deverá alcançar entre 14,8 milhões e 15 milhões de toneladas em 2023, e as exportações atingirão de 5 milhões a 5,2 milhões de toneladas. No caso da carne suína, a produção chegará a cerca de 5,1 milhões de toneladas, e as exportações ficarão em torno de 1,2 milhão de toneladas.
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