Pipefy: a startup brasileira que conquistou clientes e investidores do mundo todo

Alessio Alionço, cofundador do software de gestão de processos Pipefy, conta como criou uma empresa global desde o primeiro dia a partir de Curitiba, Paraná

Mariana Fonseca

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Do Vale do Silício, uma startup chamada Pipefy vende seu sistema de gestão de processos para mais de 4 mil empresas em 200 países. Essa poderia ser a história de sucesso de um empreendedor americano. Mas é a história do Alessio Alionço, um curitibano que decidiu criar uma empresa global desde o primeiro dia.

A jornada até aqui não foi simples. Alionço teve que passar por momentos como a venda prematura do seu primeiro negócio – o portal de classificados Acessozero, comprado pelo Apontador em 2012. Na sua segunda startup, o empreendedor enfrentou a desconfiança dos investidores internacionais. O Pipefy eventualmente vingou, e hoje tem escritórios tanto em Curitiba (Paraná) quanto no Vale do Silício (Estados Unidos).

Alionço é o convidado do episódio 112 do podcast Do Zero ao Topo. Ele conta toda a trajetória até o sucesso do Pipefy; fala sobre o desafio de participar de um mercado no qual apenas um vencedor leva tudo; e ainda dá dicas para empreendedores crescerem seus negócios e conquistar o mundo. É possível seguir o programa e escutar a entrevista via ApplePodcastsSpotifyDeezerSpreakerGoogle PodcastCastbox, Amazon Music e outros agregadores de áudio do país. Ou, ainda, assistir ao vídeo no YouTube.

Confira alguns trechos da entrevista com Alessio Alionço, fundador da Pipefy:

Do Zero Ao Topo – Você vendeu o Acessozero por volta de 2012. Você trabalhou como consultor, e pouco tempo depois teve a ideia para o Pipefy. Por que você decidiu empreender pela segunda vez?

Alessio Alionço – Por necessidade. Meu primeiro empreendimento foi legal e teve uma venda. Mas era uma venda do tipo “fiquei rico e vou parar de trabalhar para sempre”? De jeito nenhum.

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A gente tinha feito um negócio legal, mas que perdeu o timing de mercado. Como empreendedor, a sensação que eu fiquei foi como a de um jogador do Paraná Clube, de qualquer clube pequeno. Foi como se eu estivesse lá na minha casa, vendo a final da Champions League pela minha televisãozinha com Bombril na antena. Eu olhava aqueles jogadores e pensava: “Cara, eu não consegui disputar a Champions League da minha vida. Pelo menos, não com esse empreendimento.”

A gente pensa muitas vezes se a gente está vivendo o plano A da nossa vida, ou se está vivendo o plano B, C ou D. Naquele momento eu que tinha muito gás, muita vontade de tirar ideias de projeto do papel. (…) Eu pensava: quero ter uma empresa bem sucedida e internacional, abrir capital, comprar concorrentes e fazer essas empresas crescerem.

Tem muito empreendedor em um mercado acirrado que está refletindo sobre se vende seu negócio ou se continua. Como ele consegue tomar essa decisão?

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O empreendedor precisa avaliar duas coisas. Primeiro, quais são as barreiras de entrada para concorrentes em seu setor. Segundo, quão intensivo em operação física ou em capital seu negócio é.

Se me perguntassem sobre uma família que tem buffet por quilo em um ponto muito bom da cidade e com uma clientela fiel, diria que é um negócio pouco exposto à concorrência e que pode prosperar ao longo do tempo. Agora, se você tem uma loja de varejo, uma pequena farmácia, uma imobiliária ou um negócio digital, saiba que existem muitos empreendedores e fundos de venture capital percebendo oportunidades. As empresas puras de tecnologia e software e seus fundos estão vendo uma concorrência cada mais alavancada e partem para setores tradicionais.

Eu acho que todo empreendedor tem que avaliar tendências de médio e longo prazo para decidir aonde o mercado vai. E assim consegue decidir se é melhor vender, levantar capital, diversificar ou se de fato o negócio está numa posição tão forte que uma mudança no macro ou na concorrência não vai interferir no sucesso desse negócio. É preciso pensar, porque um sucesso alavancado e rápido faz o empreendedor ficar otimista e baixar a guarda. Foi o que aconteceu comigo na minha primeira empresa.

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Qual conselho você gostaria de ter recebido quando começou a empreender, e que daria para outros empreendedores?

Eu dou mentoria e ouço muitos empreendedores em fase inicial falando que estão com uma ideia legal ou que inventaram um produto com uma tecnologia nova. Eu falo para esquecerem. O cliente não quer saber do seu software, do seu produto, da sua tecnologia ou da sua sede. O cliente quer resolver o problema dele.

O que interessa é o valor que você entrega ao cliente e se ele está disposto a pagar por isso. Às vezes, os empreendedores insistem em ter a ferramenta na mão e sair tentando encontrar um problema. É o oposto. Você tem que pegar um cliente-alvo com um problema; entender sua insatisfação e quanto custa para ele tentar resolver esse problema; e de fato ir lá e resolvê-lo. Tenha certeza de que você vai ter que adaptar seu plano de negócio. Quão mais rápido e cabeça aberta você for sobre isso, maior sua probabilidade de ser bem sucedido.

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Sobre o Do Zero ao Topo

O podcast Do Zero ao Topo traz, a cada semana, um empresário de destaque no mercado brasileiro para contar a sua história, compartilhando os maiores desafios enfrentados ao longo do caminho e as principais estratégias utilizadas na construção do negócio

O programa já recebeu nomes como André Penha, cofundador do QuintoAndar; David Neeleman, fundador da Azul; José Galló, executivo responsável pela ascensão da Renner; Guilherme Benchimol, fundador da XP Investimentos; Artur Grynbaum, CEO do Grupo Boticário; Sebastião Bonfim, criador da Centauro; e Edgard Corona, da rede Smart Fit.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.