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SÃO PAULO – Mais uma vez, o mercado brasileiro é destaque na imprensa internacional: e não por fatores positivos. No centro das discussões, está a Petrobras (PETR3;PETR4), que passa por um momento bastante negativo na bolsa, em meio à desvalorização do dólar associado ao cenário nada propício para aumento do preço dos combustíveis e com o leilão do pré-sal se revelando mais um fator de oneração para uma companhia já endividada.
Neste cenário bastante negativo, o Wall Street Journal destaca, em matéria desta semana chamada “Petrobras pays price for being Brazil’s champ” (ou “Petrobras paga o preço por ser a campeã brasileira”, em tradução livre), criticando que esta não é maneira como conduzir uma empresa, a não ser se a intenção seja derrubá-la.
“Dominando o ambiente de energia da maior economia da América Latina e sendo a controladora da maior descoberta offshore do mundo em décadas, a Petrobras deveria ter um futuro brilhante. Mas o aumento da demanda por combustíveis no Brasil, estimulada em parte por controle dos preços domésticos pela estatal está canibalizando os lucros da empresa. Além do mais, a crise súbita do Brasil aumentará os danos à companhia”, afirma o Wall Street Journal.
A série de aumento de preços de combustíveis sancionada pelo governo no começo do ano pareceu ajudar, destaca a publicação norte-americana. Mas a queda do real em apenas dois meses desfez o efeito destes reajustes. Com as preocupações com a inflação e os protestos recentes, o governo não deve fazer novos aumentos possivelmente até as eleições de outubro de 2014, destaca.
Estas perdas, associada a produção dos países existentes e os grandes custos em seus projetos offshore, têm feito suas vítimas, afirma o WSJ. Os investidores da Petrobras sofreram os piores retornos de qualquer grande petrolífera em 2011 e 2012 e estão no caminho para registrar o terceiro ano como o destaque negativo.
Neste sentido, aponta a publicação, a comparação com a Chevron é instrutiva, uma vez que as duas empresas são muito parecidas em termos de reservas provadas e capacidade de refino. Contudo, a Petrobras vale cerca de um terço da Chevron.
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O nervosismo sobre os mercados emergentes e especificamente sobre o Brasil preocupam, mas também podem ajudar a petrolífera. Com a demanda crescendo menos rapidamente, deve propor algum alívio no refino e na comercialização de perdas. E há uma luz no fim do túnel: até mais ou menos 2015, o Brasil deve se tornar um exportador líquido de petróleo e a Petrobras poderia ser muito mais rentável. “Isso apenas se o governo brasileiro não estrangular o seu ganso de ouro”, afirma.