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SÃO PAULO – A Petrobras (PETR3;PETR4) fez uma mudança importante na sua política de remuneração aos acionistas, credenciando-se para se tornar uma grande pagadora de proventos. Porém, para quem quer comprar os ativos da estatal de olho nos dividendos, é preciso paciência: no curto prazo, pouco deve mudar para os investidores.
Sobre o anúncio, a principal alteração está no estabelecimento da dívida bruta como parâmetro para pagamento de dividendos, o que torna o cálculo mais objetivo e transparente para quem detém ações da estatal.
De acordo com a nova política, se a dívida bruta da Petrobras estiver abaixo de US$ 60 bilhões, incluindo os compromissos relacionados a arrendamentos mercantis, a companhia poderá distribuir 60% da diferença entre o fluxo de caixa operacional e os investimentos. Por outro lado, caso o valor da dívida bruta esteja acima de US$ 60 bilhões (o que acontece agora), a Petrobras poderá distribuir os dividendos mínimos obrigatórios previstos em lei e no Estatuto Social.
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A notícia foi bem recebida pelos analistas e a perspectiva é de aumento no pagamento dos dividendos – mas só a partir de 2021 nas previsões mais otimistas.
“Saudamos a nova política de dividendos da Petrobras, vinculada ao nível da dívida e à geração de fluxo de caixa livre. Ela preserva a estrutura de capital e compartilha fluxos de caixa futuros com acionistas minoritários. Um melhor yield de dividendos poderia fazer com que a ação da Petrobras negociasse nos mesmos termos de uma grande multinacional privada do petróleo (IOC)”, apontam os analistas do Morgan Stanley.
Conforme destacam os analistas do Morgan, Credit Suisse e Bradesco BBI, a nova política de vincular dividendos ao nível de endividamento e fluxo de caixa é uma “boa jogada”, já que reforça que uma das prioridades da administração é garantir que o processo de desalavancagem seja concluído, enquanto torna a Petrobras mais enxuta e focada em exploração e produção em águas profundas.
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“A distribuição de dividendos estaria, portanto, alinhada com as métricas operacionais e não estaria sujeita a ganhos ou perdas pontuais e não-caixa”, aponta o Morgan.
Quanto tempo isso vai levar?
A notícia é positiva, mas os analistas ainda avaliam que pode demorar um pouco até que a estatal seja uma grande pagadora de proventos.
Segundo apontam as premissas do Morgan, a dívida bruta poderia ficar abaixo de US$ 60 bilhões no início de 2022 (assumindo um saldo de caixa de US$ 10 bilhões).
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No atual momento, a política de dividendos se traduziria em um pagamento entre US$ 11 bilhões e US$ 13 bilhões. Usando o atual valor de mercado, resultaria em um dividend yield (relação entre o dividendo pago dividido pelo preço da ação) entre 13 e 15%.
“Enquanto o sell-off recente aumenta a cifra, ao fazer o cálculo com o pico da ação no início de março, o yield continuaria bastante atraente, entre 9,5% e 11%”, avaliam os economistas do banco.
Já o Bradesco BBI calcula que, enquanto a Petrobras pagou cerca de US$ 1,8 bilhão em dividendos em 2018, com a nova política a empresa poderia ter distribuído cerca de US$ 8,5 bilhões se a dívida bruta da empresa já estivesse abaixo do limite estabelecido. Isso seria possível se a Petrobras não subsidiasse os preços dos combustíveis de 2010 a 2014, que adicionaram por volta de US$ 40 bilhões à dívida bruta da empresa, de acordo com as estimativas da equipe de análise do banco.
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“A dívida bruta atual é de aproximadamente US$ 102 bilhões e não a vemos abaixo de US$ 60 bilhões pelo menos nos próximos três anos, com nosso cenário de preço de petróleo de longo prazo de US$ 65 por barril. Portanto, só vemos essa política de dividendos sendo implementada após 2022. Também não incorporamos a venda de refinarias em nosso modelo, o que poderia ajudar a empresa a se aproximar da cifra. Dito isso, consideramos essa nova política qualitativamente positiva, pois incentiva os acionistas a se esforçarem para reduzir o endividamento”, destacam os analistas.
O Credit Suisse, por sua vez, aponta que em 2019 e 2020 a estatal continue seguindo a política brasileira de pagamento mínimo obrigatório de dividendo correspondente a 25% do lucro líquido ajustado.
Independentemente da política de dividendos, as casas de análise estão bem otimistas sobre a tese de investimentos para a Petrobras. Das 15 casas de análise consultadas pela Bloomberg, 12 possuem recomendação de compra, 3 de manutenção e nenhuma recomenda venda, com os analistas de olho principalmente na desalavancagem da companhia com as vendas de ativos, além do foco na exploração em águas profundas. A nova política de dividendos deve reforçar essa meta para a Petrobras.
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