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SÃO PAULO – O mercado viveu 79 minutos de tensão nesta terça-feira (21) marcada pela repercussão do pedido de recuperação judicial da Oi (OIBR3; OIBR4). Além da suspensão das ações durante os 60 minutos iniciais de pregão, os papéis da companhia ficaram “congelados” mais 19 minutos em leilão de abertura na BM&FBovespa.
Esse tempo para digerir o maior pedido de recuperação judicial da história – de R$ 65,4 bilhões -, no entanto, não foi suficiente para amenizar uma reação mais brusca do mercado. Além das ações da própria Oi, outras 5 empresas foram duramente penalizadas nesta sessão: os bancos Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Itaúsa (holding do Itaú) e Bradesco – expostos à dívida da empresa – e a Contax, que tem entre os acionistas a Fundação Atlântico (entidade de previdência complementar patrocinada pelo grupo Oi). Somadas, essas 6 empresas perderam R$ 10,6 bilhões em valor de mercado na Bovespa do fechamento de ontem até a mínima desta sessão.
Depois dos 79 minutos de “espera”, as ações preferenciais da Oi iniciaram as negociações de hoje com queda de 31,31%, indo a R$ 0,68, às 11h19 (horário de Brasília), quando bateram o menor patamar do dia. Já os papéis ordinários chegaram a cair 22,22%, a R$ 0,98, ambos renovando a mínima histórica na Bolsa. Após o pedido de recuperação judicial, a Standard & Poor’s e Fitch rebaixaram o rating da Oi para “D” (default). Para a Fitch, uma nova revisão para cima não é provável devido à recuperação, acreditando que o tribunal aceitará o pedido da empresa.
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Na esteira, os papéis da Contax caíram 29,89% na mínima do dia, enquanto os bancos afundaram até 5%. O Banco do Brasil – o mais penalizado deles – caiu 5,06%, seguido por Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 29,19, -0,71%), Itaúsa (ITSA4, R$ 7,17, -1,24%) e Bradesco. Às 16h04 (horário de Brasília), no entanto, os papéis do Bradesco (BBDC3, R$ 26,06, +0,77%; BBDC4, R$ 24,84, +0,93%) – o menos afetado pela Oi – ganhava força e operava no positivo. Em valor de mercado, os bancos chegaram a perder R$ 10,3 bilhões na Bolsa hoje.
Projeções do Credit Suisse apontam exposição máxima de R$ 5,9 bilhões do BB à Oi. Na sequência, aparecem o Itaú Unibanco, com exposição de R$ 5,7 bilhões; e Bradesco, com algo próximo a R$ 1,9 bilhão. Para os analistas, o peso pode ser relevante para os bancos e abrir um precedente para o segmento “corporate”. O custo de risco (principalmente do Itaú e Banco do Brasil) deve piorar e as provisões dos bancos devem aumentar, o que pode trazer algum impacto já no resultado do 2° trimestre de 2016, comentaram os analistas.
Pelos cálculos do Bradesco BBI, divulgados em relatório desta terça-feira, a exposição do BB pode chegar a R$ 4,3 bilhões entre debêntures e linhas tradicionais de empréstimos. Por conta das provisões que o banco deve precisar fazer em seu balanço, os analistas estimam que isso pode dragar o resultado do 2° trimestre de 2016 do BB ao nível do 1° trimestre de 2016 em cerca de R$ 1,2 bilhão do lucro líquido, podendo levar o lucro para zero no 3° trimestre. Já o índice de basileia do banco pode cair em cerca de 60 pontos-base, aumentando apreensão dos investidores sobre posição de capital.
Analistas do Credit, no entanto, lembram o caso da Sete Brasil para citar que provavelmente a provisão para Oi ainda seja bem pequena (algo próximo de 10%, na nossa visão deles).
O pedido feito já irá desencadear um pagamento de US$ 14 bilhões em swaps de crédito da Oi, os famosos CDS (Credit Defaults Swaps), segundo dados compilados pela Bloomberg. Além disso, ele impactará imediatamente o balanço dos grandes bancos brasileiros: Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil possuem juntos uma exposição máxima de R$ 13,6 bilhões, segundo análise feita pelo Credit Suisse nesta terça, sendo o BB o banco mais exposto, com R$ 5,9 bilhões.
Confira a reação em imagens ao pedido de recuperação da Oi:
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– Gráfico de 5 minutos da OI PN
– Gráfico de 5 minutos do BB